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Argentina: Entenda o que muda na política de câmbio e como isso afeta o Brasil

26 jul 2023, 13:43 - atualizado em 26 jul 2023, 13:43
Peso Argentino, Argentina, Brasil
No início da semana, o governo da Argentina anunciou mudanças em sua política de câmbio visando evitar a saída de dólares. (Imagem: Pixabay)

A Argentina fechou um acordo Fundo Monetário Internacional (FMI) para renegociar o seu programa de empréstimo em meio à crise econômica. Com isso, o governo anunciou algumas mudanças em sua política de câmbio com o objetivo de evitar a saída de dólares.

A primeira trata-se de uma nova cotação para as exportações de cultivos de grãos, que passou de 300 pesos para 340 pesos por dólar nas exportações liquidadas até 31 de agosto de 2023. O país vizinho estima arrecadar US$ 2 bilhões em exportações com a mudança no “dólar agro”.

Além disso, o Impuesto Para una Argentina Inclusiva y Solidaria (PAIS) foi estendido para a compra de dólares para poupança e importação. No caso das importações, o imposto será de 7,5% – as exceções são para combustíveis, medicamentos e insumos e intermediários para a cesta básica; esses produtos serão isentos. Também terá uma taxa de 25% para todos os serviços, os únicos isentos são os setores de Educação e Saúde.

Já na parte da poupança, a mudança foi a seguinte: o valor para a compra de dólares, também conhecido como “dólar ahorro” ou “dólar poupança”, passará a ter o mesmo valor do “dólar tarjeta”, que era destinado para cartões de crédito, com limite de US$ 300 mensais. O “dólar Qatar”, que é o de turismo, segue valendo para as compras que ultrapassam os US$ 300 mensais.

Bruno Musa, economista e sócio da Acqua Vero Investimentos, destaca que a Argentina está quebrada e que as reservas em dólar do banco central argentino estão um pouco mais de US$ 1 bilhão de dólares negativas.

O câmbio oficial está para um dólar para 250 pesos, mas ninguém usa isso lá. Basicamente, na rua você troca um dólar por 480 pesos. Ou seja, o câmbio real está mais de 100% desvalorizado que o câmbio oficial. Esses 250 pesos são só uma mera formalidade que faz com que as pessoas corram para o mercado clandestino para conseguir dólares”, afirma.

E o Brasil com isso?

As medidas são destinadas para a população, o que significa que não deve impactar tanto os brasileiros. Gabriel Ribeiro, trader do Braza Bank, afirma que parte do turismo, a busca pela Argentina como um destino de férias deve seguir em alta.

“O turismo entre Brasil e Argentina seguirá florescendo, como já está sendo no decorrer do ano, com preços mais atrativos e como um dos principais parceiros comerciais do Brasil. Podemos ter um novo aumento de comércio com o nosso vizinho”, aponta.

Por outro lado, a nova cotação para as exportações pode gerar uma leve dor de cabeça para o agronegócio brasileiro, que pode perder um pouco de espaço internacional com preços mais competitivos por parte da Argentina.

Marcelo Cursino, gerente de estratégia comercial do Braza Bank, afirma que a medida deve afetar diretamente os negócios atrelados a soja, milho e trigo, e também ao gado bovino em menor proporção.

“Porém, a meu ver, esse impacto tende a ser bem pequeno, pois esses ciclos (de safra, por exemplo) são de médio prazo e não ofuscam ou conseguem competir com a eficiência do mercado e do agro brasileiro”, diz.

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Formada em Jornalismo pela PUC-SP, tem especialização em Jornalismo Internacional. Atua como editora-chefe no Money Times e já trabalhou nas redações do InfoMoney, Você S/A, Você RH, Olhar Digital e Editora Trip.
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