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Arroba derretendo da vaca louca não vai chegar ao varejo por geração espontânea

24 fev 2023, 10:33 - atualizado em 24 fev 2023, 10:37
bovinos
Carne barata não deverá chegar tão já ao consumidor mesmo com a queda da @ pelo caso da vaca louca (Imagem: REUTERS/Paulo Whitaker)

Que não se enganem achando que a derretida do preço do boi, na esteira das exportações bloqueadas à China, vai chegar no varejo tão logo. E, se chegar, não ficará nem perto da baixa que o físico terá.

O mercado tem meios para controlar a desvalorização que pode parecer vir por geração espontânea, a metáfora aristotélica da formação natural das coisas da vida.

A queda de até R$ 30 na @ média da quinta, só pelo Cepea, fechando em R$ 267, e a que acompanhará esta sexta, além da que se verá possivelmente no início da semana que vem, não significa exatamente que esteja havendo negócios.

Imaginar que esse boi de prêmio China, embargado sem virar carne após o caso da vaca louca confirmado “atípico” (sem riscos de transmissão), vá entrar na escala dos frigoríficos para o consumo doméstico, é muito cedo para se apostar.

Ainda tem muita água para rolar.

O cenário mais favorável para o consumidor é se a situação de paralisação das exportações adentre abril e se aproxime de maio, com algum um pano de fundo de seca vindo com o começo de outono, e juntando com o ciclo maior de gado disponível que já é conhecido, avalia o chefe da HN Agro, Hyberville Neto.

Por enquanto, a sobra de boi vai ser controlada. Produtor está com capacidade de retenção com pastos que vão render por muito tempo ainda, lembra ele, após tanto dilúvio.

Os mais desesperados, com contas chegando, podem aceitar a pressão dos frigoríficos, mas em volume que poderá não fazer diferença.

Em Barretos, Juca Alves, em conversa com outros produtores, já notou que não tem vendas a esses preços. “E também não tem tanto boi assim não, como dizem”, diz.

Outro fator acrescentado pelo consultor de Bebedouro é que houve um ajuste de produção nos últimos dias, com encurtamento das escalas dos frigoríficos, o que se reflete no atacado. Os preços podem até ficar mais firmes.

E as margens a cadeia vai evitar dilapidar, porque a matéria-prima vinha encostando nos R$ 300 em São Paulo. “E o varejo só recua em último caso, quando o conjunto do escoamento [nos segmentos anteriores e no consumo] esteja muito ruim”, completa Hyberville Neto.

O mês está virando e os salários dão um pouco do ar da graça.

Para os lados da China, há que considerar algumas situações menos desfavoráveis no curto e médio prazo.

Em paralelo à ação que o governo brasileiro deve fazer para que a situação não se repita 2021 – época que caso semelhante de vaca louca atípica estendeu a paralisação, fora de propósito, por 3,5 meses -, a China não deve estar com estoques confortáveis como estava naquele ano.

Hyberville também nota que o preço da carne brasileira não está cara para os chineses, na comparação com a carne que vai para outros destinos, embora eles vinham negociando preços desde o segundo semestre passado.

Nas contas da HN, o ágio em janeiro foi de 2,5%, o segundo menor desde julho de 2017.

Por fim, acredita ele, a contraprova do laboratório canadense, que deve atestar que de fato a EEB foi “atípica”, e servirá de base para uma notificação global positiva da Organização Mundial da Saúde Animal, pode ficar pronta rapidamente, antes ainda do meio de março.

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
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