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O que realmente aconteceu entre a Alameda Research e o protocolo Reef Finance?

16 mar 2021, 15:00 - atualizado em 16 mar 2021, 15:00
Embora não seja possível confirmar qual parte falhou, sem dúvidas o drama forneceu uma janela ao mundo invisível dos negócios cripto (Imagem: Crypto Times)

Um recente acordo de tokens entre as empresas cripto Alameda Research e Reef Finance rapidamente se tornou em uma briga feia — e pública — nessa segunda-feira (15).

Ambas as partes começaram a se alfinetar, afirmando que a outra parte estava errada.

Tudo começou quando a Alameda Research comprou, “ou investiu”, US$ 20 milhões no Reef Finance ao comprar os tokens REEF do projeto de finanças descentralizadas (DeFi) por essa quantia. Alameda comprou os tokens a um desconto de 20%.

Três dias após a Reef Finance ter anunciado o investimento, Sam Trabucco, negociador da Alameda,  tuitou que a formadora de mercado não era afiliada da Reef nem recomendava que qualquer um realizasse negócios com a Reef de forma alguma.

“Concordamos em negociar via OTC [mercado de balcão] com a REEF; eles imediatamente foram à imprensa se vangloriar. Em seguida, negaram a negociação”, disse Trabucco. Alameda queria comprar mais tokens REEF mas, por algum motivo, Reef voltou atrás.

Alameda queria comprar mais US$ 60 milhões em tokens REEF. Porém, agora, o acordo foi cancelado.

Então o que deu errado? Com base em informações que se tornaram públicas, parece que uma mistura de incentivos de competição e a confiança no que a Alameda chamou de “acordo informal” — ou seja, um comprometimento verbal a uma transação realizada via Telegram — são os culpados.

O acordo de tokens

O acordo envolveu a Alameda na compra de US$ 20 milhões em tokens REEF e, em seguida, de mais US$ 60 milhões, totalizando US$ 80 milhões.

Logo após a primeira compra, de US$ 20 milhões, Reef percebeu que a Alameda havia imediatamente transferido os tokens na Binance.

“Não conseguimos entender por que a Alameda, nossa investidora estratégica a longo prazo, iria transferir os tokens imediatamente após a compra para a Binance”, disse Reef.

Denko Mancheski, CEO da Reef, contou ao The Block que a Alameda vendeu “todos” os tokens que comprou, sugerindo que a empresa não estava interessada em armazenar os tokens a longo prazo.

Trabucco negou que isso aconteceu. “Ainda estamos em posse de grande parte [dos tokens]. Qualquer alegação sobre termos vendidos todos os tokens imediatamente é falsa”, disse ele.

Segundo The Block Research, Alameda depositou todos os 675 milhões de tokens adquiridos na Binance, o que pode ter gerado a suspeita inicial da Reef. Porém, em seguida, Alameda sacou pelo menos 50 milhões de tokens do total e os depositou na FTX.

Não é possível rastrear a negociação de todos os tokens, pois essa informação estaria disponível apenas para a Alameda e Binance. The Block Research pôde rastrear a movimentação dos 50 milhões de tokens porque essa foi a primeira transferência à carteira FTX por meio da carteira de depósitos da Alameda.

Mancheski afirmou que a Alameda vendeu os tokens. Senão, poderiam provar que “não estavam mentindo ao movimentar os tokens de volta para o endereço”.

“Fizeram mais do que vendê-los”, disse ele. “Deram início à descarga eles mesmos, o que é manipulação de mercado.”

FTX — empresa-irmã da Alameda — realizou uma votação no Twitter, perguntando aos usuários se REEF deveria ser deslistado da corretora porque era uma “puxada de tapete”.

Em seguida, FTX deletou esse tuíte. Alameda também ameaçou a enviar cartas jurídicas à Reef via mensagens no Telegram, mas depois as deletou.

$REEF

Em meio ao fiasco, o token REEF caiu cerca de 30% nas últimas 24 horas, mas se recuperou. Neste momento, está sendo negociado a uma queda de 10%, em US$ 0,038, segundo o TradingView.

Embora não seja possível confirmar qual parte falhou aqui, sem dúvidas o drama forneceu uma janela ao mundo invisível dos negócios cripto — embora por meio de um exemplo ilustrado em termos públicos e pessoais.

Segundo um observador, o vai e volta também evidenciou a importância de acordos formais. Rodadas de financiamento de capital tendem a depender desses acordos em vez de acordos informais.

“Negociações devem ser apoiadas por contratos (e garantias!)”, tuitou Max Boonen, fundador da formadora de mercado cripto B2C2. “Se lembram de quando a Bitfinex enviou US$ 1 bilhão à CryptoCapital sem fazer um contrato?”

Boonen disse que a percepção de que o mercado cripto OTC não depende de contratos não é verdadeira — pelo menos não na parte “séria” do mercado.

“Contratos verbais: sim, mas boa sorte em cumprir com isso”, disse ele.

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