Minério de ferro

É o fim do minério de ferro? Por que a Vale (VALE3) foca em uma commodity que sofre com demanda?

28 jul 2022, 17:20 - atualizado em 28 jul 2022, 17:20
Vale
Vale está focada em investir no minério de ferro (Imagem: Reuters/Washington Alves)

A Vale (VALE3) está focada no minério de ferro. É o que mostra a mineradora brasileira ao assinar acordo para a venda da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP).

Segundo o analista da Mirae Asset, Pedro Galdi, a companhia está concentrando sua produção, pois possui minas e ativos de alta qualidade no setor de mineração, o que a diferencia das concorrentes.

Nesta quarta-feira (28), a Vale assinou acordo vinculante com a ArcelorMittal para se desfazer da sua participação na CSP. A CSP é uma joint venture entre Vale (50%), Dongkuk (30%) e Posco (20%), com capacidade instalada de três milhões de toneladas de placas de aço por ano.

Com a venda, a mineradora brasileira se distância do setor de siderurgia e passa a concentrar seus negócios em minério. No entanto, com menor demanda pela commodity vinda da China, a mineração passa por instabilidades.

Diante desse cenário, por que a Vale está se desfazendo de ativos que diversificam seu portfólio, em busca de concentrar seus negócios no minério de ferro?

É o momento certo para a Vale focar em minério?

De acordo com o analista da Mirae, a Vale participou da criação de quase todas as siderúrgicas no Brasil no passado, viabilizando suprimento e investimentos iniciais. “Passado o tempo de maturação desses projetos, a mineradora se desfaz para se dedicar ao seu negócio básico: a mineração, com viés de melhoras ambientais”, afirma Galdi.

Galdi explica que a Vale se destaca pela alta qualidade de suas minas e ativos. O analista ainda ressalta que, hoje, cerca de 80% do minério de ferro vendido pela mineradora brasileira é considerado premium, com preço melhor.

Em comparação, o analista diz que, na China, onde a siderurgia é responsável por 50% do aço do mundo, as reservas de minério de ferro são de baixa qualidade e, por isso, o país dependerá “eternamente” de cargas vindas do Brasil, da Austrália e da Rússia.

“A China continuará sendo importante para o setor”, reitera o analista.

É o fim do minério de ferro?

As incertezas que pairam na China, principal compradora do minério exportado pelo Brasil, devem tornar a demanda pelo produto mais desafiadora no restante do ano.

No segundo trimestre deste ano, por exemplo, a produção de minério de ferro da própria Vale recuou 1,2% na comparação anual, atingindo 74,1 milhões de toneladas métricas.

Já prevendo essa incerteza pelo restante de 2022, a Vale revisou seu guidance, com expectativa de produção de 310-320 milhões de toneladas de minério de ferro. A projeção original contemplava volumes na ordem de 320-335 milhões de toneladas.

Quem também já sinalizava o fim dessa era de retornos recordes na mineração era a Rio Tinto (RIOT34), ao divulgar uma grande queda no lucro do primeiro semestre deste ano.

A mineradora anglo-australiana teve lucro líquido de US$ 8,91 bilhões entre abril e junho de 2022, valor 28% menor do que o ganho apurado em igual período do ano passado, uma vez que os preços do minério de ferro não foram tão fortes quanto se esperava e os custos aumentaram.

Segundo o chefe executivo (CEO) da empresa, Jakob Stausholm, o “ambiente do mercado ficou mais desafiador no fim do período”.

O analista da Mirae, Galdi, vê alguns pontos importantes, que estão sendo fortemente afetados no atual cenário:

  • O impacto da Pandemia ainda se faz presente na falta de insumos de produção em diferentes cadeias;
  • A guerra na Ucrânia desestabilizou o fluxo de diferentes commodities no mudo;
  • O mundo pode estar caminhando para uma recessão em grandes mercados consumidores (Europa e EUA), o que em conjunto pressionam todas as empresas da cadeia do aço.

Apesar desse cenário, Galdi afirma que, no longo prazo, a volatilidade será superada e o minério de ferro voltará a ter seu destaque.

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Editora-assistente no Money Times e graduanda em Jornalismo pela Unesp - Universidade Estadual Paulista. Entrou para a área de finanças e investimentos em 2021.
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