Economia

Desemprego no Brasil diminui, mas renda continua em queda. O que isso quer dizer?

28 dez 2021, 12:40 - atualizado em 28 dez 2021, 12:40
Desemprego Máscaras Coronavírus
Os brasileiros estão procurando emprego com o intuito de recompor sua renda (Imagem: Reuters/Bryan Woolston)

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou novos dados da sua Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), sinalizando queda na taxa de desemprego do país no trimestre móvel de agosto a outubro, para 12,1%.

A população desocupada no período totalizou 12,9 milhões de pessoas, representando uma queda de 11,3% em relação ao mesmo trimestre móvel do ano passado, quando o país registrou 14,6 milhões de brasileiros em busca de trabalho.

Os números vieram em linha com as estimativas da LCA Consultores, que projetava taxa de desemprego de 12%, mas abaixo do esperado pelo mercado, cuja projeção era de 12,3%.

População ocupada está crescendo…

Os novos dados da PNAD Contínua também mostraram crescimento no número de brasileiros ocupados (94 milhões), o que representa um acréscimo de 10,2% sobre igual período de 2020.

Segundo a LCA, as pessoas estão procurando emprego com o intuito de recompor sua renda, tendo em vista a escalada de preços em itens básicos, como alimentação, combustíveis e energia elétrica.

Na avaliação da LCA, esse movimento deve persistir, amparado pelo avanço da campanha de vacinação contra a Covid-19 no país, permitindo uma maior circulação de pessoas nas ruas e a consequente retomada da atividade econômica.

Mas renda ainda recua

Apesar do aumento na parcela de pessoas ocupadas, o rendimento real habitual entre agosto e outubro recuou 11,1% em relação ao mesmo trimestre móvel do ano passado, para R$ 2.449.

Dinheiro Real
Segundo a LCA Consultores, as pessoas estão se inserindo no mercado com ocupações de qualificação e remuneração menores do que recebiam antes (Imagem: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

De acordo com a LCA, existem inúmeros indícios de que “a qualidade das ocupações vem piorando”, afetando diretamente a renda da população empregada. A consultoria acredita que as pessoas estão se inserindo no mercado com ocupações de qualificação e remuneração menores do que recebiam antes.

“Quando analisamos os microdados da pesquisa trimestral, é possível ver a recuperação da população ocupada por faixa de rendimento. Boa parte dessa recuperação acontece com ocupações entre zero e um salário mínimo, que chegou a patamar recorde em setembro de 2021 (últimos dados disponíveis), enquanto a população ocupada que recebe mais de dois salários mínimos se encontra em patamar bem abaixo do observado no pré-pandemia”, comentou.

Para a LCA, o cenário do mercado de trabalho brasileiro continua com elevada ociosidade.

“Por exemplo, se adicionarmos os subocupados (aqueles que têm uma jornada de trabalho inferior a 40 horas semanais, mas gostariam de trabalhar por um período maior) aos desocupados, a taxa de desocupação com ajuste sazonal sairia de 12,6% para 19,7%. A situação pioraria ainda mais (23,4%) com a inclusão dos desalentados (aqueles que não procuraram trabalho, pois não acharam que conseguiriam). Considerando essas três definições e adicionando a força de trabalho potencial temos a taxa composta de subutilização, que em setembro alcançou 25,7% sem ajuste sazonal”, disse a consultoria.

Próximos dados

A LCA projeta continuidade no crescimento da população ocupada na divulgação dos próximos dados, mas em ritmo menos acelerado.

O Modalmais avalia que o mercado de trabalho continua em “sólida recuperação”, mas enxerga uma recuperação desigual entre a população formal e a informal, com a primeira ainda abaixo do nível pré-pandemia e a última acima.

O banco digital estima que a diferença entre população formal e informal se acentuará devido ao menor dinamismo da economia e ao aumento dos juros.

Os números desta terça adicionam um viés baixista nas projeções do Modalmais, de 12% na taxa de desocupação ao fim de 2021 e 12,3% para 2022.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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