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Labitconf 2022: Vitalik Buterin fala sobre FTX e Ethereum após o Merge

12 nov 2022, 17:01 - atualizado em 12 nov 2022, 17:01
Vitalik Ethereum Labitconf
Falha humana: “O Bitcoin não falhou, Ethereum não falhou, Solana não falou, Uniswap não falhou e nem as plataformas DeFi falharam”, afirmou Vitalik, sobre a implosão da FTX (Imagem: Leonardo Rubinstein Cavalcanti/Crypto Times)

Mariano Conti e Vitalik Buterin, fundador da Ethereum (ETH), palestraram neste sábado ( 12) no evento Labitconf, que acontece em Buenos Aires, na Argentina. O painel foi uma entrevista com o tema “pós-merge”, e quais são os  próximos passos para a rede de contratos inteligentes.

Conti começou perguntando o que Vitalik estava fazendo durante a transição do algoritmo de consenso da rede. A resposta dada por Buterin foi simples: o programador estava em Berlim, “olhando para os zeros, e para a internet”,  enquanto esperava a transição estar completa.

Vitalik fala sobre FTX

Em outro momento da conversa, Vitalik afirmou que a FTX é uma corretora centralizada, localizada na Bahamas – lugar muito bem planejado, e tinha conexões políticas fortes. A falha, para Buterin, foi humana, e não da rede, ou tecnologia.

“O Bitcoin não falhou, Ethereum não falhou, Solana não falou, Uniswap não falhou e nem as plataformas DeFi falharam”, enumerou.

Para Buterin, estas empresas costumam pedir empréstimos nos mercados tradicionais, e os credores tendem a olhar para coisas como o terno que você está usando, ou a cor da sua pele. 

Buterin aproveitou para puxar sardinha para a versão descentralizada das finanças, o DeFi. Comentou que os credores em DeFi  não enxergam cor de pele, e nem roupa. São códigos programados, que vão ceder crédito baseados na sua garantia. 

Além das finanças descentralizadas, Buterin acredita que a auto-custódia venceu também. Ele reforçou a importância de usar uma carteira virtual, e confiar no código, e não em um custodiante para gerenciar seu dinheiro.

Impactos Pós-Merge

No sentido de ter sentido receio que algo pudesse correr mal, Vitalik disse que, ao observarmos o que aconteceu com as outras rede de testes, “testnets”, sempre houve pequenos problemas, mas nada sério.

Quando a transição na rede principal foi concluída, correu tudo perfeitamente bem e, “de repente de “proof of work”, fomos para “proof of stake”.

Vitalik comentou sobre alguns impactos que o merge teve sobre a rede. Segundo ele, não seria justo atrelar todo crédito no proof of stake. Acrescentou que mudar o consenso também foi uma oportunidade de imaginar o que poderia ser possível fazer para melhorar a usabilidade na rede Ethereum.

Buterin afirmou que, quando a rede ainda era proof of work, sempre havia divergência no tempo de proposição de blocos: às vezes, saía no mesmo momento; às vezes, demorava horas.

A proposição de blocos, no proof of stake, é um evento pré-fechamento, em que as transações são enviadas pelos “clients” – quem roda um node, para serem analisadas pelos “stakers”.

Ao contrário do que acontecia no proof of work, no proof of stake, as propostas de bloco são bem sistemáticas. Conforme Vitalik, no proof of stake, a cada 12 segundos, um novo bloco é proposto.

Isso resulta em uma espera menor por parte dos usuários da rede, já que esperam menos para uma transação ser confirmada. Mas isso não é crédito total do algoritmo de consenso, também abrange a proposta de melhoria da Ethereum (EIP) de número 1559.

O EIP-1559, é uma atualização, que muda a forma de como os validadores escolhem quais transições mandar para a proposta de fechamento do bloco. Antes, o modelo de taxas era um modelo de leilão, onde o maior pagador tinha sua transação efetivada.

Agora, trata-se de um modelo base de taxas, calculado com base na demanda da rede, e ajustado igualmente para todos.

O próprio Buterin concordou, no painel, que, antes do EIP-1559, o usuário, às vezes, esperava muito tempo. Segundo disse, após o EIP-1559, a chance é de 80% que sua transação seja incluída no próximo bloco, e 90% que seja incluída nos próximos dois blocos. “É cinco vezes mais rápido para mandar transações agora”, explicou.

Além disso, a taxa base agora é queimada ao invés de ir para o minerador – como acontecia antes do Merge.

Vitalik brincou que foi assim que surgiu a “piada” de que, se o Bitcoin é sound money por possuir um fornecimento limitado, o Ethereum agora seria ultra sound money por possuir um token deflacionário.

“Meses atrás, a taxa base era de 50 GWEI, e está abaixando”, declarou. E são baratas. Conforme colocou, ainda “existem coisas malucas” como o  “leilão do projeto dos macacos”.

Vitalik referia-se ao lançamento do Otherdeeds, NFTs que dariam acesso ao metaverso de Bored Apes.

Vitalik Labitconf 2022
(Fonte: https://bitinfocharts.com/)

“É fascinante ver o EIP-1559 e o Merge trabalhando juntos. Eu uso a blockchain regularmente e acho muito legal como vem se tornando uma experiência cada vez mais agradável”, disse.

Vitalik foi confrontado acerca da suposta centralização da Ethereum. Ele respondeu que a melhor solução para isso é verificar as próprias transações, e enviar a proposta para os validadores através de um node.

Buterin emendou dizendo que não existe censura na Ethereum. É preciso apenas que um validador sob stake inclua sua transação. E mesmo que você seja censurado por um, é apenas esperar que o outro staker o inclua, graças ao modelo de taxa de base.

Vitalik ainda afirmou que não existe como fazer algo como Maker DAO em cima do Bitcoin. Para ele, o Bitcoin não suporta “dApps” e esses tipos de contratos inteligentes. “Ethereum suporta mais aplicações na camada 1 do que o Bitcoin”, comparou.

*O repórter Leonardo Rubinstein Cavalcanti viajou a Buenos Aires para a Labitconf a convite da exchange Bitso

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Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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