Mercados

Fed vê caminho longo para derrotar inflação e coloca bolso do investidor na linha

20 set 2023, 17:48 - atualizado em 20 set 2023, 17:48
Federal Reserve Juros Jerome Powell Fed
Fed forma maioria para nova alta de juros nas últimas reuniões do ano (Imagem: Getty Images)

Os dirigentes do Federal Reserve optaram, com unanimidade, por manter a taxa de juros básicos dos Estados Unidos na faixa dos 5,25% e 5,50%.

O movimento era amplamente esperado pelos mercados, que já começam a se ocupar com a pergunta que norteará o noticiário macroeconômico até a penúltima decisão do ano, marcada para o dia 1º de novembro: caberá ainda uma nova alta de 0,25 ponto percentual na programação de fim de ano do Fed?

Para 12 membros que compõem o Fomc, maioria no colegiado, a resposta é sim. Segundo analistas do mercado, a percepção majoritária de que a política monetária não entrou em terreno suficientemente restritivo é indicativo de que a pausa de setembro é só mais um respiro (como foi em junho).

Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, diz: “Taxas de inflação perigosamente altas, convivendo com atividade resiliente, mesmo após todo o aumento dos juros, irão provavelmengte encorajar apertar ainda mais a política monetária.”

Na coletiva, Jerome Powell buscou moderar o impacto das projeções, salientando que elas representam mais um sentimento momentâneo do que um plano de ação, e que uma nova alta ocorrerá de acordo com o acúmulo de dados obtidos até lá.

Para a economista Ariane Benedito, há muitas dúvidas se os dados de inflação, do mercado de trabalho e de atividade econômica a serem publicados até o dia 1º de novembro ajudarão no encerramento do ciclo monetário onde está hoje.

“Mesmo com o nível de atividade desacelerando gradualmente, alguns preços de commodities vêm apresentando tendência de alta, como é o caso do petróleo. […] Esse movimento gera uma dúvida do comportamento dos indicadores de preço para frente”, diz Benedito.

A economista também pontua que, embora as últimas medições do PCE tenham vindo dentro das expectativas, o qualitativo do indicador ainda mostra riscos na parcela de inflação de serviços.

A propósito, a elação entre o mercado de trabalho e pressões de inflação na economia foi endereçada por Powell na coletiva. Em resposta a um jornalista, o chefe do Federal Reserve atribuiu o forte crescimento do PIB ao gasto com consumo das famílias.

Projeções trimestrais confirmam cenário “juros mais altos por mais tempo” para Fed

Além de as projeções de juros para o fim de 2023 apontarem para mais uma alta, membros do Fomc também atualizaram as avaliações sobre o patamar da taxa de juros para os anos de 2024 e 2025.

Em 2024, as autoridades veem os juros por volta dos 5,4%, o que sinaliza dois cortes a menos do que o mercado esperava. Ao fim de 2025, a mediana aponta para uma taxa de 3,9%, o que confirma a perspectiva de juros mais elevados por mais tempo.

Para José Maria Silva, coordenador de Alocação e Inteligência da Avenue, a mudança reflete uma instância mais conservadora da política monetária, diante de dados econômicos mais fortes.

Corrobora essa análise a revisão altista do PIB americano para o fim de 2023. Membros do Fomc projetam um crescimento de 2,1%, contra 1,9% avaliado em junho. O desemprego, por sua vez, deve atingir a marca de 3,8% ao fim deste ano e 4,1% ao fim de 2024.

Por fim, o núcleo do PCE projetado pelos membros do Fomc aponta uma inflação adjacente próximo da meta somente em 2025.

Fechamento do mercado americano

Os três principais índices de Nova York fecharam o pregão em queda, após comunicado do Federal Reserve reforçar o mantra dos juros mais altos por mais tempo:

No mercado de Treasuries, rendimentos das principais taxas saíram do negativo e voltaram a subir, flertando com máximas não vistas em mais de uma década:

  • T-bills de 10 anos: 4.040%, avanço de 3,7 pontos-base em relação à véspera;
  • T-notes de 2 anos: 5.191%, avanço de 8,6 pontos-base em relação à véspera.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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