Taxa Selic

IPCA recorde repercute nos mercados e já tem quem enxergue a Selic acima de 13,5% ao ano

08 abr 2022, 12:42 - atualizado em 08 abr 2022, 12:42
Dragão Inflação IPCA
IPCA bate recorde em março e mostra que a chama do dragão da inflação continua bem acesa no Brasil. Veja os impactos nos mercados (Imagem: Pixabay/ rauschenberger)

A disparada da inflação no Brasil tem provocado um verdadeiro “eita atrás de eita” no mercado financeiro. O IPCA, indicador que mede a inflação oficial no país, disparou 1,62% em março, a maior alta para o mês desde 1994.

Depois da bomba, parte do mercado já vê a Selic acima de 13,5% ao ano.

Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, explica que cada vez mais o Banco Central (BC) se vê pressionado a recalcular sua rota, com o fim do ciclo de alta da taxa básica de juros da economia hoje em 12,75% ao ano.

A elevação da taxa Selic é o instrumento usado pelo BC para conter a disparada de preços generalizada dos produtos e serviços no país, a famosa inflação.

“Com a curva da Selic no Focus em 12,75% e o desvio inflacionário para 2023 da própria autoridade em cerca de 15bps, além de 2024 desancorando, seria necessário conduzir o juro para além dos 13,5% para restabelecimento da convergência e ancoragem (matematicamente)”, afirma o economista.

Após a divulgação do IPCA nesta sexta-feira (8), a Ativa resolveu alterar sua perspectiva sobre a inflação do ano de 2022.

A projeção saltou de 6,85% para 7,06%, mas a revisão se deu mais pelo comportamento dos núcleos do que pela própria surpresa do dado em março. Com efeito, a perspectiva para 2024 subiu de 3,1% para 3,2%, nesse caso, apenas por inércia.

Samuel Cunha, economista e sócio da H3 Invest, também reforça que o mercado pode ser surpreendido com a mudança de tom do Copom sobre o teto para a Selic. “Considerando o cenário de inflação pujante, não tem como a gente criar um cenário de economia estável no Brasil”, afirma.

Inflação importada

Na expectativa de juros maiores, os investimentos em renda fixa voltaram a ficar mais atrativos. E um dos ingredientes que tem alimentado a chama do dragão da inflação é a chamada inflação importada.

“O Brasil é um país que importa bastante inflação. E olhando para a China, grande parceira comercial, milhões de pessoas estão sem poder sair de casa por conta do coronavírus lá. Isso vai atrasar muito a economia quando reabrir, com a disparada do frete e trazendo mais custos para o Brasil e o mundo”, explica Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

Outro fator internacional que puxa a inflação para cima é a guerra na Ucrânia. A quebra da safra de commodities agrícolas deve manter as cotações em preços elevados por mais tempo, comenta Cruz.

Um exemplo claro disso na economia real é a disparada do preço do pãozinho nas padarias brasileiras. Rússia e Ucrânia são grandes exportadores de trigo, insumo essencial para a produção de farinha de trigo.

Apesar do Brasil importar seu trigo da Argentina, a cotação do grão decolou em torno de 50% no mercado internacional desde o início da guerra no Leste Europeu.

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Repórter de renda fixa do Money Times e Editor de agronegócio do Agro Times desde 2019. Antes foi Apurador de notícias e Pauteiro na Rede TV! Formado em Jornalismo pela Universidade Paulista (UNIP) e em English for Journalism pela University of Pennsylvania. Motivado por novos desafios e notícias que gerem valor para todos.
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