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Investidores do Uber e Lyft colocam demanda de clientes no radar

02 ago 2019, 15:20 - atualizado em 02 ago 2019, 15:20
Os motoristas não estão se beneficiando muito dos aumentos das tarifas; grande parte da receita extra vai para os bolsos das empresas (Imagem: Alex Kraus/Bloomberg)

Lyft suspendeu seu programa de bicicletas elétricas em São Francisco depois que pelo menos duas das baterias de bicicletas pegaram fogo – isso algumas semanas depois de a empresa colocar as bicicletas nas ruas.

Um veículo da Lyft em chamas é, de certa forma, um símbolo apropriado para os piores temores dos investidores quanto ao negócio de compartilhamento de transporte. A Lyft e o Uber querem que os investidores confiem que, algum dia, as empresas deixarão de figurativamente queimar centenas de milhões de dólares ou mais por trimestre.

Um teste importante para o modelo de negócio acontece na próxima semana com a divulgação dos balanços trimestrais. As ações não apresentam bom desempenho desde a abertura de capital, e os investidores vão se perguntar se as duas empresas podem demonstrar que a guerra de preços está acabando. As taxas de queima de capital vão cair depois do aumento de preços em todos os Estados Unidos?

Mais diretamente, o modelo de negócios funciona? Mesmo se uma corrida custar mais, o número de pessoas dispostas a pedir um carro, em vez de apenas caminhar ou pegar o transporte público, será suficiente? Esse é um caminho para a rentabilidade. É possível chegar até lá?

Essa é a questão mais existencial, embora haja questões mais imediatas. Por exemplo, a equipe da Lyft foi avisada na semana passada de que Jon McNeill, o respeitado diretor de operações, estava deixando a empresa. Enquanto isso, o Uber, preocupado com o inchaço organizacional, está despedindo 400 pessoas no departamento de marketing. Em e-mail, o CEO do Uber, Dara Khosrowshahi, disse aos funcionários: “Hoje há uma sensação geral de que, embora tenhamos crescido rapidamente, desaceleramos.”

Ambos os aplicativos aumentaram os preços no final do segundo trimestre, e as previsões para este trimestre podem ser reveladoras. Analistas projetam que a Lyft registre US$ 397,3 milhões em lucro bruto no terceiro trimestre, de acordo com uma média de estimativas compiladas pela Bloomberg. Essa é uma medida que explica o custo de gerar receita (pense em pagamentos de seguro e taxas de transação) sem contabilizar marketing, pesquisa e desenvolvimento e número de funcionários, entre outros fatores. Se a Lyft atingir a marca, isso significaria um aumento de 51% em relação ao ano passado.

O Uber complica um pouco a análise. O prejuízo operacional da empresa no terceiro trimestre é estimado em US$ 4,96 bilhões. Sim, isso mesmo. O número reflete os custos relacionados à oferta pública inicial. A Lyft registrou uma despesa semelhante, embora muito menor, no trimestre anterior.

Os motoristas não estão se beneficiando muito dos aumentos das tarifas; grande parte da receita extra vai para os bolsos das empresas. As corridas podem ser mais rentáveis, mas permanecerão tão abundantes? Analistas vão buscar qualquer sinal sobre a demanda dos clientes na semana que vem.

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