Coluna da Fernanda Mansano

Inflação: Por que o cenário para a Bolsa ficou melhor, depois do IPCA-15 de abril

27 abr 2022, 12:18 - atualizado em 27 abr 2022, 12:18
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Pressão menor: fatores que pesaram na inflação começam a perder força (Imagem: Agência Brasil/Tânia Rêgo)

Hoje tivemos o resultado do IPCA-15, com avanço dos preços em 1,73% em abril frente ao mês anterior, acima do observado em março, quando a taxa avançou 0,95%.

Porém, o resultado, abaixo do esperado pelo mercado (1,84%), o que a princípio pode soar como positivo, veio com avanço da difusão, que passou de 74,6% para 79,5%, ou seja, houve uma maior abrangência das altas de preços entre os itens da cesta de inflação – e sem dúvida isso é ruim.

Mas não foi com esse cenário, ruim, que o mercado de juros futuros reagiu. O que foi observado imediatamente nos DIs, o mercado que nunca mente, foi uma queda nas expectativas de juros entre os vencimentos mais curtos, como o para janeiro de 2023, bem abaixo dos 13% até então observados, até os mais longos.

A explicação está nos fatos que ocorreram nos últimos quinze dias, assim como nos impactos macroeconômicos no âmbito internacional que poderemos observar nos próximos meses.

O primeiro fato positivo é a desinflação dos preços observada nos indicadores de inflação semanal, como o IPC-S, cuja taxa para alimentação e transportes, com destaque para o preço dos combustíveis, vem perdendo força ao longo das últimas semanas.

Já um segundo fato, não observado no IPCA-15 de abril, foi o impacto na mudança tarifária para a bandeira verde de energia elétrica, que passou a valer no dia 16 de abril. Por fim, os impactos do lockdown da China tendem a deflacionar as commodities, ainda que no curto prazo, mas que surtirão efeitos para o processo de desinflação no país.

Sinais para sermos otimistas

Assim, o que todo esse conjunto de informação traz para o investidor é o aumento da probabilidade de que a taxa terminal da Selic esteja próxima, trazendo um melhor cenário para os ativos de risco, como os da Bolsa.

Em outras palavras, as menores pressões inflacionárias remetem que os juros a 12,75% ao ano (patamar previsto para a próxima quarta-feira na reunião do Copom) poderão ser suficientes para ancorar as expectativas de inflação para a meta dos próximos anos.

Por fim, a possível manutenção da Selic nos próximos meses e os fundamentos que levam para um processo de desinflação corroboram para as expectativas positivas quanto ao crescimento econômico, já que melhora o consumo das famílias assim como a retomada de investimento pelas empresas.

Além disso, com a continuidade desse cenário, a possibilidade de observarmos a primeira queda na Selic já começa a se tornar realidade nos últimos meses do ano.

Fernanda Mansano é mestre em economia com experiência de mais de 10 anos no mercado financeiro, passando por instituições financeiras e a bolsa de valores brasileira. Atualmente é economista-chefe na Empiricus.

Fernanda Mansano é mestre em economia com experiência de mais de 10 anos no mercado financeiro, passando por instituições financeiras e a bolsa de valores brasileira. Atualmente é economista-chefe na Empiricus.
Fernanda Mansano é mestre em economia com experiência de mais de 10 anos no mercado financeiro, passando por instituições financeiras e a bolsa de valores brasileira. Atualmente é economista-chefe na Empiricus.
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