Economia

Selic a 10,75%: 4 pontos para entender o comunicado ‘pé no freio’ do Copom

20 mar 2024, 19:18 - atualizado em 20 mar 2024, 19:18
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Corte da Selic não pegou mercado de surpresa, mas comunicado chama a atenção para os próximos passos do Copom. (Imagem: Agência Brasil)

O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a Selic em mais 0,50 ponto percentual (p.p.).  Com isso, a taxa básica de juros deixa o patamar de 11,25% e vai para 10,75% ao ano.

Esse é o sexto corte na taxa após um rigoroso aperto da política monetária e quase um ano de manutenção no patamar de 13,75% ao ano.

A decisão não pegou o mercado de surpresa, porque esse reajuste já estava precificado. No entanto, os economistas estão de olho no comunicado da autoridade monetária. O texto trouxe uma mudança sutil, mas importante sobre o futuro dos juros brasileiros.

Em seu comunicado, o Copom aproveitou para sinalizar que “anteveem, em se confirmando o cenário esperado, redução de mesma magnitude na próxima reunião”.

Isso significa que o Banco Central deve manter o ritmo de cortes de 0,50 pp na próxima reunião, marcada para maio. No entanto, os dirigentes devem avaliar em junho se o corte será no mesmo patamar ou se o Copom vai diminuir os reajustes para 0,25 pp.

Para onde vai a Selic? Entenda o comunicado em 4 pontos

Economia internacional

O primeiro ponto é o ambiente externo. Segundo o Banco Central, a economia mundial segue volátil, marcada por debates sobre o início da flexibilização de política monetária. O que mais preocupa bancos centrais afora é a velocidade com que se observará a queda da inflação.

“Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, diz o texto.

Vale lembrar que, hoje mais cedo, o Federal Reserve optou pela manutenção da taxa de juros americana entre 5,25% e 5,50% pela quinta reunião consecutiva. Por outro lado, o Fed vem sinalizando que já se prepara para um corte nos juros.

Economia brasileira

O BC avalia que o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia. Além disso, a inflação cheia ao consumidor manteve trajetória de desinflação.

Por outro lado, dados mais recentes mostram que as medidas de inflação subjacente se situaram acima da meta. Com isso, as projeções do Copom para a inflação situam-se em 3,5% em 2024 e 3,2% em 2025.

A autoridade monetária avaliou fatores que podem levar para dois cenários, um de risco de alta e outro de baixa. Confira:

Risco de alta:

  • uma maior persistência das pressões inflacionárias globais;
  • uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado.

Risco de baixa:

  • uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada;
  • os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.

O Copom também aproveitou para dar aquela puxadinha de orelha no governo ao citar a questão fiscal.

“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, destaca o texto.

Próximos passos

A decisão de reduzir a Selic para 10,75% levou em conta o processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos, além do amplo conjunto de informações sobre a economia.

[O Copom] entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau maior, o de 2025. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, diz o texto.

O Banco Central também alerta que processo desinflacionário tende a ser mais lento daqui para frente, o que demanda serenidade e moderação na condução da política monetária.

“O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, aponta o comunicado.

O Copom já adiantou uma redução de mesma magnitude na próxima reunião — tirando o ‘s’ de “próximas reuniões”, dando a entender que a reunião de junho por vir com um novo reajustes, provavelmente de 0,25 pp.

Decisão unânime

Segundo o comunicado, os dirigentes do Banco Central estão alinhados, sendo que a votação pela redução de 0,50 pp foi unânime. Todos também estavam de acordo sobre sinalizar apenas mais um corte da mesma magnitude.

Participam do Copom Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Gabriel Muricca Galípolo, Otávio Ribeiro Damaso, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

Confira o comunicado na íntegra

Editora-chefe
Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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