Coluna do Beto Assad

Guerra na Ucrânia: Como investidores no Brasil são afetados após 1 ano

28 fev 2023, 10:53 - atualizado em 28 fev 2023, 10:53
Ibovespa-
Guerra na Ucrânia coloca investimentos no Brasil em situação mista. Leia a coluna do Beto Assad, analista de ações e consultor para o Kinvo. (Imagem: Patricia Monteiro/Bloomberg)

Lá se vai um ano desde que o conflito envolvendo Rússia e Ucrânia se iniciou. Num momento em que o mundo se recuperava dos enormes problemas causados pela pandemia da Covid-19, a guerra na Ucrânia acabou afetando não só os países envolvidos, mas todo o globo.

Sem entrar na questão humanitária, com milhares de vidas perdidas no confronto, ameaças nucleares e muitos ucranianos fugindo do seu país natal em busca de asilo, a economia mundial foi bastante afetada, com destaque para a Europa.

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A Ucrânia era um dos maiores produtores de grãos do mundo, com o destaque para o milho e trigo.

Já a Rússia, um grande produtor mundial de petróleo e gás, teve a imposição de sanções e barreiras econômicas, abrindo uma série de “conflitos” econômicos que trouxeram muitos problemas para a Europa.

Um dos principais pontos dessa disputa acabou sendo ne questão energética, com os russos bloqueando o fornecimento de gás para o continente europeu a afetando duramente a inflação do Velho Mundo.

Essas são questões que foram amplamente discutidas no último ano e continuam em pauta, já que o conflito não dá sinais de que irá acabar de uma hora para outra. Assim, como foi afetada a economia brasileira com a guerra e o que deve acontecer daqui para frente?

Brasil está como nessas alturas?

O Brasil acabou sendo um país que teve resultados mistos com o confronto.

Por um lado, a disparada do preço do petróleo no mundo ajudou a manter a pressão sobre a inflação no país.

O IPCA fechou 2022 em 5,79%, acima do teto da meta do Banco Central. E os combustíveis tiveram um impacto de aproximadamente 0,5% no índice, conforme levantamento do economista Luciano Sobral, da Neo Investimentos.

Esse impacto certamente seria maior, caso não houvesse a desoneração dos combustíveis pelo governo Bolsonaro e depois a acomodação dos preços do barril de petróleo abaixo de US$ 100.

Por outro lado, a alta do preço das commodities, incluindo o próprio petróleo e muitos produtos agrícolas, ajudaram o país a ter um superávit recorde na balança comercial (valor das exportações menos o valor das importações) de US$ 62,3 bilhões.

O Brasil acabou suprindo boa parte da demanda mundial de trigo e milho, passando a produzir uma maior quantidade dessas commodities no país. Isso acabou ajudando a reduzir o efeito na inflação destes produtos no país, mesmo com o avanço dos preços no mercado internacional.

Assim, apesar de ser um fator de pressão sobre a inflação, o Brasil acabou se ajustando às oportunidades que surgiram com a crise de oferta causada pela guerra.

O que esperar daqui em diante?

Como comentei, todos os indícios são de que a guerra deve durar ainda um bom tempo, sem resolução no curto prazo.

Assim, o Brasil deve continuar fazendo o papel de grande fornecedor de commodities para o mundo, principalmente dos produtos que continuam sendo afetados pelo conflito.

Interessa para a Rússia, por exemplo, que o preço do petróleo se mantenha num nível elevado. Nesse contexto, é provável que os russos continuem controlando sua oferta de petróleo o restante do mundo.

Isso ajuda as exportações brasileiras, mas pode pressionar a inflação, principalmente com a volta dos impostos sobre os combustíveis.

O trigo também deve continuar sendo um bom produto de exportação para o país, já que mesmo com a Ucrânia voltando a exportar suas commodities pelo acordo assinando com a Rússia em julho do ano passado, a normalização na oferta ucraniana não deve acontecer tão cedo.

Isso deve continuar a pressionar os preços de alimentos pelo mundo, dificultando o combate à inflação global. Ao Brasil, resta continuar a aproveitar as oportunidades que surgiram no meio dessa confusão para, ao menos, mitigar os efeitos nocivos de um confronto que parece não ter fim.

Analista e consultor financeiro no Kinvo
Beto Assad é analista de ações e consultor financeiro para o Kinvo, aplicativo que consolida investimentos de bancos e corretoras em um só lugar. Formado em Administração pela EAESP/FGV em 2004. Fez estágio na BM&F e tornou-se empreendedor antes de voltar ao mercado financeiro em 2009, trabalhando na Leandro&Stormer. Trabalhou posteriormente na Futura Invest, onde conheceu os sócios que criaram o Kinvo. Hoje, atua como analista de ações (CNPI-T) e é consultor de mercado financeiro.
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Beto Assad é analista de ações e consultor financeiro para o Kinvo, aplicativo que consolida investimentos de bancos e corretoras em um só lugar. Formado em Administração pela EAESP/FGV em 2004. Fez estágio na BM&F e tornou-se empreendedor antes de voltar ao mercado financeiro em 2009, trabalhando na Leandro&Stormer. Trabalhou posteriormente na Futura Invest, onde conheceu os sócios que criaram o Kinvo. Hoje, atua como analista de ações (CNPI-T) e é consultor de mercado financeiro.
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