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Sem pensar em abrir capital, Amaggi avança na safra ancorado em 70% vendida e nas operações agregadas

24 set 2021, 10:38 - atualizado em 24 set 2021, 16:16
Amaggi
Safra de soja já está em 16 mil hectares plantados nos campos do grupo Amaggi, com projeção de 8% a mais no total nesta safra (Imagem Divulgação)

Depois de duas captações de sucesso no ano, o grupo Amaggi consolida o desinteresse em abrir capital em bolsa. Recursos fora do caixa não é problema, mesmo com o apetite para R$ 2,3 bilhões em investimentos previstos para 2021, além dos futuros, em parte cobertos pelos US$ 750 milhões de green bonds e, mais recentemente, os US$ 209,5 milhões de nova captação internacional.

Enquanto o ano civil se encaminha para fechar em R$ 44,2 bilhões de faturamento, o ano-safra da Amaggi Agro já começou com 16 mil hectares de soja plantados, de um total planejado de 176 mil para 21/22.

Pedro Valente, diretor da unidade, fala em 8% a mais de área, sobre o ciclo passado, e cerca de 2% a mais em volume, alguma coisa como 645 mil toneladas.

Para o algodão de primeira safra, no chão a partir de outubro, 32,5 mil/ha, mais os cerca de 117 mil do safrinha, a companhia conta com 270 mil toneladas de pluma, em torno de 8% superior às duas últimas colheitas somadas.

Por fim, nas terras do grupo da família Maggi, do ex-ministro Blairo, hoje somando 20 propriedades no Mato Grosso – já com as fazendas compradas dos argentinos de O Telhar este ano -, o milho do inverno de 2022 está projetado em 36,7 mil/ha, para algo como 210 mil/t.

Uma coisa que se destaca do grupo, se olhando esses números, é que as projeções anuais não se dão em bases pontuais dos mercados nos quais atua. O Amaggi é “conservador” e não foge do planejamento determinado, explica Valente. Tanto que a quebra de 12% no milho de inverno não alterou em nada a previsão.

Mitigação de riscos

Mas, para isso, para quem não é do setor é preciso conhecer os modelos de mitigação dos riscos do grupo, que começou no Paraná até que o patriarca dos Maggi, André, mudou-se para o Mato Grosso em 1979.

Primeiro, os insumos em fertilizantes e químicos para a produção já foram travados, sempre entre dezembro e janeiro. E não depende de sementes. Produz 100%.

A Amaggi Agro já está com cerca de 70% da próxima produção fixada em contratos de exportações. Persegue a média, por safra, de 60% a 70% de vendas antecipadas. O restante que fica entra na “maximização das vendas durante a temporada”, ponderando câmbio e cotações de Chicago (soja e milho) ou Nova York (algodão), diz o executivo.

“Sim, ainda temos um pouco de soja da safra passada”, completa Pedro Valente, sem dizer quanto.

O ganho operacional faz o resto sobre o ganho comercial, com as unidades de logística e trading.

Não são as áreas de domínio de Pedro Valente, mas não é preciso muito exercício para entender o ganho funcional de agregação.

Embora tenha demandado muito capital para expandi-las, a Amaggi carrega receita cheia, sem arcar com fee de operadoras, em parte do transporte (pelo menos em barcaças fluviais), e zero no caso das tradings de soja e milho.

A Amaggi Commodities, destaca Valente, com escritórios em várias partes do mundo, só não opera com o algodão do grupo, mercado que exige mais expertise devido às peculiaridades.

Ao mesmo tempo, fatura como trading plena ao originar e vender grãos de terceiros.

A média é de 15 milhões/t ano, na soma do que é Amaggi e do que é do mercado, em perspectiva de mais 3% neste novo período.

Para completar, o grupo de Blairo Maggi vai ter fábrica de biodiesel, a se juntar ao resto dos negócios, onde ainda tem algumas pontas menos visíveis, como energia elétrica e misturadora de ração. Aqui, naturalmente, agregando a própria matéria-prima produzida.

 

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Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
giovanni.lorenzon@moneytimes.com.br
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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