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Itaú Corpbanca, do Chile, estuda vender ações e mira crédito ao consumidor

02 mar 2021, 13:16 - atualizado em 02 mar 2021, 13:16
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Em 2014, o Itaú Unibanco fechou um acordo para adquirir uma participação majoritária no Itaú Corpbanca do empresário chileno Alvaro Saieh (Imagem: Reuters/Sergio Moraes)

O Itaú Corpbanca avalia uma venda de ações para fortalecer seus índices de capital, uma vez que também busca reforçar a operação de crédito ao consumidor, disse o diretor-presidente do banco chileno, Gabriel Moura.

“Nos últimos dois anos, por causa da agitação social no Chile e da pandemia, não conseguimos gerar o capital que almejávamos”, disse Moura em entrevista. “É provável que façamos uma no futuro próximo”, disse sobre uma possível venda de ações, acrescentando que as discussões com o conselho sobre o momento e o valor estão em andamento.

O aumento de capital ajudará o banco a cumprir a obrigação que tem de comprar uma participação em suas operações na Colômbia no início do próximo ano, bem como cumprir os requisitos do índice de Basileia 3.

Em 2014, o Itaú Unibanco fechou um acordo para adquirir uma participação majoritária no Itaú Corpbanca do empresário chileno Alvaro Saieh. Como parte desse acordo, o banco deve adquirir a participação de 12,4% que Saieh detém na unidade colombiana.

Desde 2016, quando a transação foi concluída, o Itaú Corpbanca encontra obstáculos para atingir suas metas de rentabilidade e de integração.

Os protestos no final de 2019 e a pandemia de Covid-19 afetaram os resultados. O banco encerrou o ano passado com prejuízo líquido de 925 bilhões de pesos (US$ 1,3 bilhão), após incluir uma baixa contábil. As ações da instituição caíram 45% em 2020, o pior desempenho no índice S&P IPSA.

O banco agora adota medidas para reforçar a unidade de crédito ao consumidor e hipotecas. O objetivo é um crescimento percentual de um dígito para a carteira de crédito neste ano, como parte da estratégia para enfrentar rivais que dominam o segmento, disse Moura.

“Nos próximos três a cinco anos, devemos ter um mix de carteira de crédito semelhante ao de outros bancos no Chile”, disse Moura. Isso poderia melhorar o retorno sobre o patrimônio líquido do banco entre quatro e cinco pontos percentuais em comparação com alguns players maiores no Chile, afirmou.

O banco também tem simplificado as operações no Chile e na Colômbia. A instituição reduziu o número total de funcionários em 7% no último trimestre em relação ao ano anterior, fechou cerca de 8% das agências e agora opera 7% menos caixas eletrônicos.

O banco permanece atrás dos concorrentes. O retorno sobre o patrimônio líquido caiu para 32,7 negativos no ano passado, de uma média anual de 2,7 nos quatro anos anteriores. Isso se compara com o retorno de 14,9 do Santander Chile e 17,4 do Banco de Chile.

Outros fatores podem continuar pesando sobre as ações do Itaú Corpbanca. A Corp Group Banking, holding de propriedade de Saieh que ainda controla 27% do Itaú Corpbanca, deixou de pagar títulos no ano passado. Como parte da transação com o Itaú Corpbanca, Saieh tem opções para vender mais ações ao banco.

O diretor-presidente do Itaú Unibanco, Milton Maluhy, que anteriormente esteve no comando do Itaú Corpbanca, disse a analistas no início deste mês que as operações no Chile e na Argentina não estão criando valor. Moura concorda.

“Temos a mesma visão”, disse Moura. “Temos que mudar o desempenho aqui e começar a criar valor para os acionistas.”

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