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Com novo capital, Robinhood deseja realizar melhorias na plataforma

05 maio 2020, 9:10 - atualizado em 05 maio 2020, 9:10
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Robinhood deseja usar os US$ 280 milhões arrecadados para melhorar sua plataforma, que teve três interrupções durante a Quinta-Feira Sombria de março (Imagem: Facebook/Robinhood)

Robinhood é uma plataforma de negociação sem comissões que permite a usuários negociarem ações, fundos negociados em bolsa (ETFs, na sigla em inglês), opções, ouro e cripto por meio de um aplicativo para celular ou navegador de internet.

A empresa foi fundada em 2013 e é uma das fintechs mais bem-sucedidas nos últimos anos. A principal fonte de receita da Robinhood é proveniente dos juros ganhos sobre os saldos em dinheiro dos clientes e da negociação em margem. A empresa tem mais de 10 milhões de usuários.

Robinhood finalizou uma rodada extra de financiamento “series F” de US$ 280 milhões que avalia o aplicativo de investimentos em US$ 8,3 bilhões. Essa rodada veio após uma rodada “series E” de julho de 2019, que avaliava a empresa em US$ 7,6 bilhões.

A rodada foi liderada por Sequoia Capital, com Ribbit Capital, Unusual Ventures, NEA e 9Yards Capital como investidores participantes.

O capital arrecadado vem após um ano bem-sucedido para a Robinhood, cuja base de usuários cresceu em três milhões em 2020, de acordo com uma publicação. Metade dessas contas recém-criadas eram de investidores de primeira viagem.

De acordo com a Bloomberg, a empresa também atingiu um recorde de cerca de US$ 60 milhões em receita apenas em março deste ano, três vezes mais do que em fevereiro.

Robinhood permite que ações, ETFs, opções, ouro e criptoativos sejam negociados facilmente por meio de seu aplicativo para celular ou navegador de internet (Imagem: Facebook/Robinhood)

Porém, este ano não foi tão tranquilo. Em maio, a empresa apareceu nas manchetes devido a três interrupções em duas semanas. Para clientes, isso impediu a negociação durante períodos específicos devido a dificuldades técnicas.

As interrupções também aconteceram durante períodos de altíssima volatilidade por conta da COVID-19, que resultou em frustração e raiva em muitos usuários que não conseguiam vender suas posições e, como consequência, perderam dinheiro.

Acredita-se que tal interrupção, que aconteceu no dia 2 de março, tenha sido resultado de uma “falha do dia bissexto” (“leap day bug”), um erro causado quando o software não contabiliza o dia adicional em fevereiro. A interrupção também aconteceu no dia em que Dow Jones atingiu sua maior alta desde 2009.

Os coCEOs da Robinhood notaram que as interrupções que o aplicativo sofreu foram, em grande parte, consequência do uso ininterrupto e do estresse na infraestrutura essencial. O capital arrecadado será destinado a atualizações na plataforma, como criar suas funcionalidades e acrescentar medidas para evitar futuros colapsos.

Robinhood Crypto permite que usuários negociem bitcoin (BTC), ether (ETH), bitcoin cash (BCH), bitcoin SV (BSV), ethereum classic (ETC), litecoin (LTC) e dogecoin (DOGE) 24 horas por dia sem pagar por comissões.

Atualmente, a plataforma só está disponível para clientes em alguns estados dos EUA.

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Sete criptomoedas podem ser negociadas na plataforma Robinhood Crypto (Imagem: Freepik/kuprevich)

Já que criptoativos são retidos em uma conta na Robinhood Crypto e não em uma conta Robinhood Financial, precisam ser completamente lastreados em dinheiro e não podem ser usados como garantia para posições acionárias.

Apesar de a Robinhood afirmar que adquire criptomoedas em nome de seus usuários em vez de um derivativo que rastreia a movimentação de preço de criptomoedas, a plataforma não permite que usuários saquem ou depositem moedas de sua conta da Robinhood Crypto.

A empresa afirma que tal medida previne que dinheiro para atividades ilegais seja usado para transações. No entanto, saques de criptoativos estão sendo avaliados.

Essa restrição significa que a Robinhood Crypto só é recomendada para clientes que desejem especular sobre movimentações de preço, não para aqueles que desejem controlar suas criptomoedas.

Robinhood Crypto não faz parte da Autoridade Regulatória da Indústria Financeira (FINRA) e, assim, não possui responsabilidades e obrigações que estaria sujeita a receber ao fornecer serviços de negociação para ações.

Fundos de usuários também não são assegurados pela Corporação de Proteção de Valores Mobiliários dos Investidores (SIPC), que protege as aquisições acionárias na Robinhood no valor de US$ 500 mil.

A empresa possui uma apólice de seguros contra crimes, garantida pela Lloyd’s of London, que cobre uma parte dos ativos retidos pela Robinhood Crypto contra perdas proveniente de roubo, incluindo brechas de cibersegurança.

A maior parte das criptomoedas está em armazenamento frio (off-line), em que uma porção está em armazenamento quente (on-line) para fornecer suporte a operações diárias.

Ter suas criptomoedas controladas pela Robinhood (ou qualquer outra corretora centralizada) tem seus benefícios, mas também existem motivos de não ser a prática mais recomendada.

Em 2014, o aplicativo da Robinhood foi oficialmente lançado, tendo mais de 600 mil usuários interessados antes do lançamento (Imagem: Facebook/Robinhood)

Os argumentos para usar um serviço centralizado, como Robinhood Crypto, para compra, venda e armazenamento de criptomoedas giram em torno da facilidade do uso.

Para investidores ou especuladores não técnicos, ter o armazenamento de suas criptomoedas gerenciado por uma terceira parte pode tornar a atividade de negociação menos assustadora e, assim, diminuir as barreiras de acesso.

Isso retira a necessidade de aprender como enviar, receber e armazenar criptomoedas como um todo. Também pode ser a opção mais segura para investidores menos técnicos, já que criptomoedas armazenadas de forma menos segura correm o risco de serem perdidas ou hackeadas.

Plataformas como a Robinhood Crypto também focam bastante em criar uma experiência ininterrupta de usuário, fornecendo um atrativo de manter todos os seus ativos em um só lugar.

Porém, ao armazenar criptomoedas em uma corretora, um usuário abre mão de um nível de controle sobre os fundos. Também significa que seus fundos são armazenados com o resto dos fundos na corretora. Isso cria um tipo de armadilha e se torna um alvo atrativo para hackers que desejem roubar os fundos.

Em 2016, hackers roubaram 119.756 bitcoins da corretora Bitfinex, que totalizavam cerca de 0,75% de todos os bitcoins em circulação. Esse havia sido o segundo ataque à Bitfinex em menos de dois anos — a invasão anterior havia acontecido em maio de 2015 e a perda havia sido de apenas 1,5 mil moedas.

A corretora sediada em Hong Kong afirmou que as perdas provenientes do roubo seriam compartilhadas, ou “generalizadas”, entre os clientes e ativos da empresa, abrangendo o grupo dos afetados.

“Isso foi o mais próximo do que aconteceria em um contexto de liquidação”, afirmou a Bitfinex na época. “Após realizarem o log-in na plataforma, clientes verão que passaram por uma perda generalizada de 36,067%”.

A empresa deu o token BFX a todos os clientes afetados, como um crédito por suas perdas. O token poderia ser reivindicado pela corretora ou para ações na iFinex, a empresa-mãe da corretora. Todos os tokens foram reivindicados até abril de 2017.

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