Perspectiva Semanal

‘Sell in May and go away’: Próxima Super Quarta de decisão dos BCs será em mês de revés nos mercados

26 mar 2023, 16:00 - atualizado em 24 mar 2023, 16:53
Ibovespa, ações,
Próxima Super Quarta de decisão do Fed e do Copom acontece em maio, mês conhecido pela premissa de ‘vender e ir embora’ (Imagem: REUTERS/Amanda Perobelli)

A última semana de março ainda traz os ecos da mais recente Super Quarta deste ano no mercado financeiro. No entanto, os investidores já estão de olho na próxima vez em que haverá uma coincidência de datas das reuniões do Federal Reserve e do Comitê de Política Monetária (Copom). 

E isso está previsto para acontecer já no próximo encontro de ambos os bancos centrais, em maio. Será, portanto, quando os mercados irão colocar à prova um dos mais tradicionais provérbios de Wall Street, que diz, ao pé da letra, para “vender em maio e ir embora”, curtir as férias de verão no hemisfério norte. 

Aliás, a premissa do Sell in May and go away tem chance de tornar-se realidade. Até porque não se sabe se até lá o Fed estará mais certo do que fazer em relação à taxa de juros dos Estados Unidos. Nem se o Copom deixará de lado a convicção quanto à necessidade de manter – ou até mesmo de subir – a taxa Selic

Fed e Copom em março

Ao menos foram essas as as mensagem deixadas pelos BCs ao final da última quarta-feira (22). De um lado, o Fed apertou os juros em mais 0,25 ponto percentual (pp) e deixou em aberto o próximo passo, ainda sem entender como foi exatamente que aconteceu a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e o colapso do Credit Suisse na Europa.

Ainda assim, Jerome Powell reconheceu que “sentiu o tranco” e sabe que a crise dos bancos regionais dos EUA tende a afetar a economia norte-americana. Por isso, até sinalizou que o ciclo de aperto dos juros está perto do fim, mas não descartou uma nova alta residual em maio. No entanto, se houver uma pausa será aquela que “não refresca”, diante dos riscos de recessão cada vez mais evidentes. 

Já o Copom ignorou solenemente os impactos dos episódios envolvendo os bancos nos EUA e na Europa, no estilo “cada um com os seus problemas”. Mais que isso, o BC de Roberto Campos Neto relegou a piora das condições financeiras no mercado de crédito, seja via bancos ou mercado de capitais. De quebra, abriu uma nova rodada na queda de braço com o governo.

Maio é logo ali

Portanto, existe um difícil trade-off. Afinal, a função dos BCs é manter o sistema financeiro estável e a inflação baixa. Atualmente, porém, enfrentam duas batalhas com soluções cada vez mais contraditórias.

Enquanto o monstro da inflação ainda não está totalmente domado, é cedo para afirmar que o risco de contágio no sistema financeiro foi contido. Dessa forma, seria um erro parar de combater a alta dos preços apenas para preservar a saúde dos bancos. 

Em contrapartida, cortar as taxas de juros ajudaria os bancos, dando maior apoio ao sistema financeiro e atenuando as preocupações com o mercado de crédito. O problema é que qualquer uma dessas opções estimularia a economia, piorando o cenário da inflação.

Seja como for, à medida que avaliam a perspectiva para o cenário econômico, os bancos centrais também deveriam ser cautelosos com os sinais que enviam aos mercados, levando em conta os perigos à economia. Afinal, maio é logo ali e se as premissas para aquele mês nos mercados não são nada favoráveis, a abordagem dos BCs é que define se há risco relevante no radar.

Editora-chefe
Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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Olívia Bulla é editora-chefe do Money Times, jornalista especializada em Economia e Mercado Financeiro, com mais de 15 anos de experiência. Tem passagem pelos principais veículos nacionais de cobertura de notícias em tempo real, como Agência Estado e Valor Econômico. Mestre em Comunicação e doutoranda em Economia Política Mundial, com fluência em inglês, espanhol e conhecimento avançado em mandarim.
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