Coluna do Heverton Peixoto

Crise da Americanas (AMER3) joga luz em mercado de R$ 1,863 bilhão; saiba qual

05 maio 2023, 18:00 - atualizado em 08 maio 2023, 10:28
Americanas, seguro, crédito
O mercado de seguros estima que as apólices dos fornecedores da Americanas totalizam entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões em risco segurado. (Imagem: Renan Dantas/Money Times)

O mercado de crédito brasileiro vive um momento único de restrição por conta dos altos níveis de inadimplência e elevação de spreads, impondo inúmeros desafios para empresas em projetos de longo prazo e prejudicando a economia do país.

É neste momento que o seguro se faz ainda mais pertinente, oferecendo liquidez e melhorando a dinâmica do mercado.

O seguro de crédito é a forma eficaz de prevenção e proteção para empresas contra o não pagamento das vendas a prazo. Ele indeniza o credor, caso não haja recebimento dos créditos concedidos aos clientes.

Segundo dados da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), o seguro de crédito movimentou R$ 1,863 bilhão em prêmios no ano passado. O valor é 21,6% superior ao registrado no mesmo período do ano anterior, no qual totalizou R$ 1,532 bilhão. Diante do cenário macroeconômico atual, a tendência é ele crescer ainda mais neste ano. Somente nos dois primeiros meses, foram R$ 421 milhões em prêmios concedidos de seguro de crédito, aponta a FenSeg.

O caso da Lojas Americanas (AMER3) contribuiu para jogar luz sobre a importância do seguro de crédito para as empresas se protegerem e evitarem graves prejuízos ao caixa. O mercado de seguros estima que as apólices dos fornecedores das varejistas totalizam entre R$ 2 bilhões e R$ 3 bilhões em risco segurado, trazendo sinistros de proporções recordes.

Falta de seguros

A situação acendeu o sinal de alerta. No entanto, apesar de estar vivendo um momento de plena expansão, o mercado de seguro de crédito ainda enfrenta uma série de obstáculos para crescer em percentuais ainda mais elevados e absorver a demanda crescente. Limitações operacionais, tecnológicas e culturais impedem o desenvolvimento de soluções mais adequadas às necessidades das empresas.

Uma delas é a falta de diversificação de produtos e serviços oferecidos pelas seguradoras. Em muitas situações, as opções de seguro de crédito são padronizadas e não levam em consideração as necessidades específicas de cada empresa, especialmente aquelas de menor porte. O engessamento da operação reduz a capacidade de adaptação e personalização das soluções e acaba não atendendo plenamente às demandas dos clientes.

Outra deficiência no seguro de crédito é a baixa utilização de tecnologias avançadas no desenvolvimento de produtos e serviços. A transformação digital impulsionou a inovação em diversos setores. Contudo, neste mercado ainda há uma lacuna na adoção de análise de dados, inteligência artificial e automação de processos. A ausência de uma cultura de inovação faz com que muitas empresas optem por seguir modelos tradicionais de negócios, em vez de experimentar novas abordagens e soluções.

Além disso, a falta de concorrência e de apoio a novos entrantes no mercado de seguro de crédito limita a oferta e o investimento. Isto é, a concentração em poucas seguradoras e a escassez de incentivos governamentais para a entrada de novos players tornam o ambiente menos competitivo e inovador.

Há ainda elevada complexidade e burocracia do ambiente regulatório do mercado de seguro de crédito no país. A regulamentação excessiva e a falta de clareza em algumas normas criam barreiras para o lançamento de novos produtos e serviços. Diante desse contexto, as seguradoras são reticentes em desenvolver soluções flexíveis e adaptadas às demandas dos clientes.

Por fim, a falta de informação e de educação sobre o mercado de seguro de crédito também impede o avanço do setor. Muitas empresas ainda desconhecem os benefícios e as possibilidades oferecidas pelo seguro de crédito.

Não há dúvidas que o seguro de crédito é um dos principais instrumentos na proteção contra o risco de inadimplência às empresas que produzem e comercializam bens a prazo. O caso Americanas demonstrou a importância das empresas de todos os portes terem uma segurança para imprevistos no fluxo de caixa. O mercado é extremamente promissor e tem muito espaço para crescer, desde que as seguradoras entendam a importância de investir na modernização, inovação e diversificação de produtos.


Heverton Peixoto é graduado em Engenharia Civil com MBA em Corporate Finance no Insead, França. Possui experiência relevante de mais de 15 anos em diferentes indústrias e segmentos, tendo atuado por 4 anos como Diretor Executivo da Wiz Corporate e 1 ano como Diretor de Transformação Digital da Wiz. Foi também consultor da Mckinsey & Company de 2008 a 2013, participando ativamente de projetos estratégicos no mercado bancário e de seguros da América Latina. Heverton Peixoto iniciou sua carreira na Rede Esho/Grupo Amil, com relevante experiência na indústria de seguros e saúde suplementar. Foi CEO da Wiz entre 2018 e o início de 2023.

CEO da Omni
CEO da Omni. Graduado em Engenharia Civil com MBA em Corporate Finance no Insead, França. Possui experiência relevante de mais de 15 anos em diferentes indústrias e segmentos, tendo atuado por quatro anos como Diretor Executivo da Wiz Corporate e um ano como Diretor de Transformação Digital da Wiz. Foi também consultor da Mckinsey & Company de 2008 a 2013, participando ativamente de projetos estratégicos no mercado bancário e de seguros da América Latina. Heverton Peixoto iniciou sua carreira na Rede Esho/Grupo Amil, com relevante experiência na indústria de seguros e saúde suplementar.
CEO da Omni. Graduado em Engenharia Civil com MBA em Corporate Finance no Insead, França. Possui experiência relevante de mais de 15 anos em diferentes indústrias e segmentos, tendo atuado por quatro anos como Diretor Executivo da Wiz Corporate e um ano como Diretor de Transformação Digital da Wiz. Foi também consultor da Mckinsey & Company de 2008 a 2013, participando ativamente de projetos estratégicos no mercado bancário e de seguros da América Latina. Heverton Peixoto iniciou sua carreira na Rede Esho/Grupo Amil, com relevante experiência na indústria de seguros e saúde suplementar.
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