Commodities

Rali no petróleo dá sinais de correção; Ouro aguarda Fed

08 abr 2019, 15:43 - atualizado em 08 abr 2019, 15:43
Além de temas específicos do petróleo, os investidores esperam o governo Trump continuem vazando informações positivas sobre as tratativas comerciais com a China

Barani Krishnan/Investing.com

Será que os gestores financeiros realizarão lucro no petróleo depois de cinco semanas seguidas de ganhos? E quem aposta na valorização do ouro renovará suas esperanças com um Federal Reserve cada vez mais pressionado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, a flexibilizar a taxa de juros?

A direção imediata de dois dos mercados de commodities mais acompanhados está longe de ser certa.

Hedge funds com posições de compra em petróleo esperam que a Opep conte mais uma história intimidadora de restrição de oferta em seu relatório mensal, previsto para quarta-feira, que pode prolongar o rali de quase 40% no petróleo West Texas Intermediate, dos EUA, e de 31% no Brent, do Reino Unido.

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Relatório da Opep é bastante aguardado

Em razão das sanções dos EUA ao petróleo iraniano e venezuelano e de perspectivas de um conflito armado na Líbia que pode pressionar ainda mais a produção de um dos principais produtores petrolíferos da Opep, o cartel sediado em Viena acredita que o Brent pode estabelecer novas máximas acima dos US$ 70 por barril. Os estoques de petróleo na Líbia provavelmente caíram para 830.000 barris na semana de 1 de abril, de acordo com a Orbital Insight, uma empresa californiana que rastreia a cobertura de tanques de petróleo através de satélites, em um relatório a seus clientes nesta semana.

A Agência Internacional de Energia, que está sediada em Paris e representa os consumidores de petróleo do Ocidente, também pode registrar uma forte demanda em relação à oferta em seu relatório mensal na quinta-feira.

Além de temas específicos do petróleo, os investidores esperam que as autoridades do governo Trump continuem vazando informações positivas sobre as tratativas comerciais com a China para prolongar a boa fase do mercado. Acredita-se que as duas potências econômicas estejam prestes a fechar um acordo comercial que pode encerrar um ano de guerras tarifárias, embora Trump tenha surpreendentemente evitado prever uma vitória categórica na semana passada.

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Narrativa possivelmente heterogênea no horizonte

Uma narrativa heterogênea pode ganhar força no petróleo.

WTI Gráfico diário

                               WTI Gráfico diário

Houve um aumento de 15 sondas petrolíferas nos EUA na semana passada, conforme registrou a empresa Baker Hughes na sexta-feira, a primeira recuperação desse tipo em sete semanas, o que sugere que as empresas norte-americanas de energia podem aumentar as perfurações graças ao repique de US$ 21 por barril do WTI no primeiro trimestre, após o pico de desvalorização de US$ 27 no trimestre anterior.

Se o número de sondas continuar aumentando, é praticamente certo que haja um novo recorde na produção petrolífera dos EUA, que foi de 12,2 milhões de barris por dia na semana passada, anulando alguns dos cortes da Opep.

Dominick Chirichella, diretor de risco e negociação do Instituto de Gestão Energética, em Nova York, falou sobre o sinal de atenção emitido pelas sondas em sua nota emitida no fim de semana sobre os temas que podem afetar o petróleo.

Chirichella afirmou que a produção petrolífera norte-americana “continua em tendência de alta geral, estabelecendo novos recordes de produção a cada semana”, mesmo com “a narrativa da recessão mundial como pano de fundo”.

Além do aumento no número de sondas, os estoques de petróleo também cresceram nas últimas duas semanas. Embora a desculpa tenha sido o fechamento do canal hidroviário de Houston, um aumento maior dos estoques pode pesar sobre o sentimento do mercado.

Do ponto de vista técnico, o petróleo está sendo negociado em níveis de sobrecompra, com o Brent rompendo a média móvel de 200 dias de US$ 69,57.

Petróleo em “Zona de Reação Presidencial”

O mais relevante é que o petróleo a US$ 70 por barril entraria no que pode ser considerado como “Zona de Reação Presidencial”. A Opep e os comprados no petróleo podem se deparar com um presidente Trump cada vez mais agitado, querendo que os preços do petróleo – ou, mais especificamente, os preços nas bombas de gasolina – estejam suficientemente acessíveis aos seus apoiadores, à medida que inicia sua campanha de reeleição em 2020. Com uma valorização de quase 50%, capaz de fazer o rali no WTI parecer pequeno, os futuros da gasolina precisam cair um pouco para apaziguar o presidente.

Se Trump não conseguir mais do que alguns centavos de concessão nos preços do petróleo após seu último tuíte para que a Opep elevasse a produção, o presidente ainda tem outras opções.

Uma delas é fazer uma nova rodada de concessões generosas a compradores do petróleo iraniano quando suas permissões de exportação expirarem em maio. Autoridades do governo Trump continuam falando em “zerar as exportações petrolíferas do Irã”, mas poucos acreditam nisso. A Opep se reunirá em junho e pode frustrar a estratégia do presidente envolvendo o Irã com mais cortes, a menos que, obviamente, ele dê mais indicações de que os EUA estão dispostos a continuar negociando com Teerã se a República Islâmica desejar evitar uma crise econômica ainda maior por causa do seu programa nuclear.

Trump vs. comprados em petróleo

A mera noção de um acordo nuclear 2.0 entre EUA e Irã, permitindo que Teerã exporte seu petróleo novamente, ainda que com certas restrições, poderia fazer com que o preço do petróleo caísse cerca de US$ 5 e US$ 10 por barril.

Ainda não está claro se os iranianos estariam dispostos a negociar com Trump – eles se negaram a fazer isso no passado –, e também pode haver protestos por parte de Israel. A relação com a Arábia Saudita e Israel tem sido essencial para a política norte-americana no Oriente Médio, a fim de neutralizar as ambições do Irã na região. Trump, por exemplo, se recusou a apoiar as sanções dos EUA a Riad pelo assassinato do jornalista Jamal Khashoggi.

Mas, a julgar pelo comportamento de Trump, o presidente pode propor conversas com o Irã apenas para plantar a semente do medo nos hedge funds que parecem agora dispostos a fazer o petróleo voltar às máximas anteriores ao crash de outubro de 2018.

Investidores do ouro buscam qualquer sinal de um Fed mais flexível

Ouro gráfico diário

                              Ouro gráfico diário

No ouro, a recuperação dos dados de emprego não agrícola divulgados na sexta-feira fizeram com que os investidores do ouro se perguntassem se o Fed continuará segurando as taxas de juros para incentivar o crescimento ou adotará uma postura mais moderada, realizando a flexibilização quantitativa que Trump tanto exigia.

Em conjunto com uma série de dados macroeconômicos previstos para esta semana, serão divulgadas as atas do Fed referentes à política de março e haverá um pronunciamento do vice-presidente do banco central, Richard Clarida.

ouro à vista variou pouco na semana, sendo negociado a um pouco menos de US$1.292 por onça. A perspectiva técnica diária do Investing.com recomenda “Forte venda”, com forte suporte no nível 3 de Fibonacci, a US$ 1.275,80.

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