CryptoTimes

O que esperar do Taproot, a próxima atualização da rede Bitcoin?

11 nov 2021, 15:54 - atualizado em 11 nov 2021, 16:24
Árvore Taproot
A atualização está prevista para acontecer este domingo, 14 de novembro, e é considerada uma das mais importantes atualizações da história do Bitcoin (Imagem: Freepik/wirestock)

A Taproot é o maior upgrade do bitcoin desde 2017, e poderá aumentar o número de aplicações na rede do Bitcoin com a implementação de formatos de contratos inteligentes

A atualização está prevista para acontecer este domingo, 14 de novembro, e é considerada uma das mais importantes atualizações da história do Bitcoin.

A atualização possui três objetivos principais:

1 – Aumentar a eficiência no armazenamento de dados, através de mudanças na estrutura de transação.

2 – Ampliar a flexibilidade do blockchain, implementando alguns formatos de contratos inteligentes.

3 – Aumentar a segurança em termos de custódia, por meio de um modelo de validação dupla de transação, o “multi-signature wallets” ou, simplesmente, “multisig wallets”.

Como funciona uma multisig wallet?

O modelo de assinaturas múltiplas, ou multi-signature-wallet, é muito utilizado para abrir canais de pagamento na Lightining Network, a segunda camada do bitcoin. Esse processo é feito através de uma espécie de contrato automatizado dentro da rede Bitcoin.

O modelo possibilita que múltiplas pessoas ou dispositivos sejam responsáveis por uma única carteira de bitcoin e, para validar qualquer transação nela, é necessário a aprovação e a assinatura de um determinado número de participantes pré-acordado na abertura da carteira.

Nesse processo, alguns dados sensíveis são escritos no blockchain e, por consequência, deixam os participantes da carteira conjunta mais expostos. Um dos objetivos da atualização busca justamente reduzir essas informações e garantir uma segurança maior dos usuários.

Impactos do Taproot

De acordo com Orlando Telles, sócio-fundador e diretor de pesquisada Mercurius Crypto, a mais nova atualização permitirá o aumento no número de aplicações na rede.

Até então, o Bitcoin não é muito visado no setor de contratos inteligentes, porque seu atual formato de blockchain não viabiliza contratos automatizados mais robustos e customizados, como o Ethereum (ETH) ou a Solana (SOL).

Entretanto, Telles destaca que a possibilidade de programar transações no Bitcoin de forma mais eficaz poderá viabilizar novas aplicações, agregando valor para o ativo.

Ele destaca que a Taproot irá adicionar uma funcionalidade que permitirá a usabilidade desse formato.

“Esse processo expande a possibilidade de aplicações de soluções de escalabilidade, como a Lightning Network e modelos de custódia mais seguros, como o formato de custódia com múltiplas validações (multi-signature wallets), bem como outras aplicações atreladas ao ativo que podem agregar muito mais valor a ele”.

Eficiência em termos de dados

O armazenamento de dados em um blockchain sempre foi algo muito complexo, pois, à medida que a demanda aumenta, mais dados são armazenados pelos validadores daquela rede.

No caso do Bitcoin, esse problema pode ser visto com a queda do número de nós (“nodes”, em inglês), ou validadores, que possuem uma cópia completa do blockchain do ativo, o que tem como resultado um risco em termos de centralização da rede, que por sua vez compromete a segurança.

Neste sentido, Telles pontua que o novo formato de registro de transação implementado pela Taproot – as Schnorr signatures – irá reduzir a necessidade de dados para registrar uma transação, gerando uma eficiência de dados de 11% em cada transação registrada no blockchain.

Segundo ele, isso tornará o blockchain mais fácil para os nodes armazenarem os seus dados.

A atualização da Taproot também irá implementar algumas mudanças técnicas que tornarão as wallets com uma validação múltipla (multi-signature wallet) mais fáceis e privadas.

Esse formato de carteira apresentou um crescimento de 55% desde 2018 na rede do Bitcoin, de acordo com dados da Coindesk, contudo, sua complexidade atual não tem permitido a continuidade dessa expansão.

“Com a atualização, há expectativas para que esse número volte a crescer, dada a facilitação do processo. Essa movimentação, por consequência, pode tornar o BTC mais simples de ser custodiado com segurança”.

Impactos da atualização

Quanto aos desafios da nova atualização, Telles aponta para a complexidade das informações divulgadas pelos desenvolvedores.

Para o especialista, a Taproot vem sendo descrita de forma muito técnica para a comunidade, o que, eventualmente, pode ser uma barreira para a adoção das novas funcionalidades do ativo por parte do público em geral.

Além disso, a demora em propor uma grande atualização, visto que o último upgrade de relevância, o “Segregated Witness” (SegWit ou “testemunha segregada”, em tradução livre), ocorreu há quatro anos, também pode ser interpretada de forma negativa.

Esse aspecto, inclusive, divide opiniões entre analistas, já que para alguns essa demora é sinal de cautela e assertividade dos desenvolvedores.

Já para Telles, o mercado de criptomoedas é baseado na tecnologia e um dos grandes valores dos ativos é a sua capacidade de evolução.

Ele acredita que o Bitcoin é uma tecnologia e diferente de outras reservas de valor, como o ouro, possui capacidade de evoluir ao longo do tempo, aumentando seu valor e melhorando a experiência dos usuários.

“Se a Taproot se tornar uma atualização amplamente utilizada em pouco tempo, será um sinal fundamentalista bastante positivo para o Bitcoin. Reforçará sua narrativa de reserva de valor eficiente ao passo que também impacta na descentralização, eficiência de dados e melhora no formato de custódia do ativo”.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
Twitter Linkedin
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
Twitter Linkedin
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.