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Oi (OIBR3) pode enfrentar fuga de investidores com grupamento de ações?

24 out 2022, 18:25 - atualizado em 24 out 2022, 18:25
OIBR4
Oi pode acabar perdendo uma parcela de seus investidores com o grupamento de ações, avalia analista (Imagem: REUTERS/Ricardo Moraes)

A Oi (OIBR3;OIBR4) viveu dias turbulentos na Bolsa nos últimos dias. A notícia de que o conselho de administração aprovou um grupamento de ações na proporção de 50 papéis para um foi mal recebido pelos investidores.

Nos três pregões seguintes ao anúncio, os papéis ordinários da Oi caíram forte, chegando a acumular nessas sessões um tombo de 27,7%.

Nesta segunda-feira (24), OIBR3, recuou 3,85%, a R$ 0,25. Já os papéis preferenciais perderam 6,15%, cotados a R$ 0,61 cada.

Efeito psicológico

Gabriel Garcia, da Guide Investimentos, avalia que a Oi pode perder uma parcela de seus investidores com o grupamento de ações, até porque a liquidez vai diminuir.

“Acaba sendo um pouco mais difícil para vender ações. Pode afastar os investidores pessoas físicas”, comenta o analista.

Garcia destaca, porém, que é só uma impressão negativa do mercado, uma vez que os fundamentos da tese de investimento da companhia não mudam.

O analista avalia que a proporção de 50 ações para uma é boa, embora acredite que poderiam ter feito uma proporção menor em questão de liquidez, favorecendo investidores maiores.

“Talvez queiram posicionamento mais fixo de investidores ficando no papel”, diz o analista.

João Abdouni, analista da Inv, também levanta a possibilidade de ocorrer um efeito psicológico de que as ações ficarão caras e, por conta disso, investidores podem começar a vender para derrubar os papéis.

Em comentário enviado a clientes, a Guide calculou que a ação da Oi pode ir a R$ 18 com o grupamento, considerando o fechamento de segunda-feira passada (17).

Na prática, o acionista que tiver Oi na carteira não sofrerá mudanças, já que a empresa reduz o número de ações no mercado, mas o capital social continua o mesmo.

Após o grupamento, a Oi passará a contar com 132 milhões de ações em circulação (de 6 bilhões), sendo 128,9 milhões ordinárias e 3 milhões preferenciais.

Solução dos problemas para a Oi?

Agrupar ações é uma prática comum para empresas (normalmente em recuperação judicial) com ações valendo centavos.

Companhias com papéis negociados abaixo de R$ 1 precisam encontrar uma solução para se adequar às regras da B3 (B3SA3), já que a ação não pode passar de 30 pregões seguidos valendo menos que R$ 1.

A ideia é evitar oscilações bruscas no mercado, visto que, a cada um centavo que ganham ou perdem, as “penny stocks” sobem ou caem forte.

Garcia, da Guide, diz que o grupamento chega para atender essa necessidade da Oi de elevar o valor de suas ações, mas reforça que, mesmo com o reajuste de preços, os fundamentos não vão mudar.

“É mais questão de operações, de continuarem otimizando a estrutura, que já está em processo de andamento. A tendência não mudará tanto com o grupamento”, diz o analista.

Heitor de Nicola, especialista de renda variável da Acqua Vero Investimentos, ressalta que o grupamento resolve o problema do preço baixo da ação, mas não impede que o ativo volte a cair após a operação.

Ele cita como exemplo a Saraiva, que agrupou seus papéis no fim do ano passado na proporção 35 para um e, em movimento semelhante ao que foi visto com a Oi, despencou na Bolsa logo após o anúncio.

“Já vimos isso acontecer anteriormente com empresas como a Saraiva, por exemplo”, lembra.

“No caso da recuperação judicial, no momento, nada muda. O processo segue com o impasse do valor a ser pago pelas demais empresas envolvidas na compra dos ativos móveis da empresa”, completa o especialista.

Na semana passada, a Justiça não aceitou o pedido de suspensão de liminar apresentado pelo consórcio formado por Vivo (VIVT3), Claro e TIM (TIMS3), determinando que seja realizado o depósito em juízo de R$ 1,52 bilhão aplicado no início do mês pela 7ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.

O montante é parte do pagamento relativo à compra pelas três operadoras dos ativos de telefonia móvel da Oi, no valor total de R$ 16,5 bilhões.

“Se o papel [da Oi] continuar a cair, é mais provável que isso seja atrelado aos fundamentos do que ao grupamento em si”, conclui Nicola.

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Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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