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Onde lucrar com Lula? 28 analistas selecionam as melhores ações para abrir o ano no azul

05 jan 2023, 18:59 - atualizado em 06 jan 2023, 12:28
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O que comprar para lucrar com o primeiro mandato de Lula? Veja no levantamento mais completo do mercado (Imagem: Ag. Brasil/ Marcelo Camargo)

O ano de 2023 se inicia com perspectivas mistas por parte dos analistas. Se, por um lado, o Ibovespa parece barato, negociado a patamares menores do que na crise econômica de 2008, por outro as incertezas fiscais com o novo governo permanecem no radar.

E este começo de mês dá a tônica do que será o resto do ano. Em dois dias o Ibovespa perdeu 5% e, agora, recupera as perdas, com o índice disparando mais de 2%.

De acordo com a Mirae Asset, janeiro será um mês de grande volatilidade no mercado acionário global, decorrente da crise que está se instalando no exterior em diferentes frentes.

“O mês de janeiro se inicia com a posse do governo Lula e a criação de novos ministérios, sendo que estes eventos tendem a proporcionar forte impacto no nosso mercado de ações para cima ou para baixo, conforme os agentes do mercado avaliarem as principais mudanças que serão realizadas”, coloca.

O BTG lembra que Lula assumiu para seu terceiro mandato presidencial, e persuadiu o Congresso a aprovar um pacote de expansão fiscal de R$ 170 bilhões/ano para aumentar os gastos sociais, em linha com suas promessas de campanha.

“O pacote acabou sendo maior do que o esperado, com possíveis repercussões para a sustentabilidade da dívida – nossa equipe macroeconômica vê o pacote de expansão fiscal levando a dívida bruta sobre o PIB para 88,6% em 2026 (e 97,7% em 2030), de 73,8% esperados para o ano de 2022”, discorre.

Além disso, a emenda aprovada prevê que o novo governo tem até o final de agosto para apresentar uma proposta revisada das regras fiscais do Brasil e está autorizado a alterá-las por meio de lei ordinária.

“A definição das novas regras deve dominar o debate econômico nos próximos meses”, prevê o banco.

Já a Guide argumenta que a nebulosidade para o começo do ano é elevada.

“Ao mesmo tempo em que Haddad, futuro ministro da Fazenda, se esforça para se apresentar como alguém fiscalmente responsável, os nomes anunciados para outros ministérios ligados à economia e seu próprio secretariado, parecem apontar para uma gestão mais “política” das pastas”, coloca.

A Mirae recorda ainda o cenário exterior, decorrente da crise que está se instalando em diferentes frentes.

“Acreditamos que ocorra um agravamento da crise energética na Europa, com a Rússia dando claros sinais de que vai continuar dificultando o envio de gás para Alemanha e países vizinhos”, observa.

Já está precificado?

Mesmo citando os riscos em torno do Brasil, o BTG argumenta que parte das incertezas parece precificado.

“Dado o quão baratas estão as ações brasileiras, melhorias marginais nas principais variáveis podem ser suficientes
para indicar alguma valorização”, escreve.

Os analistas calculam que um cenário mais positivo, com taxas de longo prazo caindo para 4,5%, crescimento do PIB de 1,5% e inflação de 4%, apontaria para um múltiplo P/L justo de 10,6x, Ibovespa em 131 mil pontos e alta de 19%.

“Uma reforma tributária inteligente, que parece ser uma das principais prioridades do novo governo, poderia melhorar a eficiência e a arrecadação de impostos e ajudar a preencher o gap”, nota.

Porém, a falta de consenso sobre a reforma ideal significa que aprovar uma medida ampla pode ser difícil.

“Se não for possível, algumas mudanças no sistema tributário (tributação de dividendos e fim do JCP) podem gerar receita extra às custas dos lucros consolidados das empresas, enquanto o retorno do imposto federal sobre combustíveis pode gerar algumas receitas fiscais adicionais extremamente necessárias”, afirma o BTG.

