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Raia Drogasil espera 2º trimestre fraco e recuperação no 3º

29 abr 2020, 13:35 - atualizado em 29 abr 2020, 13:35
Raia Drogasil RADL3
A RD divulgou na noite da véspera crescimento de cerca de 45% no lucro ajustado do primeiro trimestre (Imagem: Money Times/Gustavo Kahil)

A Raia Drogasil (RADL3) mantém plano de abertura de 240 lojas no Brasil em 2020, apesar da crise econômica desencadeada pela epidemia de Covid-19, que deve impactar as vendas da empresa segundo trimestre, afirmaram executivos da maior rede de farmácias do país, nesta quarta-feira.

A expectativa da companhia é que a manutenção do plano de aberturas aliada a dificuldades de rivais menores por conta da crise possibilitem ampliar participação de mercado e reforçar a estratégia de crescer em iniciativas que incluem clientes comprando pela internet e retirando os produtos nas lojas.

Em teleconferência com analistas mais cedo, executivos da RD afirmaram que a companhia possui 36 milhões de clientes ativos em sua plataforma de comércio eletrônico e que 2.100 lojas da rede espalhadas pelo país já oferecem opção de retirada de produtos comprados online, canal que tem trazido forte queda de custos logísticos para uma série de varejistas.

A RD divulgou na noite da véspera crescimento de cerca de 45% no lucro ajustado do primeiro trimestre, impulsionado por uma corrida dos consumidores para estocar medicamentos em meio às medidas de quarentena adotadas no país.

Porém, esse movimento se inverteu no início do segundo trimestre, com o fluxo de clientes nas lojas caindo, o que faz a RD prever queda significativa no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) no segundo trimestre.

“No final das contas o que temos é perda de alavancagem operacional, que esta queda (no crescimento) de vendas vai trazer. Abril vai crescer 5%…acho que maio e junho vai ser um pouco melhor”, disse o diretor de planejamento corporativo da RD, Eugenio de Zagottis, afirmando que a venda deste mês “deveria estar crescendo 20%” em condições normais.

“Vai ter impacto relevante de margem Ebitda, vai cair bem neste trimestre”, disse o executivo.

As ações da RD tinham queda de 4% às 13h15, enquanto o Ibovespa subia 1,6%.

Zagottis afirmou que a empresa deve reverter a queda no Ebitda no terceiro trimestre, embora a expectativa seja baseada na crença de que as medidas de restrição à circulação da população sejam levantadas até lá.

“Agora vem um trimestre muito diferente, com desaceleração de vendas…Vai ser Ebitda positivo, mas vai ser baixo, com despesas pontuais e pico de capital de giro, porque estamos nos estocando muito e vendendo menos”, disse o executivo referindo-se ao segundo trimestre.

Questionado se a crise pode abrir oportunidades para compra de redes rivais, o presidente-executivo da RD, Marcílio D’Amico Pousada, disse que a empresa está mais focada no processo de abertura de lojas.

“O que está acelerando para gente é o digital, aí sim estou mais animado a comprar”, disse D’Amico referindo-se a empresas de tecnologia que agreguem ferramentas como inteligência artificial. A RD já teve um salto na oferta de compra online e retirada em loja desde a compra da Onofre, em fevereiro de 2019.

Zagottis comentou que a crise desencadeada pelo Covid-19 acelerou a regulamentação de inovações no mercado de saúde e no caso da telemedicina, aprovada pelo Ministério da Saúde em março, não haverá retorno, e que a possibilidade de emissão de receitas eletrônicas de medicamentos “está avançando”.

Na véspera a RD anunciou no balanço trimestral piloto de um braço de serviços de bem-estar, o Saúde em Dia, envolvendo consultas médicas via telemedicina, teleatendimento psicológico e verificador de sintomas via chatbot.

Perguntado sobre a aprovação do ministério para a aplicação de testes rápidos de detecção de Covid-19, o que pode gerar um fluxo de novos clientes para as lojas, Zagottis foi enfático:

“Fazer por fazer, sem um protocolo seguro de aplicação dos testes, nós não vamos fazer”, disse o executivo. Ele explicou que há uma oferta grande de testes de Covid-19 de múltiplos fornecedores e “uma discrepância brutal na qualidade deles”. Ele avalia que se a oferta aprovada pelo ministério não for feita com critério, “vai gerar uma massa brutal de falsos negativos e uma massa enorme de gente que deveria na verdade ficar em casa”.

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