Agronegócio

CNA vê alta de 3% no PIB do agronegócio em 2021 após disparada de 9% em 2020

01 dez 2020, 13:54 - atualizado em 01 dez 2020, 13:54
Agronegócio Trigo
O setor deve perder ritmo no próximo ano em relação a 2020, com crescimento do PIB estimado em robustos 9% e uma expansão de 17,4% no VBP (Imagem: REUTERS/Eduard Korniyenko)

O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro crescerá 3% em 2021, enquanto o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) aumentará 4,2% no ano que vem, estimou nesta terça-feira a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ponderando que há preocupações climáticas para as principais safras que podem ajustar a oferta de grãos.

O setor deve perder ritmo no próximo ano em relação a 2020, com crescimento do PIB estimado em robustos 9% e uma expansão de 17,4% no VBP.

Mas, além da forte base do PIB deste ano, a expansão será mais moderada em 2021 por conta de uma menor alta de preços, visto que os valores dos principais produtos atingiram recordes em 2020 em meio à pandemia e à disparada do dólar, disse o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, a jornalistas.

“Um PIB de 3% acima de 9% ainda é muita coisa, é um crescimento robusto sobre este ano, os preços não vão ter muito aumento e a produção vai crescer”, afirmou ele.

Em nota sobre perspectivas para 2021, a CNA disse também prever um equilíbrio da oferta e da demanda mesmo com a expectativa de produção maior para a maioria dos alimentos.

Os técnicos destacaram também que, na questão dos preços, a pandemia desregulou os mercados, proporcionando fortes altas, que inclusive no país estiveram ligadas ao pagamento dos auxílios emergenciais, que aumentaram a demanda por alimentos básicos.

Contudo, a CNA acredita que um dos fatores que pode ditar o cenário para 2021 será a intensidade do La Niña, com potencial de afetar especialmente a colheita da região Sul do Brasil, com eventuais impactos nos preços.

“Tem a questão climática que vai afetar seriamente a oferta…”, disse o especialista, lembrando que o plantio da soja foi atrasado e impactará a segunda safra.

“Certamente vai comprometer a safra de milho do ano que vem (plantada após a soja), a safra de milho verão do Rio Grande do Sul também foi afetada”, disse Lucchi.

“Não vamos deixar de ter uma safra recorde, mas poderíamos ter uma safra muito maior, não fosse a questão climática… Em milho, temos preocupação, a produção vai estar muito ajustada com o consumo”, completou.

Segundo a CNA, produtores de soja, milho e algodão, que têm mais mecanismos para travar os custos com vendas antecipadas, deverão sofrer menos com questões relacionadas aos preços dos insumos, que tendem a ser impactados ainda pelo câmbio.

Além disso, o preço do milho, um dos principais componentes das rações para animais, está em patamares recordes, e as indicações de especialistas são de que as cotações seguirão firmes até pelo menos a entrada da segunda safra brasileira, a maior do cereal do país, apenas em meados de 2021.

Reformas

A entidade acredita que uma recuperação consistente da economia dependerá da “superação de desafios internos como a aprovação das reformas administrativa e tributária”.

Para a CNA, as Propostas de Emenda à Constituição (PECs) que tratam da reforma tributária em discussão no Congresso Nacional “impactam o setor e a sociedade negativamente”.

“A CNA defende uma simplificação do sistema tributário e afirma que continuará atuando para evitar a elevação dos custos de produção da atividade agropecuária para manter a competitividade do Brasil no comércio internacional, além de impedir uma alta dos preços dos alimentos para a população em função de uma carga tributária maior para os alimentos”, afirmou.

Neste contexto, são necessárias “políticas públicas que garantam isenção tributária para os produtos da cesta básica”.

Ambiental

Questionado sobre a preocupação com fatores relacionados à preservação de meio ambiente e avanço da agropecuária, e seus impactos nos mercados globais para o Brasil, o presidente da CNA, João Martins, afirmou que o país “não está de braços cruzados” e tem trabalhando junto com o governo em programas de rastreabilidade, como é o caso do setor da pecuária.

Ele disse ainda que o governo brasileiro tem que determinar “claramente quais são as obrigações ambientais que serão cobradas dos produtores rurais”, tendo em vista que o país já tem uma “lei ambiental rigorosa”, e pode cumprir as exigências internacionais.

O superintendente técnico explicou que o Brasil precisa terminar de implementar temas do Código Florestal, como os pagamentos por serviços ambientais, e realizar a regularização fundiária, para que seja possível saber quem faz desmatamento ilegal e aquele que abre áreas com o consentimento da lei.

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