Moedas

Ruídos domésticos impulsionam dólar contra real apesar de fraqueza global da moeda

19 fev 2021, 9:18 - atualizado em 19 fev 2021, 10:38
Dólar, Câmbio, Dinheiro
Na B3, o dólar futuro registrava queda de 0,35%, a 5,410 reais (Imagem: Unsplash/@anniespratt)

O dólar passava a cair contra o real na manhã desta sexta-feira, depois de ter registrado ganhos mais cedo em meio a ruídos domésticos sobre os preços dos combustíveis e possíveis interferências na Petrobras (PETR4) por parte do governo, com sinais de avanços na agenda do Congresso e um arrefecimento da divisa norte-americana no exterior elevando os ânimos dos investidores.

O presidente Jair Bolsonaro anunciou na noite de quinta-feira que vai zerar em definitivo os impostos federais sobre o gás de cozinha e por dois meses os que incidem sobre o diesel, neste caso, com o objetivo de “contrabalançar” o reajuste que considerou “excessivo” da Petrobras de 15% nesse combustível.

Bolsonaro também afirmou em transmissão na quinta-feira pelas redes sociais que “obviamente” vai ter consequência a fala do presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, que dias atrás havia dito que a ameaça de greve de caminhoneiros não era problema da Petrobras.

Os participantes dos mercados receberam a notícia de forma negativa, uma vez que essa fala “renova preocupações que já existiam sobre a autonomia da estatal”, disse à Reuters Thayná Vieira, economista da Toro Investimentos. “Bolsonaro já havia falado que não interferiria na Petrobras, mas seus comentários geraram incerteza.”

Com essas manchetes no radar, o dólar chegou a tocar 5,4710 reais na venda na máxima da sessão. Mas, às 10:22, o dólar recuava 0,58%, a 5,4100 reais na venda.

Na B3, o dólar futuro registrava queda de 0,35%, a 5,410 reais.

Colaborando para essa virada no comportamento cambial estava a notícia de que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afirmou na quinta-feira que a chamada PEC Emergencial será pautada no plenário da Casa na próxima semana e que o parecer da proposta deve ser divulgado até a segunda-feira.

O governo sugeriu, em reunião de líderes do Senado na véspera, reduzir a amplitude da PEC de forma a facilitar sua votação na Casa na próxima semana e informou a intenção de editar uma medida provisória sobre o auxílio emergencial assim que ela for aprovada.

“Tivemos sinalização do (presidente da Câmara dos Deputados Arthur) Lira e Pacheco de que o foco permanece em torno da PEC Emergencial. Sua votação tem intenção de cortar despesas para liberar medidas em torno do auxílio emergencial”, explicou Vieira. “A reiteração de compromisso com a agenda gera otimismo.”

Rodrigo Pacheco
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou na quinta-feira que a chamada PEC Emergencial será pautada no plenário da Casa na próxima semana (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

Enquanto isso, no exterior, o índice do dólar contra uma cesta de moedas operava em queda de quase 0,4%. O foco dos investidores globais continuava nos Estados Unidos, à medida que aguardavam novidades sobre um pacote de resgate de 1,9 trilhões de dólares, proposto pelo presidente Joe Biden, em discussão no Congresso.

O dólar spot caminhava para registrar alta de cerca de 0,63% contra o real no acumulado da semana.

A moeda norte-americana à vista fechou o último pregão em alta de 0,48%, a 5,4414 reais na venda.

O Banco Central anunciou para esta sexta-feira leilão de swap tradicional para rolagem de até 19 mil contratos com vencimento em junho e outubro de 2021.

(Atualizada às 10h37)

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