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Lula pode usar Real Digital (ou até Yuan Digital) para fugir do dólar em parceria com China; entenda

14 abr 2023, 16:15 - atualizado em 14 abr 2023, 16:16
Lula Real Digital
O novo formato para ambos os países negociarem em suas próprias moedas foi formalizado durante visita oficial do presidente Lula ao país asiático (Imagaem: REUTERS/Adriano Machado)

Brasil e China oficializaram nesta sexta-feira (14) o acordo para viabilizar que as transações bilaterais não precisem passar pelo dólar. O anúncio já havia sido feito no fim de março, durante seminário sobre negócios entre os dois países, em Pequim.

O novo formato para ambos os países negociarem em suas próprias moedas foi formalizado durante visita oficial do presidente Lula ao país asiático.

Para João Kamradt, cientista político e chefe de análise na Viden.vc (Venture Capital), o discurso do presidente Lula na posse da ex-presidente Dilma Rousseff como nova mandatária do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o chamado “banco do Brics”, é sintomático.

“Estamos assistindo a uma coalizão de países buscando alternativas para não precisarem usar mais o dólar. E neste ponto, os CBDCs e o sistema cripto como um todo podem auxiliar e muito no desenvolvimento dessa contraposição à moeda norte-americana”, comenta.

Em março, por exemplo, a Rússia, por meio do banco Moscow Credit Bank, já havia emitido uma garantia bancária em yuan baseada em blockchain. A garantia era de valor superior a 100 milhões de yuans chineses ou mais de US$ 150 mil.

Kamradt diz que essa garantia por meio de blockchain gera segurança à transação financeira. Portanto, pode ser um caminho semelhante ao que Brasil e China irão adotar.

Neste caso, seria utilizado a CBDCs, que são depósito bancários tokenizados, e não Real Digital, moeda digital destinada para o comércio de varejo e lastreada na CBDC.

Real Digital: Entenda como o novo sistema financeiro vai funcionar

Real Digital e Yuan Digital na prática

O doutor em ciência política reitera o acordo de que ambos os países agora podem negociar ativos e commodities a partir de suas moedas (real e yuan) e não mais precisarem, obrigatoriamente, usar o dólar.

“Esse é um dos pontos que a blockchain gera segurança, confiança entre as partes e facilita, no processo, a diminuição da dependência de uma moeda estatal, como o dólar. Do mesmo modo, o Brasil vem desenvolvendo sua própria CDBC, que aparenta estar num nível de desenvolvimento superior ao yuan digital. Mas as duas CDBCs possuem objetivos diferentes”, avalia.

A CDBC chinesa (yuan digital) é focada em pagamentos instantâneos e já vem sendo usada em partes do país, como em 2022, quando a China usou o yuan digital durante os Jogos Olímpicos de Inverno que ocorreram no país, em fevereiro do ano passado, como relembra o chefe de pesquisas da Venture Capital.

Enquanto isso, o CDBC brasileiro é focado em se transformar em um dinheiro programável, possibilitando o acesso de bancos a DeFi e melhorando o processo de tokenização de ativos de valor.

Além disso, o encontro entre os presidentes pode aumentar a troca de informações entre as equipes econômicas dos dois governos. Vale lembrar que o Brasil procurou a China para saber mais da experiência do yuan digital.

Juliana Walenkamp, diretora institucional de vendas da BitGo,comenta que a digitalização ou tokenização da economia com as novas CBDCs representam a evolução do sistema monetário tradicional.

“O projeto, que ainda está em fase piloto de implantação, demonstra como o Banco Central do Brasil impulsiona o desenvolvimento tecnológico brasileiro e a criação de novos produtos financeiros adaptáveis e mais democratizados para o brasileiro. Apesar de termos o PIX que já revolucionou muito as trocas financeiras, quando olhamos para o Real Digital e o Real Tokenizado observamos um horizonte que abrange novas possibilidades como trocas e balanços no interbancário dentro da economia digital e a oferta de serviços financeiros mais disruptivos”, comenta.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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