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IRB Brasil pode reduzir negócios no exterior

30 jun 2020, 17:06 - atualizado em 30 jun 2020, 17:08
Acionistas da companhia autorizaram na semana passada um aumento de capital de até 2,3 bilhões de reais (Imagem: Reprodução/YouTube IRB Brasil)

O IRB Brasil (IRBR3) fará um captação bilionária de recursos para repor provisões técnicas regulatórias fragilizadas por uma fraude contábil, enquanto reavalia desmobilizar alguns negócios fora da América Latina e recuperar a confiança do mercado na resseguradora cujas ações já caíram cerca de 70% em 2020.

A companhia anunciou nesta terça-feira que contratou Itaú BBA e Bradesco BBI para coordenar a captação de até 2,3 bilhões de reais, após ter revisto números dos balanços de 2017 a 2019, com forte piora dos resultados devido ao que chamou de correção de registros contábeis “efetivamente incorretos”.

O movimento se sucede a uma derrocada deflagrada em fevereiro, quando a gestora Squadra questionou práticas contábeis da empresa, seguida pela prestação de informações falsas sobre a base de acionistas, queda dos principais executivos e de membros do conselho de administração, investigação especial pela Susep e oito processos na CVM.

“Alguns sinistros não estavam em lugar nenhum”, disse o presidente-executivo e do conselho de administração, Antonio Cassio dos Santos, em teleconferência com jornalistas, explicando sobre despesas do IRB que não constavam do balanço.

Embora tenha insistido que o IRB tem capital de sobra para suas obrigações nos próximos dois a três anos, Santos, um veterano da indústria seguradora que assumiu o comando da empresa em março, admitiu que será necessária uma “profunda reavaliação do portfólio”, possivelmente se desfazendo de negócios fora da América Latina.

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O IRB tem capital de sobra para suas obrigações nos próximos dois a três anos (Imagem: IRB Brasil RE/Facebook/Reprodução)

Acionistas da companhia autorizaram na semana passada um aumento de capital de até 2,3 bilhões de reais, após o órgão regulador do setor, Susep, ter aberto em maio fiscalização especial. A Susep notou o IRB com insuficiência na composição dos ativos garantidores de provisões técnicas e, consequentemente, de liquidez regulatória.

Refeito, o balanço de 2019 mostrou lucro líquido de 1,2 bilhão de reais, ante número inicial de 1,76 bilhão de reais, refletindo sobretudo o lançamento de sinistros.

No primeiro trimestre deste ano, mesmo com receitas não recorrentes de 110 milhões de reais oriundas da venda de participações em shoppings, o lucro líquido do IRB somou apenas 13,9 milhões de reais, isso já considerando o resultado ajustado de mesma etapa do ano passado, que caiu praticamente à metade, para 177,9 milhões de reais.

Para analistas, no entanto, tanto os ajustes contábeis passados quanto os resultados operacionais do primeiro trimestre decepcionaram. O Credit Suisse considerou que o valor de mercado atual da companhia implica uma rentabilidade sustentada “muito maior do que a empresa parece se capaz de gerar”.

A ação da companhia chegou a subir nesta terça-feira, antes de engatar forte desvalorização. Perto do final do pregão, o papel desabava 10,8%, enquanto o Ibovespa caía 0,16%.

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