Câmbio

Por que ainda não dá para cravar que o dólar vai cair em 2020, segundo a MCM

09 jan 2020, 17:42 - atualizado em 09 jan 2020, 17:44
Dólar
De olho: por enquanto, MCM recomenda cautela com aposta em queda do dólar (Imagem: Pixabay)

O dólar é um dos termômetros mais sensíveis da economia global, reagindo rapidamente às mais tênues ameaças e às mais leves esperanças. O último exemplo é a tensão entre Irã e Estados Unidos. Apesar de o mercado estar mais tranquilo, desde o discurso do presidente americano Donald Trump, ainda é cedo para dizer categoricamente que o dólar não vai subir.

Quem afirma é a MCM Consultores Associados. Em relatório distribuído nesta sexta-feira (9) a clientes, a consultoria observa que “embora as últimas notícias tenham sido relativamente alentadoras, os preços dos ativos financeiros tenham se movimentado apenas modestamente e os preços do petróleo tenham praticamente devolvido toda a alta registrada na sexta-feira passada, a escalada do conflito envolvendo os dois países faz crescer o receio de que o nível de incerteza global permaneça elevado em 2020.”

Quase como um aviso, o dólar encerrou esta quinta-feira (09) com a maior alta alta percentual em dois meses (1,83%), cotado a R$ 4,08. O valor é o mais alto desde 20 de dezembro.

Alguns fatores contribuem para a desvalorização da moeda americana (e, por tabela, da valorização de outras moedas, como o real). A MCM lista, entre eles, o otimismo com a implantação das primeiras medidas do acordo comercial China-EUA, que tendem a reduzir a aversão ao risco dos investidores.

Outro ponto favorável é o resultado das recentes eleições no Reino Unido. Embora Boris Johnson tenha vencido, garantindo sua permanência como primeiro-ministro, a MCM destaca “a configuração de uma sólida maioria parlamentar no Reino Unido, provavelmente capaz de evitar o hard Brexit”, isto é, uma saída não-negociada dos britânicos da União Europeia, o cenário mais temido pelo mercado.

Corrente ascendente

Do outro lado, a economia americana é o principal ponto favorável à valorização do dólar, em detrimento das outras moedas. Isto porque, de acordo com a MCM, as perspectivas de crescimento dos EUA são melhores que as de outros países desenvolvidos. Que investidor gostaria de ficar de fora da expansão da maior economia do mundo?

EUA Wall Street Mercados
Ímã: economia americana se destaca na preferência do mercado (Imagem: Michael Nagle/Bloomberg)

Um incentivo adicional é o fato de que a curva de juros dos EUA não precificar mais “chances significativas de novos cortes da taxa básica de juros nos próximos meses”. Em bom português, o mercado não espera que o Fed, o banco central do país, reduza as taxas, o que diminuiria a atratividade dos títulos americanos para os investidores globais.

Por fim, a MCM recomenda sangue frio, ao lembrar que o câmbio chacoalhou fortemente nos últimos anos, mas sempre tenta voltar a um ponto de equilíbrio. “Oscilações ao redor de 3%, ou até maiores, ocorreram com frequência relativamente grande nos últimos anos, a despeito do dólar ter permanecido em tendência de valorização desde o segundo semestre de 2014.”

A expectativa da consultoria é que o dólar encerre 2020 estável, “um pouco mais fraco” que a taxa de 2018, quando fechou em R$ 3,88. O último Relatório Focus, produzido pelo Banco Central, mostra que o mercado espera que o dólar encerre o ano em R$ 4,09. Nesta quinta-feira, a moeda fechou em R$ 4,05.

(Atualizado às 17h40, com o fechamento do dólar.)

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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