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Bengala inteligente da WeWalk ganha apoio da Microsoft

06 jan 2021, 18:06 - atualizado em 06 jan 2021, 18:06
WeWalk
A bengala inteligente da WeWalk é pareada com smartphones e usa detecção ultrassônica de objetos para identificar perigos, como degraus e carros estacionados (Imagem: Facebook/WeWALK)

Jean Marc Feghali tem amaurose congênita de Leber, uma doença que reduz a visão periférica e o torna efetivamente cego à noite. Mas a bengala inteligente que ele ajuda a desenvolver mudou sua vida, diz. Também ganhou o apoio da Microsoft.

“Estamos em um mundo onde falamos sobre veículos autônomos e, ainda assim, enviamos deficientes visuais para a rua com o que é essencialmente uma vara”, disse Feghali. “Não leva você a lugar nenhum. Não leva você a uma cafeteria. Não o ajuda a procurar emprego. É apenas uma vara.”

A startup WeWalk de Londres – onde Feghali, de 24 anos, é responsável pela pesquisa e desenvolvimento – quer mudar isso com sua “bengala inteligente” de US$ 599. A bengala é pareada com smartphones e usa detecção ultrassônica de objetos para identificar perigos, como degraus e carros estacionados, bem como objetos na altura da cintura, como galhos de árvores.

Também é equipada com rede sem fio, navegação GPS passo a passo, reserva de táxis e direções de transporte público em dezenas de cidades. O aparelho ainda conta com assistente de voz. Feghali, que também faz doutorado em filosofia no Imperial College, acredita que o produto é uma resposta há muito esperada para um problema que afeta milhões de pessoas ao redor do mundo.

O Royal National Institute of Blind People do Reino Unido afirma que mais de 2 milhões de pessoas vivem com perda de visão no país, das quais cerca de 350 mil foram registradas como cegas ou amblíopes em 2017. A Fundação Americana para Cegos afirma que mais de 32 milhões de americanos adultos relataram ter perdido a visão em 2018.

Ambas as organizações fazem campanha para o uso da tecnologia para tornar locais de trabalho, escolas e redes de transporte mais acessíveis para pessoas com pouca ou nenhuma visão. Empresas de tecnologia como Apple, Google e Amazon.com também promovem recursos de acessibilidade em produtos como o Apple Watch e assistentes virtuais como Alexa para usuários com perda de visão.

Feghali disse que o objetivo da empresa é criar um produto que combine elementos-chave de aparelhos como o FitBit ou o Apple Watch com hardware especificamente desenvolvido para pessoas com visão limitada ou sem visão.

Vários dos 20 funcionários da WeWalk são deficientes visuais, incluindo Feghali e o cofundador Kursat Ceylan. “Eu vejo através de um pequeno túnel, que é mais escuro do que a visão normal”, disse Feghali. “É bastante precisa, mas estreita, e à noite é basicamente cegueira completa.”

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A WeWalk ingressou no programa de inteligência artificial da Microsoft para acessibilidade no final de 2020 (Imagem: Reuters/Mike Blake)

A WeWalk garantiu o financiamento inicial por meio de uma campanha de crowdfunding em 2018 e ingressou no programa de inteligência artificial da Microsoft para acessibilidade no final de 2020. Feghali disse que ele e colegas estão particularmente interessados em usar a plataforma de nuvem Azure da empresa de tecnologia dos EUA para analisar dados de movimento de indivíduos coletados por sua bengala.

Feghali disse que a WeWalk trabalha com governos, instituições de caridade, prestadores de serviços de saúde e, mais recentemente, pelo menos uma rede de telefonia móvel do Reino Unido para criar pacotes subsidiados que ajudem os usuários a pagarem pelas bengalas, semelhante à forma como os custos dos cães-guia costumam ser reduzidos.

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