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As criptomoedas e o trabalho remoto podem levar mais empresas a abandonar as sedes; entenda

01 jun 2022, 10:05 - atualizado em 01 jun 2022, 11:24
Bitcoin (BTC) hoje
Empresas do ramo das criptomoedas estão repensando a utilidade das sedes físicas (Imagem: REUTERS/Dado Ruvic/Illustration)

A Binance, um dos maiores nomes do mundo das criptomoedas, tem uma característica única: ela não tem uma sede física.

A falta de uma sede estabelecida da empresa colocou a empresa em apuros com os reguladores, que dizem que “isso dificulta a supervisão”, como divulgou o Business Insider.

Mas a corretora não é a única empresa de criptomoedas que considerou uma sede desnecessária: a Coinbase, casa de câmbio digital, também se livrou recentemente de sua base em São Francisco em favor do trabalho totalmente remoto.

O mundo das criptomoedas e seu jeito de trabalhar

Nos últimos meses, as empresas de criptomoedas começaram a se afastar das conhecidas sedes espalhadas, cheias de vantagens e chamativas de empresas da Web2 como Apple, Google e Meta, que dedicaram bilhões aos centros de comando do Vale do Silício e marcaram a região.

Os sucessores da Web3, fortemente marcado pelos tokens e a tecnologia blockchain, mergulhados nos primeiros princípios remotos do movimento descentralizado — e reforçados pelo aumento do trabalho remoto durante a pandemia da Covid-19 — podem significar a morte da sede física.

Coinbase abriu capital e fechou os escritórios

A Coinbase pode ter ficado sem sede, mas nem sempre foi assim.

A empresa chamou um arranha-céu em São Francisco de seu a partir de 2014, o qual deixou ao estilo do Vale do Silício com “uma sala de jogos, sala de soneca, refeições gratuitas e uma geladeira totalmente abastecida”, como contou no blog da empresa na época.

Mas, mais ou menos um ano após a pandemia, a Coinbase anunciou que estava fechando permanentemente o escritório e migrando para o modelo “remoto primeiro”, assim, não teria mais uma sede física.

A empresa reiterou ainda mais esses planos em seu S-1 antes de abrir o capital em abril de 2021. O Formulário S-1 é um arquivo da SEC usado por empresas que planejam abrir o capital para registrar seus valores mobiliários na Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos.

“Nos comprometemos a não ter sede e é importante mostrar à nossa força de trabalho descentralizada que nenhum local é importante [sic] do que o outro”, tuitou a Coinbase em maio de 2021. (A empresa está incorporada em Delaware nos EUA).

O último a sair apaga a luz

A bolsa e banco de criptomoedas Kraken também seguiu o exemplo de acabar com sua sede em abril e, embora o CEO Jesse Powell tenha dito que o fechamento foi especificamente uma resposta a incidentes de crime que afetaram seus funcionários no caminho para o escritório de São Francisco, ele acrescentou que o banco “não tem planos para estabelecer um novo QG global formal.”

Na época, ele retuitou a cópia do comunicado que foi inicialmente tuitada pelo comentarista político de São Francisco Richie Greenberg.

“Onde quer que eu me sente, será o escritório da Binance”

Para o CEO da Binance, empresa que notoriamente vem se esquivando de perguntas desde bem antes da pandemia sobre onde exatamente fica, a ideia do escritório é relativa e diz: “onde quer que eu me sente, será o escritório da Binance.”

O CEO da Binance, Changpeng Zhao, teve problemas com reguladores na China, bem como com autoridades em Malta, que disseram que a empresa não tinha o licenciamento adequado para conduzir seus negócios lá.

Isso é apenas parte de seus problemas regulatórios, que decorrem em parte do fato de a empresa não estar registrada em lugar nenhum, conforme relembrou a Business Insider.

Atualmente, a empresa controladora da Binance, Binance Holdings, parece estar incorporada nas Ilhas Cayman, onde as autoridades disseram ao Wall Street Journal que ela não está registrada para operar.

Zhao reconheceu em setembro de 2021 que, se a Binance quisesse se dar bem com os reguladores globais, a empresa provavelmente precisaria estabelecer algum tipo de base física e se tornar uma entidade centralizada.

“Como o maior player do setor, precisamos nos preparar para a mudança”, disse o CEO ao South China Morning Post na época. “Estamos fazendo mudanças para facilitar o trabalho com os reguladores.”

Ele disse à Fortune em abril que a Binance anunciará um local para uma verdadeira sede “muito em breve”, mas ainda não revelou onde é.

Empresas que gostam de escritório: isso existe?

Apesar dos que se apresentam contrários as sedes, alguns dos principais players de criptomoedas têm seus escritórios físicos.

A FTX, bolsa de criptomoedas, tem sede nas Bahamas e acaba de abrir um novo escritório em Chicago. O mercado NFT OpenSea tem uma sede em Nova York para seus 93 funcionários e a Ripple, protocolo de pagamento distribuído, ainda tem um lugarzinho pra chamar de seu em São Francisco.

Mesmo com esses três exemplos, eles podem ser raros. As características descentralizadas do setor e o boom do trabalho remoto tomando conta do mundo dos negócios em geral é a tempestade perfeita para os players da Web3.

Para algumas empresas como a Coinbase, o conceito de uma sede “parece contrário à nossa cultura” (e até ao mundo cripto), de acordo com o CEO, Brian Armstrong.

“Renunciar a uma sede formal também está mais alinhado com o espírito da criptomoeda, construído sobre os benefícios inerentes da descentralização”, disse Armstrong no início de 2021.

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Formada em Gestão de Negócios e Inovação pela Fatec Sebrae e, atualmente, estudante de Jornalismo da Faculdade Cásper Líbero. Tem como propósito atuar visando os princípios éticos do jornalismo com comprometimento com a informação de qualidade e o combate à desinformação.
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