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Pix deixou o brasileiro mal acostumado? Entenda por que o Open Finance ainda não engrenou

05 fev 2024, 15:20 - atualizado em 05 fev 2024, 15:20
2024: o ano do open finance
Algumas empresas não oferecem a opção de pagamento via OF para evitar impacto em suas vendas (Imagem: Umnat Seebuaphan’s Images)

O Open Finance (OF) comemorou na última quinta-feira (01) três anos de existência. Apesar de parecer bastante, ele é apenas alguns meses mais novo do que o seu irmão mais popular (e eficiente), o Pix.

Com uma taxa de aprovação de cerca de 70%, segundo estudo realizado pelo instituto Ipsos a pedido da TecBan, a ideia do que a ferramenta pode proporcionar em um futuro próximo é convidativa, mas ainda não conquistou a confiança dos clientes que disponibilizaram seus dados para as instituições. Isso porque existem ainda poucas funcionalidades à disposição dos usuários que façam com que validem a utilidade da ferramenta.

“Hoje em dia, o que se percebe é que ainda tem uma dificuldade na experiência do usuário. Não é tão simples conectar uma conta a outra. O que eu vejo, como usuária e profissional do mercado, é que a ideia é uma boa, faz muito sentido, mas ainda não está implementado de uma forma que seja fácil, rápido e simples”, aponta Ana Zucato, fundadora da fintech Noh.

Pedro Gomes, da empresa Friday, entende que, em teoria, a jornada de pagamentos através do Open Finance deveria ser mais rápida e descomplicada, mas as integrações entre os participantes ainda têm sofrido com falhas, levando algumas empresas a não oferecer a opção de pagamento via OF para evitar impacto em suas vendas.

Por que o Open Finance ainda não engrenou como o Pix?

A resposta, no entanto, é um pouco mais simples do que parece: a verdade é que o Pix deixou os brasileiros mal acostumados.

O diretor de operações da fintech Iniciador, Gustavo Bresler, que também é membro do Grupo de Trabalho de UX do Open Finance  criado pelo próprio Banco Central para estudos da aplicação da ferramenta –, explica que o Pix foi muito bem aceito por diversos motivos.

O Pix foi a primeira esteira de trabalho dessa agenda de digitalização das formas de pagamento que o Banco Central trouxe. Ou seja, sem o Pix, o Open Finance e o Drex não poderiam existir. O segundo ponto é que o Pix é um meio de pagamento idealizado e desenvolvido pelo Banco Central, o que facilitou a implementação e disseminação entre os brasileiros. Grande parte da sua agilidade e facilidade se deve a este motivo.

Leia também: Pix, Drex e Open Finance: Campos Neto avalia o futuro dos pagamentos no Brasil

Enquanto isso, Breseler explica que o Open Finance é um ecossistema criado pelo BC, mas que permite que as instituições financeiras possam criar seus “caminhos”, sendo o Banco Central apenas o regulamentador. Por esse motivo, o OF ainda está em construção e não se vê ainda a eficiência dele da forma como se viu de maneira tão rápida a do Pix.

“Tem essa questão também de os bancos não contribuírem tanto porque, a princípio, eles não sabiam o que fazer com os dados (que foram disponibilizados pelos clientes no Open Finance). Então, o problema é de ‘ovo e galinha’ ali. Eu primeiro preciso receber os dados para entender eles nesse padrão que estão vindo para entender o que eu posso fazer com isso”, aponta Breseler.

Segundo o diretor de operações, é exatamente isso que muda este ano. Agora, de fato, os bancos vão começar a desenvolver produtos e formas de melhorar a experiência do cliente com a tecnologia.

2024, o ano do Open Finance

Em março de 2024, entram em vigor novas medidas de acompanhamento que serão definidas pelo Manual de Monitoramento do Open Finance que o Banco Central está desenvolvendo. O documento ajudará a medir de forma mais eficaz o andamento e a qualidade dos serviços oferecidos pelas instituições financeiras.

Além disso, uma nova funcionalidade será lançada em breve aos usuários adeptos ao OF, que serão as transferências inteligentes por isso o Pix ter vindo primeiro era tão importante, assim abriria caminho para operações como essa.

A ferramenta, que estará disponível para os usuários no dia 15 de abril, funcionará de forma bem simples: com a permissão concedida ao banco X e ao banco Y, será possível movimentar o dinheiro de uma conta para outra sem precisar realizar uma transferência.

“Isso é muito legal, porque o banco agora consegue criar produtos financeiros que não eram possíveis antes. Então eles vão poder criar um cheque especial global que vai cobrir todas as suas contas compartilhadas”, explica Bresseler.

Com isso, o executivo da Friday observa que o mercado financeiro irá poder criar experiências inovadoras, possibilitando o desenvolvimento de negócios e novas formas de oferecer produtos, sejam eles personalizados ou não, provocando uma expansão do setor.

Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.
Jornalista formada pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, atua há 3 anos na redação e produção de conteúdos digitais no mercado financeiro. Anteriormente, trabalhou com produção audiovisual, o que a faz querer juntar suas experiências por onde for.
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