O banco elenca três temas para 2023:

  • reabertura da economia chinesa;
  • preços globais do petróleo bem suportados;
  • taxas de juros relativamente altas.

O que comprar?

Para responder a essa pergunta, o Money Times revirou a carteira de 28 analistas, entre bancos, corretoras e casas de análises. Ao todo, foram 264 recomendações divididos em 90 ativos.

Empresa Ticker Indicação
Vale VALE3 20
Itaú Unibanco ITUB4 17
PRIO PRIO3 16
Assaí ASAI3 9
Eletrobras ELET6 8
Multiplan MULT3 8
Weg WEGE3 8

Participaram do levantamento Ágora InvestimentosAtiva InvestimentosBB InvestimentosBenndorfBTG PactualCM CapitalElevenEmpiricusEmpiricus InvestimentosGenial InvestimentosGuide InvestimentosInterInvItaú BBALevante, Nova Futura, Mirae AssetMyCapModalmaisÓramaPlanner, RB Investimentos, Banco SafraSantanderTerra Investimentos, XP InvestimentosWarren e PagBank.

Por que Vale?

E, novamente, a maior empresa brasileira reforçou o seu favoritismo. A Vale levou 20 recomendações. De acordo com o BTG, a empresa é uma boa pedida para explorar a esperada reabertura da China, após um longo período de medidas altamente restritivas para evitar a propagação da Covid.

“Gostamos da entrada de um acionista de referência (Cosan) no conselho da Vale e vemos uma potencial monetização da divisão de metais básicos como um potencial gerador de valor para os investidores de longo prazo”, diz.

Na opinião do banco, a administração permanece altamente disciplinada em sua estratégia de alocação de capital (pouco capex de crescimento).

“Esperamos que a maior parte da agenda estratégica de médio prazo seja voltada aos retornos de caixa dos acionistas – “projetamos um yield de 10-11% para 2023”, escreve.

Já o Santander, que recomenda o papel, elenca quatro pontos de destaque da mineradora:

  • retomada mais forte da atividade industrial na China;
  • manutenção dos preços do minério de ferro em níveis elevados;
  • distribuição de dividendos e programas de recompra de ações;
  • possível spin-off ou IPO da divisão de Metais Básicos, podendo destravar valor à companhia;

Por que Itaú?

Outro gigante brasileiro, o Itaú é o banco favorito de analistas. Para o Inter Research, a instituição financeira tem mostrado solidez e resiliência em seus últimos resultados.

“Em mais um trimestre desafiador para os seus pares, o Itaú se mostrou o best in class do setor, reportando uma melhor qualidade de crédito e um resultado resiliente, mesmo que com pressão no custo do risco, o NII tem compensado, assim como o resultado com serviços tem mostrado boa evolução, principalmente em seguros e cartões”, coloca.

A equipe da Ágora argumenta que o Itaú continuou se beneficiando de um mix de empréstimos mais arriscado e taxas de juros mais altas, enquanto as provisões aumentaram à medida que a inadimplência se deteriorou.

“Embora continuemos preocupados com a qualidade dos ativos, acreditamos que o banco conseguiu compensar um maior custo de risco com uma margem financeira mais forte, ao mesmo tempo em que manteve um índice de cobertura relativamente estável, em linha com a média de 2019”, diz.

Por que PRIO?

O BTG nota que mesmo depois de um desempenho muito forte ao longo do ano da PRIO, há espaço para mais.

“A PRIO está agora em uma posição única no setor brasileiro de óleo e gás: forte curva de crescimento da produção, espaço para reduzir ainda mais os custos (breakeven) e bem capitalizada, o que deve permitir aproveitar oportunidades que ninguém mais pode no setor”, discorre.

Já o Inter ressalta que o preço do barril de petróleo ainda se encontra em patamar elevado, o que contribui diretamente para o resultado operacional da empresa.

“O papel ainda vive uma boa tendencia de alta, onde a trafega desde o fim do primeiro semestre de 2022, onde acreditamos que deva permanecer no curto prazo”, coloca.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
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