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Ação de varejista despenca 6% após prejuízo disparar 670%; é só o começo da crise?

03 abr 2023, 14:08 - atualizado em 03 abr 2023, 14:08
Marisa
Marisa reportou prejuízo de R$ 188,6 milhões no 4T22 (Imagem: Renan Dantas/Money Times)

As ações da Marisa (AMAR3) despencavam 6,25%, valendo R$ 0,60, por volta das 13h45 do pregão desta segunda-feira (3). A derrocada veio após a varejista reportar prejuízo de R$ 188,6 milhões no quarto trimestre de 2022 (4T22), disparada de 669% ante os R$ 24 milhões do mesmo período de 2021.

A companhia ainda terminou o ano com prejuízo de R$ 391 milhões, contra os R$ 93 milhões do ano anterior.

O resultado veio abaixo das estimativas já pessimistas dos analistas do Santander e levanta preocupações sobre a alavancagem financeira da Marisa. A varejista explica que os números negativos são o lastro para a segunda etapa do processo de recuperação de rentabilidade, focada na redução de custos operacionais e de fusões e aquisições.

Ruben Couto e a equipe do Santander destacam que a companhia apresentou números fracos na operação de varejo. Mesmo com uma receita praticamente estável (-0,6%), o ponto fraco foi a queda no volume de vendas (-14,6%) durante o trimestre. Em relação aos números do ano passado, as vendas nas lojas físicas avançaram 2,7%, enquanto as vendas digitais caíram 25,1%.

Os analistas explicam que a menor penetração das vendas digitais pode ser atribuída a uma mudança no comportamento do consumidor. No entanto, acreditam que também pode estar relacionada à menor atividade promocional no canal.

A recomendação do banco para AMAR3 é neutra, com preço-alvo em R$ 1,30.

4T22 fraco

Apesar dos números negativos, os analistas destacam a melhora na margem bruta do varejo (+4,6 pontos percentuais), que impulsionou o Ebitda (R$ 63 milhões).

As melhorias foram consequência dos esforços da empresa para ser menos promocional, diminuindo o excesso de estoque. Além disso, os analistas destacam o controle rígido das despesas administrativas, de vendas e gerais e um ajuste pontual relacionado à reclassificação do capex de R$ 23,9 milhões.

Já em relação à operação do banco da Marisa, o MBank, o Ebitda contábil de -R$ 115,2 milhões foi impulsionado principalmente pelos altos níveis de provisionamento, e veio abaixo das projeções dos analistas. Além disso, os resultados financeiros totalizaram -R$ 70,5 milhões, pressionando ainda mais o resultado final.

A situação de liquidez também continua sendo uma preocupação, já que o Ebitda ajustado consolidado totalizou -R$ 34,5 milhões em 2022.

Crise da Marisa

O mercado está ciente de que os problemas da Lojas Marisa não são de hoje. Ao longo dos últimos anos, a companhia engatou diversos processos de reestruturação, levando a uma série de mudanças no quadro da diretoria executiva – movimento bem parecido com o que a varejista está vivendo atualmente.

A companhia voltou a ser um dos principais tópicos do mercado corporativo ao anunciar a renúncia de Adalberto Pereira dos Santos à presidência da empresa, além da saída de Marcelo Adriano Casarin como membro do conselho de administração.

Na ocasião, a Marisa também anunciou sua mais nova tentativa de reestruturação. A varejista de moda disse que contratou a BR Partners para assessorá-la no processo de renegociação de seu endividamento junto a credores e a Galeazzi Associados para apoiá-la no aperfeiçoamento da estrutura de custos.

A Marisa elegeu seu novo CEO, João Pinheiro Nogueira Batista, que também foi nomeado para ser o diretor de relações com investidores. Em paralelo, a empresa nomeou Luis Paulo Rosenberg para assumir interinamente o cargo de presidente do conselho de administração e elegeu Roberta Ribeiro Leal para ocupar o cargo de diretora financeira, tendo sido aceita a renúncia de Renê Santiago dos Santos.

Com os anúncios recentes das demissões de executivos e membros do conselho de administração, a Marisa viu suas ações derreterem mais de 30%. Atualmente, os papéis são negociados na casa dos centavos.

Editora-assistente
Editora-assistente no Money Times e graduanda em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
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Editora-assistente no Money Times e graduanda em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
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