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Ibovespa fecha com maior alta em 6 semanas apoiado em expectativas ligadas à pandemia

18 maio 2020, 17:13 - atualizado em 18 maio 2020, 17:53
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A descoberta de um medicamento ou de uma vacina contra o coronavírus representaria um ponto de inflexão para a crise (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

O principal índice da bolsa paulista fechou esta segunda-feira acima de 81 mil pontos pela primeira vez no mês, em meio a noticiário mais favorável ligado à Covid-19, particularmente sinais encorajadores de potencial vacina, além de perspectivas de mais estímulos e reabertura de economias.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa (IBOV) subiu 4,69%, a 81.194,29 pontos, maior alta percentual diária desde 6 de abril. Foi também o primeiro pregão do mês em que o Ibovespa fechou acima dos 81 mil pontos.

O volume financeiro somou 34,29 bilhões de reais, em sessão marcada pelo vencimento de opções sobre ações.

Nos Estados Unidos, a Moderna informou que sua vacina experimental contra Covid-19 mostrou potencial em um estudo de inicial, produziu anticorpos neutralizadores do vírus similares aos observados em pacientes recuperados.

Para muitos agentes financeiros, a descoberta de um medicamento ou de uma vacina contra o coronavírus representaria um ponto de inflexão para a crise, o que explica a forte reação positiva nos mercados.

Na visão do analista Rafael Ribeiro, da Clear Corretora, o resultado promissor de uma vacina elevou o apetite a risco, porque aumenta o otimismo sobre a reabertura da economia e minimiza o temor de uma segunda onda de contaminação.

A continuidade do processo de reabertura das atividades em países que sofreram fortemente com a pandemia de coronavírus, como Espanha, Itália e EUA, também alimentou apostas mais positivas em relação à retomada da atividade, embora o FMI tenha alertado que uma recuperação global não ocorra até 2021.

A equipe da Elite Investimentos também chamou a atenção para uma entrevista do chairman do Federal Reserve, Jerome Powell, no domingo, na qual afirmou que a recuperação poderá começar em breve se a reabertura nos EUA for cuidadosa, e disse que não faltará munição.

Em Wall Street, o S&P 500 avançou 3,15%, em dia marcado pela alta do petróleo e o minério de ferro na China.

A euforia externa ajudou a ofuscar o ambiente político nacional, que na visão da equipe do BTG Pactual, permanece conturbado, com vários focos de instabilidade, o que, além do problema do crescimento da pandemia, “deve assegurar um quadro bastante volátil para os ativos”.

CVC
CVC Brasil saltou 19,24%, também beneficiada pelo cenário mais favorável com o relaxamento nas medidas de confinamento em vários países (Imagem: Money Times/Vitória Fernandes)

Destaques

Azul (AZUL4)  e Gol (GOLL4) dispararam 29,87% e 14,46%, encontrando respaldo na queda de 2% do dólar, além das perspectivas de reabertura de economias. Na sexta-feira, o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, afirmou que as três principais aéreas no país aceitaram as condições financeiras da operação de socorro de bancos para o setor.

CVC Brasil (CVCB3) saltou 19,24%, também beneficiada pelo cenário mais favorável com o relaxamento nas medidas de confinamento em vários países, que têm prejudicado a operadora de turismo, além da queda do dólar.

Petrobras (PETR3PETR4) avançaram 8,1% e 9,72%, respectivamente, na esteira do salto dos preços do petróleo. A empresa anunciou que elevará o preço médvio do óleo diesel nas refinarias em 8% a partir de terça-feira, primeira alta aplicada pela empresa neste ano.

–  Vale (VALE3) valorizou-se 6,68%, após os futuros do minério de ferro na China terem a maior alta diária em 10 meses. A Vale também informou que retomou as operações de carregamento em seu centro na Malásia.

Itaú Unibanco (ITUB4) e Bradesco (BBDC4) avançaram 4,81% e 5,26%, respectivamente, embalados pela melhora no apetite a risco, enquanto investidores seguem acompanhando medidas contra os efeitos econômicos do coronavírus.

–  Marfrig (MRFG3) perdeu 6,62% antes do balanço do primeiro trimestre, após o fechamento da bolsa, em sessão de perdas para o setor de proteínas, em meio à queda do dólar ante o real. JBS (JBSS3) caiu 6,6%, após fechamento de unidade da Seara em Ipumirim (SC), que teve funcionários infectados pelo coronavírus. A empresa disse que irá recorrer. Minerva (BEEF3) cedeu 9,94%.

Suzano (SUZB3) recuou 8,55%, em movimento também determinado pela taxa de câmbio. Klabin (KLBN11) fechou em baixa de 7,96%.

(Atualizado às 17h51)