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Agricultores dos EUA devem plantar grande área com milho, apesar de rali da soja

29 mar 2021, 17:04 - atualizado em 29 mar 2021, 17:04
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As fortes chuvas de primavera limitaram sua capacidade de semear milho nos últimos dois anos (Imagem: Embrapa/Neide Furukawa e André Minitti)

Uma rali de 45% em 11 meses nos preços da soja (ZHS2021) não foi suficiente para convencer o agricultor DuWayne Bosse, da Dakota do Sul, a abandonar qualquer área prevista para ser plantada com milho (ZCH2021) em sua fazenda neste ano.

“Em nossa fazenda, estamos buscando maximizar os acres com milho”, disse Bosse, acrescentando que os contratos futuros da soja para a próxima safra teriam de avançar mais 9%, para 13,25 dólares por bushel, para que a alteração do plantio valesse a pena.

“O preço tem que subir drasticamente para retirarmos as plantadeiras de milho”, afirmou.

Embora os preços da soja tenham avançado mais que os do milho, que apuraram ganho de 24,7% nos mesmos 11 meses, os produtores estão optando cada vez mais pelo cereal nas semanas que antecedem o plantio.

O raciocínio inclui a importância das rotações de culturas para manter a saúde do solo a longo prazo, a forte demanda por exportações e uma melhor perspectiva para os biocombustíveis à base de milho.

Analistas esperam que os agricultores plantem uma área recorde com soja e milho, considerando as duas culturas em conjunto, em uma safra acompanhada de perto, já que os preços das duas commodities estão nos mais altos patamares em anos.

Alguns elevaram suas estimativas de área semeada com milho e reduziram as previsões para a soja antes de o governo divulgar sua primeira projeção com base em pesquisas com produtores.

Uma pesquisa da Reuters prevê que o relatório, a ser publicado na quarta-feira, mostrará que os agricultores norte-americanos planejam semear 93,208 milhões de acres (37,72 milhões de hectares) com milho e 89,996 milhões de acres (36,42 milhões de hectares) com soja.

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Plantar a mesma safra repetidamente pode reduzir a produtividade no campo (Imagem: Embrapa/ Gustavo Porpino)

Darin Anderson, que cultiva cerca de 3.700 acres na região de Valley City, na Dakota do Norte, planeja reduzir o plantio de soja em 16%, para 1.600 acres, e aumentar o cultivo de milho em 25%, chegando a 1.250 acres.

As fortes chuvas de primavera limitaram sua capacidade de semear milho nos últimos dois anos, e ele espera priorizar o cereal neste ano.

A soja pode ser plantada mais tarde do que o milho então, se a chuva atrasa a semeadura, muitos produtores acabam alterando as perspectivas para a soja.

Plantar a mesma safra repetidamente pode reduzir a produtividade no campo.

Devido à valorização dos contratos futuros, as apólices de seguro agrícola para 2021 foram definidas com a maior garantia de preço em sete anos para o milho e a maior em oito anos para a soja.

A relação de preços, refletindo o prêmio da cotação da soja em relação ao milho, ficou em 2,59, a mais alta desde 1989.

Mas os produtores levam em conta muito mais do que o seguro agrícola ao traçar seus planos de plantio, disse Anderson.

“Não é tão simples quanto dizer ‘a proporção da soja para milho é de 2,6, bem, acho que vamos plantar soja'”, afirmou. “Há muitas variáveis envolvidas nisso”, acrescentou.

O clima adverso no Brasil pode limitar ainda mais a produção de milho do país, grande concorrente dos EUA por exportações, e elevar a demanda pelo cereal norte-americano.

Além disso, a demanda por etanol de milho nos EUA deve aumentar, à medida que os motoristas retornam às estradas após as paralisações relacionadas à Covid-19, o que daria mais suporte aos preços.

Uma série de compras de milho realizadas pela China pouco antes da temporada de plantio ajudou a solidificar as intenções dos produtores de apostar alto no milho, embora um plano chinês de reduzir as quantidades de milho e soja utilizadas na ração animal possa ser uma ameaça, caso Pequim tenha sucesso em encontrar alternativas rapidamente.

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