Internacional

Quer saber tudo sobre a guerra comercial? FMI explica

23 maio 2019, 11:40 - atualizado em 23 maio 2019, 12:01
Confiança dos empresários e famílias de baixa renda devem ser maiores prejudicados (Pixabay)

As tensões comerciais entre EUA e China afetou negativamente consumidores e produtores em ambos os países. Esta é a avaliação do FMI (Fundo Monetário Internacional) em artigo desta quinta-feira (23), no qual avalia as decorrências para as duas maiores economias do mundo da ultrapassagem das negociações bilaterais.

“Enquanto o impacto é relativamente modesto neste momento, a última escalada poderá significativamente minar a confiança do mercado financeiro e dos negócios, interromper as cadeias globais de logística e comprometer a recuperação projetada no crescimento global em 2019”, avaliam os economistas Eugenio Cerutti, Gita Gopinath – economista-chefe do FMI – e Adil Mohommad.

Importadores sentem

Para a instituição supranacional, as tarifas foram sentidas, de maneira mais efetiva, pelos importadores, que se apressam em aumentar o volume de bens a serem comprados da China pelo receio da imposição de maiores impostos.

“Observamos um aumento no crescimento das importações antes das datas efetivas. Isso sugere que os importadores estocaram à frente das tarifas, respondendo pelo declínio mais acentuado das importações a partir de então”, avalia Gopinath, ao analisar a imposição de tarifas ocorrida em 2018 pelo presidente Donald Trump.

Detalhe para o aumento da linha verde, de US$ 200 bilhões, antes da imposição de Trump

Em relação aos consumidores de China e EUA, o FMI avalia que “equivocadamente foram os perdedores das tensões comerciais”. Neste sentido, as tarifas foram absorvidas quase que por inteiro pelos importadores norte-americanos.

“Algumas dessas tarifas foram repassadas aos consumidores norte-americanos, como às impostas em máquinas de lavar, enquanto outras foram sentidas pelas firmas importadoras através das menores margens de lucro”, afirma a tríade de economistas.

Vencedores marginais

As tensões entre as duas economias produziram, segundo o FMI, dois vencedores: México e Brasil. Do lado asteca, destaque para o forte aumento das exportações destinadas aos EUA: aumento de US$ 850 milhões entre setembro e novembro do último ano, frente ao mesmo período de 2017.

Exportações do México disparam entre setembro e novembro de 2018

Por sua vez, o preço da soja no Brasil subiu com as restrições impostas, ao contrário da soja norte-americana, com variação negativa nos preços praticados. “Embora os preços tenham voltado a convergir e as exportações de soja para a China tenham voltado, os produtores de soja dos EUA sofreram, enquanto os do Brasil se beneficiaram do desvio do comércio e da segmentação do mercado”, avalia o FMI.

Brasil foi beneficiado por tensões comerciais no mercado de soja

De olho na confiança e no consumo

Na esfera macroeconômica, a guerra comercial deverá reduzir o PIB global – pelas projeções da instituição supranacional – em 0,3 ponto percentual no curto prazo, metade decorrente dos efeitos na confiança do mercado e dos empresários. Por outro lado, a balança comercial dos dois países não sofreu muitas alterações.

Readequação da balança comercial entre duas maiores economias do mundo em foco

Por fim, dois prognósticos negativos: confiança dos empresários e famílias de baixa renda. Em relação ao primeiro ponto, o FMI acredita que “a incapacidade de resolver as diferenças comerciais e a escalada em outras áreas, como a indústria automobilística, que abrangeria vários países, poderia prejudicar ainda mais a confiança do mercado financeiro e dos empresários, impactar negativamente os spreads e moedas dos mercados emergentes e desacelerar o investimento e o comércio”.

Já no tocante às famílias de baixa renda, “mais restrições às importações também tornariam os bens de consumo comercializáveis ​​menos acessíveis, prejudicando desproporcionalmente as famílias de baixa renda”
“Esse tipo de cenário está entre as razões pelas quais nos referimos a 2019 como um ano delicado para a economia global”, conclui o FMI.

Consumidores norte-americanos sentirão os maiores custos

Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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Graduado em Ciências Econômicas pela USP, tendo cursado mestrado em Ciências Humanas e em Economia na UFABC, Valter Outeiro acumulou anos de vivência no mercado financeiro através de passagens nas áreas de estratégia de investimentos dentro de private banks, em multinacionais produtoras de índices de ações e em redações de jornalismo econômico.
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