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Petrobras: troca de comando ameaça resultados da empresa, e é hora de vender ações

22 fev 2021, 8:54 - atualizado em 22 fev 2021, 9:53
P-74 no campo de Búzios no pré-sal da Bacia de Santos
Canoa furada: para a XP Investimentos, não há razões para manter papéis da Petrobras na carteira (Imagem: Petrobras/ André Ribeiro)

A XP Investimentos é a primeira gestora a reagir à troca de comando na Petrobras (PETR3; PETR4), anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro na noite de sexta-feira (19). A resposta foi um rebaixamento da recomendação da XP de neutra para venda, acompanhado por um expressivo corte no preço-alvo das preferenciais (PETR4), de R$ 32 para R$ 24.

O título do relatório assinado por Maira Maldonado já diz tudo: “Não há mais como defender”. A analista reconhece que é cedo para saber se o general Joaquim de Silva e Luna, indicado para substituir Roberto Castello Branco no comando da Petrobras, manterá a atual política de preços, ou se se submeterá à ingerência política do Palácio do Planalto.

De qualquer modo, a analista sublinha que o que importa, agora, é “a mensagem que está sendo transmitida ao mercado: está se tornando cada vez mais difícil, do ponto de vista político para a Petrobras, implementar uma política de preços em que os preços dos combustíveis variam de acordo com as variações dos preços do câmbio e do barril de petróleo (principalmente no caso do diesel, dadas as pressões da categoria dos caminhoneiros).”

Riscos

A XP Investimentos dividiu, ainda, os impactos negativos em dois grupos. O primeiro refere-se às perspectivas negativas da ingerência política na Petrobras, colocando em dúvida sua governança. O segundo diz respeito à continuidade da atual política de preços e suas implicações para a saúde financeira da estatal.

A gestora observa que, mesmo que a troca ainda não tenha sido ratificada pelo conselho de administração, o anúncio em si já é negativo, porque “coloca em xeque a independência administrativa da Petrobras, principalmente tendo em vista sua motivação.”

Joaquim Silva e Luna
Submissão? Chegada de Luna e Silva pode significar deterioração nos resultados da Petrobras, alerta XP Investimentos (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Tão ou mais preocupante que a perda de autonomia, é o impacto da mudança no futuro da companhia. “Esperamos uma deterioração nos resultados no futuro, não apenas devido às margens de refino mais baixas, mas também devido aos riscos que a Petrobras deva realizar importações de combustível com prejuízo para evitar qualquer risco de desabastecimento no mercado local”, explica a XP.

Tudo somado, a gestora acredita que o mercado castigará os papéis da empresa nos próximos pregões. Uma prévia do mau humor dos investidores foi dada já na sexta-feira, quando os rumores de uma intervenção na companhia derrubaram suas ações. As ADRs da Petrobras, negociadas em Nova York, recuaram mais de 10% naquele dia.

“Apesar das ações ainda apresentarem elevada geração de caixa no cenário atual, acreditamos que a maior percepção de risco para investidores após os anúncios recentes e o ambiente atual de incertezas levarão as ações a negociarem a um desconto em relação aos níveis históricos de múltiplo e em relação a petroleiras globais”, diz o relatório da XP.

Diretor de Redação do Money Times
Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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Ingressou no Money Times em 2019, tendo atuado como repórter e editor. Formado em Jornalismo pela ECA/USP em 2000, é mestre em Ciência Política pela FLCH/USP e possui MBA em Derivativos e Informações Econômicas pela FIA/BM&F Bovespa. Iniciou na grande imprensa em 2000, como repórter no InvestNews da Gazeta Mercantil. Desde então, escreveu sobre economia, política, negócios e finanças para a Agência Estado, Exame.com, IstoÉ Dinheiro e O Financista, entre outros.
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