Internacional

Presidente da França chama massacre de argelinos em 1961 de “crime imperdoável”

16 out 2021, 14:53 - atualizado em 16 out 2021, 14:53
Emmanuel Macron
Macron participou de uma cerimônia na ponte de Bezons, no oeste de Paris, de onde os argelinos começaram a manifestação e de onde muitos corpos foram recuperados do Sena (Imagem: REUTERS/Benoit Tessier)

O presidente da França, Emmanuel Macron, chamou de “crime imperdoável” o massacre de manifestantes argelinos pela polícia em Paris ocorrido há 60 anos, o mais forte reconhecimento por um chefe do Estado francês da barbárie em que muitos corpos foram jogados no rio Sena.

Em 17 de outubro de 1961, sob o comando do chefe de polícia de Paris Maurice Papon, policiais atacaram uma manifestação de 25 mil argelinos organizada pela Frente de Libertação Nacional (FLN) que protestavam contra um toque de recolher imposto contra eles.

A manifestação foi atacada “brutal e violentamente”, disse o gabinete de Macron em comunicado. O texto ainda afirma que cerca de 12 mil argelinos foram presos, muitos foram feridos e dezenas foram mortos.

Macron participou de uma cerimônia na ponte de Bezons, no oeste de Paris, de onde os argelinos começaram a manifestação e de onde muitos corpos foram recuperados do Sena.

“Ele admitiu os fatos: os crimes cometidos naquela noite sob a autoridade de Maurice Papon são indesculpáveis para a República”, afirmou comunicado do Palácio do Eliseu.

O massacre, ocorrido durante a guerra contra o controle francês na Argélia, foi longamente negado ou encoberto por autoridades francesas. As primeiras homenagens às vítimas foram organizadas em 2001 pelo prefeito de Paris.

O número preciso de assassinados pela polícia de Paris nunca foi estabelecido. Alguns historiadores acreditam que houve mais de 200 mortos.

As homenagens deste ano ocorrem em meio a tensões entre França e Argélia. No início deste mês, o país no norte da África convocou seu embaixador em Paris após comentários atribuídos a Macron, que foi citado pelo jornal Le Monde como tendo afirmado que os governantes da Argélia tinham reescrito a história de colonização com base em “ódio contra a França”.