Opinião

Netflix: Forte crescimento em assinaturas é crucial para retomada da empresa

16 out 2019, 14:42 - atualizado em 16 out 2019, 14:42
Os investidores puniram severamente a Netflix por seu baixo desempenho no segundo trimestre (Imagem: Gabby Jones/Bloomberg)

Por Haris Anwar/Investing.com

Resultados do 3T2019 serão divulgados na quarta-feira, 16 de outubro, após o fechamento do mercado; Expectativa de receita: US$ 5,25 bilhões; Expectativa de lucro por ação: US$ 1,03.

Quando a gigante do streaming Netflix (NFLX) divulgar seus resultados para o terceiro trimestre hoje, deverá mostrar que a forte queda no número de assinantes pagos no trimestre passado foi apenas um ponto fora da curva, e não uma nova realidade.

Os investidores puniram severamente a Netflix por seu baixo desempenho no segundo trimestre, ao fazer suas ações despencarem mais de 25% nos três meses seguintes — o pior desempenho entre as maiores ações de tecnologia durante esse período. O papel fechou cotado a US$ 284,25 ontem, bem abaixo da máxima histórica de US$ 423,21 atingida em junho de 2018.

Netflix
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O que mais afetou a ação foi a resposta desfavorável dos consumidores às elevações de preço da Netflix (NFLX): a companhia perdeu assinantes nas regiões onde aumentou as mensalidades por seus pacotes de streaming.

Para muitos analistas, esse fato mostrou que o poder de precificação da Netflix (NFLX) é limitado, impedindo que a empresa feche a lacuna entre suas receitas e despesas. Também significa que o caminho da companhia para a lucratividade pode não ser tão tranquilo quanto muitos analistas haviam precificado, principalmente no momento em que a empresa está queimando caixa e tomando empréstimos pesados para produzir novos conteúdos.

A concorrência está aumentando

O impacto nos resultados do 2T também forçou os investidores a levar mais a sério a concorrência iminente. A Walt Disney Company (DIS) anunciou, em agosto, que está oferecendo um novo conjunto de serviços de streaming por apenas US$ 12,99 por mês, com um pacote que inclui programação de família, esportes ao vivo e uma grande biblioteca de programas de televisão. A Disney oferece o mesmo plano-padrão da Netflix (NFLX) e está comercializando o serviço com desconto de US$ 3 em relação à sua versão premium.

A Apple Inc (AAPL), outra concorrente no setor de streaming dotada de grande orçamento, planeja implementar o serviço de assinatura de filmes e TV chamado Apple TV+ até novembro, cujo preço deve ser de apenas US$ 9,99 por mês, de acordo com notícias da Bloomberg. A AT&T Inc (NYSE:T) e a NBCUniversal, pertencente à Comcast Corp (CMCSA), também planejam oferecer suas versões de streaming, visando acabar com o monopólio da Netflix (NFLX).

Esses riscos definitivamente tornam a Netflix (NFLX) em uma aposta arriscada no curto prazo, mas não significa que a companhia tenha perdido completamente sua base de fãs. A Netflix tem um sólido histórico de superação das expectativas. Para o 3T, a companhia projeta adicionar 7 milhões de novos assinantes pagos, em comparação com os 2,7 milhões adicionados no período anterior.

Se a empresa conseguir adicionar mais clientes do que o projetado e continuar lançando novos conteúdos capazes de fidelizar os espectadores, podemos esperar alguma recuperação na ação.

Conclusão

A trajetória ascendente das ações da Netflix (NFLX) se deu, em grande parte, sem muitos sobressaltos nos últimos anos. A companhia registrou uma média de 27% de crescimento anual de assinantes pagos ao longo de cinco anos.

Mas, com a concorrência iminente, a elevação de custos com conteúdos e a saturação no mercado doméstico, o caminho adiante não será nada fácil.

Em nossa visão, os investidores continuarão evitando a Netflix (NFLX) até que vejam um sinal claro de que a empresa está se segurando bem e pode defender o seu território. Uma retomada no crescimento de assinaturas no segundo semestre será um fator importante para aumentar a confiança dos investidores.