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Globo: O que está por trás da onda de demissões que atinge emissora

06 abr 2023, 12:46 - atualizado em 06 abr 2023, 16:33
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Globo realiza o maior corte de funcionários na história da companhia (Imagem: Montagem Giovanna Figueiredo)

A Globo está realizando um corte expressivo de funcionários, especialmente do jornalismo. Nos últimos dois dias, mais de 50 desligamentos foram realizados, segundo apurou a coluna de Cristina Padiglione, no jornal A Folha de São Paulo. Este é o maior passaralho, jargão para demissões em massa, já feito pela companhia.

Nomes renomados do jornalismo, das cinco unidades da Globo — São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte e Recife — tiveram vínculo cortado com a empresa.

A justificativa apresentada foi o processo de transformação pelo qual a companhia está passando e constante avaliação do cenário econômico do país e dos negócios.

“Como parte do processo de transformação pela qual vem passando nos últimos anos e alinhada à sua estratégia, a empresa mantém a disciplina de custos e investimentos em iniciativas importantes de crescimento.”, diz a Globo.

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Money Times conversou com fonte familiarizada com o assunto, que optou por não ser identificada. Ele explicou que os cortes atacam diretamente os maiores salários dentro do jornalismo, visando enxugar os altos custos da emissora.

Apontou ainda haver estratégia de, ao cortar funcionários com salário na casa dos R$ 50 mil reais, ou até mais, redirecionar o valor para a contratação e manutenção de uma equipe maior, com mais funcionários que ganharão menos.

Com isso, a Globo renuncia a nomes renomados, com anos de experiência no jornalismo e na casa, mas ganha em diminuição de custos para manter sua posição.

Dentre os nomes cortados está Mônica Sanches, César Galvão, Eduardo Tchao, Lúcia Carneiro, Fábio Willian e Giuliana Morrone.

Vale destacar ainda que, recentemente, Cleber Machado, comentarista há mais de 35 anos dos esportes transmitidos pela Globo, também foi desligado.

Nas redes sociais, perfis noticiam o assunto, que esteve entre os mais comentados, com memes e lamentações sobre as saídas.

Quais são as razões da Globo?

Segundo comunicado da Globo, as razões giram em torno das mudanças na companhia, bem como ajustes operacionais envolvendo os custos.

Conforme fonte ouvida pelo Money Times, a partir disto é possível analisar os aspectos que levam ao corte drástico no quadro de funcionários.

Manter altos salários geram custos operacionais para a Globo. A fonte coloca ainda que a companhia tem receita em reais, visto que atua no Brasil, assim como o serviço de streaming, mas muitas contas são em dólar, aumentando os custos.

Como uma empresa com caixa suficiente para lidar com os custos de rescisão do grupo de funcionários desligados, a Globo tem estrutura para reformular as equipes, com a possibilidade de crescer com custos menores, ao diminuir os salários.

No entanto, a fonte pontua que, com isso, a Globo perde a experiência, fontes e conhecimentos específicos de nomes de longa data e com carreiras consolidadas, com risco da produção de conteúdo se tornar defasada.

“O grande erro da Globo nesse contexto todo é justamente esse. Eles estão investindo em tecnologia, entretanto, tecnologia é meio, não é fim. Por mais que queira ser uma empresa tech, é uma empresa de conteúdo”, explica.

“Então não adianta você investir milhões em tecnologia e não ter o conteúdo que as pessoas querem ver”, aponta.

Globo amargou prejuízo no último ano

Globo divulgou internamente os resultados referentes a 2022, conforme noticiou a coluna de Guilherme Ravache, no Uol. A empresa registrou prejuízo de R$ 41 milhões, ante número negativo de R$ 121 milhões em 2021.

Os custos de amortização dos direitos da Copa do Mundo consumiram os resultados acumulados dos três trimestres anteriores, afirmou Paulo Marinho, diretor-presidente da Globo, em comunicado interno enviado para os funcionários com os números que a coluna teve acesso.

As mídias digitais da Globo tiveram bons resultados, como no caso do Globoplay e Globoplay+Canais. A publicidade digital da Globo teria crescido 30% e a do Globoplay 20%, segundo a coluna.

Na ponta negativa, o que mais pesou foram justamente os custos altos, que se elevaram em R$ 660 milhões.

Denúncia ao Ministério Público do Trabalho

O Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro publicou nota de repúdio em relação às demissões na Globo e afirmou que vai “protocolar denúncia junto ao Ministério Público do Trabalho contra a arbitrariedade e o inaceitável assédio moral no momento mais decisivo da campanha salarial, quando é apreciada a proposta patronal para a renovação da Convenção Coletiva e os trabalhadores buscam reduzir perdas econômicas e assegurar melhores condições de trabalho”.

Com isso, os sindicatos dos jornalistas de São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal formalizaram a denúncia contra a Globo, segundo a diretora sindical Rose Leal, do Rio de Janeiro.

Repórter
Formada em jornalismo pela Universidade Nove de Julho. Foi redatora na área de marketing digital por 2 anos e ingressou no Money Times em 2022.
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