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Gigante chinesa com BDR na B3 decola 85% e vira ‘top pick’ de Goldman Sachs

16 jan 2023, 18:20 - atualizado em 16 jan 2023, 18:20
Alibaba
Alibaba dispara mais de 80% e volta a figurar entre as “top picks” do Goldman Sachs (Imagem: REUTERS)

A trajetória de recuperação da Alibaba (BABA;BABA34), gigante do e-commerce internacional, continua a todo vapor.

Em menos de quatro meses, o papel negociado na Bolsa de Nova York valorizou 85%, partindo da mínima de US$ 63 registrada no fim de outubro em direção aos US$ 117 atualmente.

Para o Goldman Sachs, há espaço para mais alta. Em um extenso relatório de 92 páginas divulgado na semana passada, o maior banco de investimento do mundo atribuiu o status de “top pick” à Alibaba, após dois anos de ostracismo da empresa.

Como pano de fundo para a reconsideração, o Goldman cita a reabertura econômica em passo acelerado, melhora relativa do momento macroeconômico da China e uma atenuação da repressão regulatória por parte das autoridades governamentais.

A tese de investimento do Goldman explica que o rali recente foi sustentado por uma expansão dos múltiplos da empresa, agora negociados em uma média de 18x P/L (preço sobre lucro) ajustado, havendo ainda um gap a ser preenchido para que a Alibaba retorne ao ciclo de 2019.

O banco projeta que o novo rali da companhia será sustentado por um crescimento de até 17% (contra uma estimativa inicial de 10%) para receita em anúncios digitais que deve beneficiar todo o setor de tecnologia chinês.

Neste cenário, “plataformas com poder de precificação, estabilidade competitiva e maior resiliência à inflação de custo serão preferíveis”, diz o relatório em alusão à Alibaba e outros nomes proeminentes, como Tencent e Baidu.

Reabertura traz novos hábitos de consumo

O fim da política “Covid Zero“, a mitigação dos riscos de deslistagem dos ADRs (American Depositary Receipts, na sigla em inglês) chinesas no mercado americano, além de medidas de estímulo econômico anunciadas pelo governo, devem conferir um novo momento para o consumo doméstico da China em 2023.

Na análise do Goldman, a retomada do varejo offline ensejará uma priorização de “experiências e serviços sobre consumo de produtos”, à medida que os consumidores recuperam a mobilidade e se tornam mais propensos às atividades em ambientes públicos.

Para as empresas dominantes do setor digital como a Alibaba, isso deverá implicar em uma redução da eficiência de anúncios  “genéricos” em mecanismos de pesquisa e de vendas online por canais diretos. No lugar, entram maiores investimentos em publicidade de marcas e marketing multimídia.

Alibaba
Alibaba pode colher novo momento do consumo doméstico na China (Imagem: Reuters/Aly Song)

Enquanto o relaxamento de restrições se provou deletério para o e-commerce de outras regiões do mundo — fato agravado pela escalada da inflação e aumento dos juros –, na China, há a oportunidade para uma história diferente.

Segundo o Goldman, “uma base de consumo deprimida e maior exposição de marcas publicitárias” trarão um forte repique para o segmento do comércio eletrônico, com destaque especial para a venda de cosméticos e vestuário.

Arcabouço regulatório mais claro para empresas

Além das questões envolvendo o comportamento do consumidor, o banco salienta uma visão mais construtiva para o cenário regulatório chinês daqui em diante.

Se no biênio 2021-2022 as empresas de tecnologia e do comércio digital foram chacoalhadas pela promulgação e fiscalização de leis mais restritivas sobre práticas de mercado, em 2023, a perspectiva é de que a relação governo-empresas se torne menos tempestuosa.

A mudança no tom do governo para com as empresas de tecnologia se expressa pelo encerramento de dezenas de investigações, além de promessas de maior cooperação com os representantes do setor a fim de tornar a supervisão deste mais previsível no futuro.

Com o aumento da clareza das empresas sobre o novo arcabouço de leis, o Goldman espera que “novos progressos sejam alcançados [com relação ao relaxamento da repressão regulatória]”, trazendo, em última instância, fôlego à recuperação do valuation das techs chinesas.

Recentemente, a própria Ant Group, braço financeiro da Alibaba, teve a aprovação de um pedido de expansão de capital por parte de reguladores.

A saída de Jack Ma do controle majoritário da empresa também veio com indicações de que os objetivos colocados pelo governo sobre o controle de risco e alavancagem da empresa estão em vias de serem cumpridos.

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Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
jorge.fofano@moneytimes.com.br
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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