Retrospectiva 2022

De Covid Zero à questão de Taiwan: o que aconteceu com a China em 2022?

25 dez 2022, 16:00 - atualizado em 23 dez 2022, 8:04
Mercados globais
Ano de 2022 foi desafiador para a China, em meio a questões internas e externas, que vão desde à política de Covid Zero até a questão de Taiwan (Reuters)

2022 foi desafiador até mesmo para o gigante emergente. Enquanto em 2021 a China assustou o mundo com medidas regulatórias em cima das big techs e das incorporadoras; este ano tratou de acalmar os mercados globais buscando estabilizar a economia. 

Mas essa tarefa não foi nada fácil. Afinal, foram muitos os tropeços provocados na atividade em meio à série de lockdowns para combater surtos da covid-19. Aliás, a política de Covid Zero foi carro-chefe para garantir um inédito terceiro mandato ao presidente Xi Jinping.

A confirmação do líder chinês no cargo por um tempo indeterminado em outubro foi o principal evento político do país em 2022. Já entre os eventos geopolíticos, o destaque ficou com a escalada da tensão com os Estados Unidos após Nancy Pelosi desembarcar em Taiwan no início de agosto

Foi a primeira visita oficial de alguém do alto escalão de Washington à ilha rebelde em 25 anos. Mas o clima entre a China e as principais potências mundiais já estava hostil desde o início do ano. O boicote diplomático de alguns países à participação nas Olimpíadas de Inverno, ocorrida em fevereiro em Pequim, chamou a atenção.

Liderado pelos EUA, o ato foi visto como uma crítica à estratégia de combate da China na pandemia. Afinal, enquanto o mundo já tinha “aprendido a conviver” com o coronavírus, o governo chinês seguia firme com as táticas de prevenção e controle com testes em massa e quarentena

China e a economia global

Esse confronto entre Ocidente e Oriente se deu porque a insistência chinesa nos bloqueios à atividade e no rastreamento da população intensificou os choques na cadeia global de suprimentos. Ainda mais após a invasão da Rússia na Ucrânia

A crise de energia provocada pela guerra no leste europeu ocasionou uma segunda rodada de alta da inflação. O aumento dos preços ao consumidor, principalmente em alimentos e combustíveis, instigou uma ação mais dura (“hawkish”) por parte dos principais bancos centrais. 

O Federal Reserve liderou sucessivas altas na taxa de juros, intensificando o ritmo de aperto a partir de maio. O Banco Central Europeu (BCE) foi a reboque. E aí a economia sentiu. 

O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA foi o primeiro a entrar em recessão técnica, logo na primeira metade de 2022. A desaceleração da atividade nos EUA e também na zona do euro, em meio à inflação persistente e ao aperto monetário, acabou atingindo a China. 

China e a Covid Zero

Mas o país asiático já vinha sentindo os impactos econômicos da Covid Zero, principalmente após os longos dois meses de lockdown em Xangai. O agravamento da crise no setor imobiliário também impediu uma recuperação mais forte. 

Como resultado, o PIB chinês cresceu apenas 0,4% no segundo trimestre de 2022, em base anual. Apesar da aceleração no período seguinte, quando a economia cresceu 3,9%, a população já estava frustrada e cansada com as medidas restritivas.

Os protestos que marcaram o último fim de semana de novembro em várias cidades chinesas refletiram esse sentimento. As manifestações populares saíram de cena, juntamente com a Covid Zero. 

Porém, o salto de casos de covid-19 na China para a marca de milhões no apagar das luzes de 2022 combinado com o fim das políticas de apoio por parte do governo – seja em relação aos testes ou a medicamentos – turva o cenário pós-pandemia. Ainda que a retomada seja mais positiva para a economia chinesa do que para o mundo, não se pode descartar uma reabertura peculiar, “com características chinesas”.

Afinal, o contágio em massa da doença provoca, por ora, mais sobrecarga no sistema de saúde e medo da população do que o desejo de sair a bares e restaurantes ou para viajar – atividades de lazer que eram frequentes mesmo com a Covid Zero.

Ou seja, o abandono abrupto da política de combate e prevenção contra a covid-19 mudou as perspectivas de crescimento econômico chinês – e não apenas de curto prazo. Daí então porquê é mais fácil fazer uma retrospectiva do que foi a China em 2022 do que dizer o que será do país em 2023.

Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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