Política

Guedes ganha dois aliados do Centrão para a defesa da austeridade fiscal

02 set 2021, 12:02 - atualizado em 02 set 2021, 12:03
Paulo Guedes e Arthur Lira
Quem conhece o centrão afirma que isso é um esforço dos caciques para proteger o espaço que conquistaram no governo e a boa reputação que têm no mercado (Imagem: Edu Andrade/Ascom/ME)

O ministro da Economia, Paulo Guedes, ganhou aliados de peso junto ao presidente Jair Bolsonaro na defesa do teto de gastos e da austeridade fiscal.

Tanto o presidente da Câmara, Arthur Lira, quanto o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, têm tentado segurar pressões da ala política para prorrogar o auxílio emergencial com receitas extraordinárias e deixar o lançamento do novo programa social para frente.

Quem conhece o centrão afirma que isso é um esforço dos caciques para proteger o espaço que conquistaram no governo e a boa reputação que têm no mercado. Outro sinal para o mercado foi Lira ter colocado a reforma do IR em votação na noite de quarta-feira e conseguido aprovar com um placar folgado o texto-base.

Precatórios

Não está fácil resolver o impasse sobre a despesa de quase R$ 90 bilhões em precatórios no Orçamento de 2022. O presidente do STF, Luiz Fux, estava disposto a endossar uma resolução do CNJ que permitiria ao governo fixar um teto para os precatórios e diluir o restante dos pagamentos nos anos seguintes.

Para isso, no entanto, o governo precisaria abrir mão de uma PEC que foi enviada ao Congresso para tratar do mesmo tema. O problema é que o Ministério da Economia insiste em manter a emenda, que também prevê a criação de um fundo com receitas de estatais.

De qualquer forma, o assunto só será resolvido depois do dia 7 de setembro. O STF quer avaliar o impacto das manifestações de apoio ao presidente Jair Bolsonaro prometidas para a data. Segundo os ministros, não se deve alimentar um monstro que depois vai rosnar para o Judiciário.

Memória curta

Adversários do ministro da Economia na Esplanada afirmam que Guedes deve ter algum problema de memória na hora de lidar com problemas fiscais.

Um deles afirma que Guedes recebeu sucessivos alertas sobre o risco que as despesas com precatórios representava sobre o Orçamento, mas nunca quis tratar do assunto, deixando para classificar somente agora o problema como um meteoro.

O Ministério da Economia declinou, por exemplo, uma proposta de conciliação apresentada pela AGU no ano passado para tentar diferir o pagamento dessas dívidas. A pasta também não colocou qualquer negociação sobre o tema na mesa quando fez transferências bilionárias de recursos a estados e municípios durante a pandemia.

Febraban

O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, deixou Guedes numa saia justa com Bolsonaro ao defender a saída da instituição da Febraban por causa de um manifesto em defesa da harmonia entre os poderes.

Disposto a conquistar a vaga de vice de Bolsonaro na campanha para a reeleição, Guimarães foi primeiro a Bolsonaro — levando a reboque o presidente do Banco do Brasil (BBAS3), Fausto de Andrade Ribeiro — defender a saída dos bancos públicos da federação. Só depois procurou Guedes, na frente do chefe, para perguntar se o ministro tinha alguma coisa contra.

#RUP

O Palácio do Planalto está monitorando como apoiadores do presidente se preparam para as manifestações de 7 de setembro. Em grupos de whatsapp bolsonaristas, há quem fale em ruptura com a hashtag #RUP. Apesar de gostar do ativismo de sua base, Bolsonaro tem a dimensão de que caso a situação saia do controle, ele não terá mais como colocar a casa em ordem.

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