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MGLU3 ameaçada? Mais uma varejista asiática chegará ao Brasil com ‘sangue nos olhos’; XP vê impactos

03 jul 2023, 17:44 - atualizado em 03 jul 2023, 17:44
Shein Temu e-commerce
Temu chega ao Brasil no final de dezembro. O que as varejistas nacionais tem a temer?

O e-commerce brasileiro ganhará em breve uma nova e ferrenha competidora. Trata-se da Temu, spin off da chinesa Pinduoduo, que chega ao país no final de 2023.

Nos Estados Unidos, mercado onde a Temu atua por menos de um ano, uma estratégia de preços notadamente agressiva levou a empresa a suplantar o volume de transações financeiras da rival Shein no penúltimo mês.

E as ambições da empresa não param por aí. A startup controlada pela Pinduoduo já não tem vergonha de mostrar que seu alvo no mercado dos Estados Unidos é a todo-poderosa Amazon e seus mais de 100 milhões de usuários.

Torrando dinheiro para visar o reconhecimento da marca — e pagando cerca de US$ 14 milhões por segundo de comercial no processo, a maior taxa já negociada — a Temu veiculou não um, mas dois anúncios no horário mais caro da grade televisiva americana. Estamos falando, claro, do intervalo do Super Bowl.

O anúncio convidada as pessoas a “comprarem como um bilionário”, escancarando uma prateleira de produtos com ticket médio muito abaixo da concorrência. Comparando preços nos aplicativos das varejistas, uma air fryer de US$ 100 na Amazon sai por menos da metade na Temu.

Outras estratégias utilizadas pela Temu para ampliar o seu alcance no público americano, estão o recrutamento de influencers, anúncios de Facebook e fornecimento de cupons e itens gratuitos para usuários de iOS que fizerem a instalação do aplicativo do e-commerce.

Agora, a empresa parece preparada para testar suas táticas agressivas no maior mercado de e-commerce da América Latina: o Brasil.

Chegada de Temu no Brasil: o que isso significa para as varejistas atuantes no país?

Tendo a Temu já iniciado uma guerra contra Amazon e Shein nos Estados Unidos, sobram questões se a chegada da chinesa no Brasil não trará impacto para as varejistas nacionais do ramo de vestimentas e utilidades domésticas, como Lojas Renner (LREN3), Via (VIIA3) e Magazine Luiza (MGLU3).

De acordo com a análise do time de varejo da XP, a “Temu pode ser um risco para o cenário competitivo as plataformas de e-commerce, principalmente por conta de sua estratégia de preços agressiva, embora o “plano de conformidade” do governo para plataformas cross-border, que será implementado a partir de 1º de julho, deva mitigar parte desse risco.”

Desde o dia 1 deste mês, está valendo a cobrança de uma alíquota de 17% do ICMS para as compras realizadas em e-commerces estrangeiros. A medida do governo visa aumentar a arrecadação, ‘recompensando’ as plataformas estrangeiras com um desembaraço aduaneiro mais agilizado.

Os analistas da XP, no entanto, acreditam que a atuação sortida da Temu, com uma operação que contempla 30 categorias de produtos, pode poupar os varejos com características mais especializadas do Brasil, seja da parte de eletroeletrônicos, seja da parte de vestimentas (para estas, a Shein continua sendo a principal ‘vilã’).

Nesse aspecto, é a Shopee a companhia que mais pode sentir o impacto da chegada da Temu no Brasil. A Shopee disputa com a Amazon o posto de segunda maior plataforma de e-commerce no mercado brasileiro, perdendo somente para o Mercado Livre (MELI34).

Ainda assim, a XP ‘não dá de barato’ as consequências da chegada do novo player, e reitera ser preciso monitorar de perto o efeito da política agressiva de preços no market share do novo e-commerce chinês.

Estagiário
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
Jorge Fofano é estudante de jornalismo pela Escola de Comunicações e Artes da USP. No Money Times, cobre os mercados acionários internacionais e de petróleo.
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