Os quatro desafios de Parente na Petrobras
Cristina Indio do Brasil – Repórter da Agência Brasil
O presidente da Petrobras, Pedro Parente, disse hoje (21) que a empresa manterá o foco na redução de custos e a política de preços conforme tem sido praticada, apesar de considerar que os resultados de 2016 foram, do ponto de vista operacional, muito positivos. Para ele, essa decisão dá à Petrobras “um quadro de previsibilidade importante”.
Na noite de hoje, a empresa divulgou dados refentes a 2016. A Petrobras registrou lucro líquido de R$ 2,5 bilhões no último trimestre de 2016. De acordo com a companhia, esse resultado permitiu reverter o prejuízo de R$ 16,4 bilhões dos três meses anteriores. A petrolífera apresentou prejuízo de R$ 14,8 bilhões no ano passado, uma queda em relação ao ano anterior quando a perda ficou em R$ 34,8 bilhões.
A maior geração operacional e a redução dos investimentos permitiram à Petrobras obter em 2016, um fluxo de caixa livre positivo de R$ 41,5 bilhões. O número é 2,6 vezes superior ao conseguido no ano anterior. O maior fluxo de caixa livre e os desinvestimentos, com entrada de caixa no valor de R$ 7,231 milhões, contribuíram para a redução do endividamento. O resultado foi considerado positivo por Parente.
“É o sétimo trimestre [quarto trimestre de 2016] seguido de geração de caixa positivo, uma margem de geração operacional de caixa muito positiva na ordem de 31%. Um número que nos deixa bastante bem situados, isso quando comparados a indústria global de óleo e gás”, disse.
1 – Redução da dívida
Segundo Parente, a Petrobras trabalhará para diminuir a dívida da empresa, que mesmo tendo sofrido redução em 2016, ainda está próxima de U$ 100 bilhões, ou cerca de R$ 310 bilhões. O endividamento bruto caiu 22% em relação a 31 de dezembro de 2015, em parte pela valorização do real em 16,5% e da amortização da dívida, utilizando recursos obtidos com os desinvestimentos. Na visão do presidente, a redução do endividamento representou um marco para a companhia.
“Trazer este número para abaixo de US$ 100 bilhões é um marco importante, mas ainda é próximo de US$ 100 bilhões. A gente precisa manter a nossa concentração, o nosso foco na redução desse número. A alavancagem da empresa, ou seja, a comparação desta dívida com nosso resultado operacional ainda é um nível elevado, especialmente, nas condições brasileiras onde as taxas de juros reais são elevadas”, disse.
2 – Venda de ativos
O presidente da Petrobras disse que o valor de US$ 1,5 bilhão que seria obtido com a venda de ativos e que não foi realizado na meta 2015/2016 no Programa de Parcerias e Desinvestimento vai se somar a previsão para 2017/2018, que passará de US$ 19,5 bilhões para US$ 21 bilhões. O processo foi paralisado em consequência da decisão do Tribunal de Contas da União de pedir mais explicações à companhia sobre cinco projetos de vendas de ativos previstos no programa.
Para o presidente, o programa da Petrobras para a venda de ativos e parcerias tem apontado o interesse do mercado. “O que a gente tem notado no nosso Programa de Parcerias e Desinvestimentos é que exite interesse nesses ativos em que a gente tem buscado estas parcerias. Vimos realmente são exceções os ativos em que não há interesse e, nestes casos, são retirados do programa”.
3 – Demissão voluntária
Parente disse que não há previsão da companhia em adotar um outro Programa Interno de Demissão Voluntária. Com o programa que está em vigor desde o ano passado, a empresa registrou a adesão de 13 mil empregados e para este ano a expectativa é de que mais 4 mil peçam afastamento. Se o número se confirmar, a companhia vai se estabilizar com um quadro de 50 mil empregados na holding e 62 mil no total, incluindo as subsidiárias.
Os gastos com o programa em 2016 foram um dos fatores que impactaram no resultado do lucro operacional da companhia que, embora tenha sido melhor do que no ano anterior, foi de R$ 17 bilhões em 2016. A reclassificação de perdas com depreciação cambial e maiores gastos com ociosidade de sondas também ajudaram a reduzir o lucro operacional.
4 – Política de preços
Sobre a política de preços da Petrobras, Parente disse que ela está baseada na paridade internacional de preços, acrescida de uma margem positiva para a empresa e da análise da volatilidade das principais variáveis que formam os valores em reais, considerando o preço do petróleo no mercado internacional e a taxa de câmbio.
“Outro aspecto importantíssimo a considerar é a participação no mercado, o chamado market share. As decisões têm que levar em conta os preços internacionais e também o nosso interesse de manter um determinado market share. Se nós temos uma situação onde os mercados apontam redução de preços e nós insistimos em manter preços elevados, podemos perder market share e isso não nos interessa”, disse.
Parente informou ainda que no Plano de Negócios da companhia para o período 2017/2021 uma das métricas mais importantes é a segurança nas atividades das empresas e comemorou a queda no número de acidentes de trabalho. “Tem redução bastante expressiva de 2015 para 2016, de 4%, onde o indicador cai de 2,2 acidentados por milhão de horas trabalhadas para 1,6 acidentados por um milhão de horas trabalhadas”.