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Superfluid: impulsionando o fluxo de caixa em redes blockchain

09 ago 2021, 16:21 - atualizado em 09 ago 2021, 16:21
Superfluid se apresenta como um novo padrão de token, com o poder de descrever fluxos de caixa e executá-los automaticamente em um blockchain ao longo do tempo sem que o usuário precise interagir com o protocolo (Imagem: Medium/Superfluid)

O que vem à sua mente quando você lê a palavra “blockchain”?

Grande parte das pessoas pensam na possibilidade de transferir valor. Por quê? É uma forma mais fácil de entender do que se trata a tecnologia.

Por que você deveria confiar na tecnologia cripto?

Criptomoedas geram certa insegurança em quem não está inserido nesse mercado pois, se são ativos puramente digitais, não podem ser apenas copiados e colados, como outros tipos de arquivos digitais? A resposta é: não é bem assim.

A questão é que, Satoshi Nakamoto, o pseudônimo criador do protocolo Bitcoin, queria que as pessoas tivessem controle sobre suas próprias finanças, e não dependessem de instituições financeiras que cobram altas taxas e ficam com a custódia (“posse”) do dinheiro das pessoas.

Assim, visou criar um sistema dependente da criptografia e que não precisava de um agente central — um comitê de diretores ou um CEO, por exemplo — para que as pessoas tivessem liberdade de transferir dinheiro sem interrupções ou altas taxas.

Em um artigo, Kyle Samani, sócio-gestor da empresa de investimentos em cripto Multicoin Capital, debate sobre a importância das finanças descentralizadas (DeFi), possível graças à tecnologia blockchain.

Conexão de fluxos de caixa

A tecnologia blockchain soluciona o problema de fraude graças à criptografia embutida, que não permite que o dinheiro saia da conta sem que o usuário da carteira blockchain dê a ordem (Imagem: Pixabay/Art_To_Art_97)

Em seu texto, Samani menciona a fraude de cartões de crédito, trazendo-a ao contexto cripto.

Já que o mercado cripto não depende de serviços nativamente bancários — que exigem a criação de uma conta bancária, senha, validação eletrônica, entrega de comprovante de residência etc. —, utiliza, como via de acesso, chaves públicas e chaves privadas.

“Chave pública” é um endereço alfanumérico que serve como se fosse a conta bancária de uma pessoa — que ela compartilha com outra para receber dinheiro —, enquanto “chave privada” se refere às palavras-chave aleatórias (ou “seed phrase”) que são fornecidas ao usuário na criação de uma carteira digital em blockchain para que ele tenha acesso a seus fundos — e só ele tenha acesso.

Quando a chave privada é comprometida, não há mais como recuperar. Assim, se uma pessoa tiver acesso a seus dados de cartão de crédito, vão usar seu dinheiro à vontade. Por isso, fica o apelo: não forneça suas chaves privadas a ninguém.

Samani menciona a tentativa de grandes empresas de pagamentos em melhorar a segurança, como a Apple (APPL; AAPL34), que implementou a criptografia de chaves públicas em seu sistema.

Antes de finalizar uma compra, o iPhone de um usuário precisa “dar a ordem” de compra para que o aplicativo Apple Pay realize a operação, reduzindo o risco de fraude.

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Assim, a tecnologia blockchain soluciona o problema de fraude graças à criptografia embutida. Porém, Samani afirma que existem novos problemas com essa implementação: gestão de chaves e consumo de “gás” — taxas pagas a mineradores da rede Ethereum, responsável pela inovação das DeFi.

Ele dá o exemplo de Superfluid, um protocolo no qual a Multicoin investiu recentemente, que visa solucionar o fardo monetário de transferência e gestão nas redes blockchain, que possui três camadas:

Superfluid está aumentando a eficiência monetária de capital ao facilitar e automatizar redes de fluxos de ativos (Imagem: Superfluid)

1) Transmissão de fluxos de caixa

Samani afirma que o processo de transmissão de fluxos de caixa não são como canais de segunda camada — ou “state channels” onde transações são executadas fora do blockchain principal por meio de transações bilaterais (entre remetente e destinatário):

Superfluid permite que o remetente autorize o envio com uma única assinatura, pois não requer que o destinatário esteja on-line. Isso reduz o fardo de gerenciamento de chaves.

Destinatários podem resgatar os tokens que lhes foram enviados a qualquer momento com uma assinatura (ou nunca resgatá-los, e sim enviá-los a outra pessoa via Superfluid).

2) Programabilidade

Contratos autônomos (ou “smart contracts”) podem manipular os fluxos de entrada de tokens, assim como depósito.

Por exemplo: “envie US$ 5 por hora a Bob contanto que eu esteja recebendo, pelo menos, US$ 10 por hora”. A lógica do fluxo de caixa pode ser arbitrariamente complexa.

3) Rede de pagamentos

“Bob recebe um fluxo de US$ 20 por hora de seu funcionário, envia US$ 5 para pagar por um empréstimo, envia US$ 10 em uma conta-poupança, paga por algumas assinaturas e envia o restante para comprar ETH a cada segundo.

Segundo Samani, a solução resolve muitos problemas de uma só vez: “aumenta a eficiência de capital, reduz o consumo de gás e o número de vezes que um usuário precisa assinar transações”.

Samani menciona alguns casos de uso do protocolo:

infraestrutura de pagamentos de organizações autônomas descentralizadas (DAOs): Superfluid dá uma única ordem de pagamento contínua para um contratante em vez de pagá-lo diversas vezes;

– derivativos DeFi: Superfluid irá remodelar a gestão de risco para que a gestão de garantias seja programável na vida real (em comparação a diversas liquidações diárias que expõem credores a grandes riscos de contraparte no mercado tradicional);

– Internet das Coisas (IoT): Superfluid facilitará o fluxo de pagamentos em tempo real a centenas de bilhões de dispositivos que estarão conectados na próxima década, alimentando carros autônomos, radares, câmeras, vestuário etc.;

– serviços de assinatura: a criptografia não permite o débito automático em sua conta. Assim, Superfluid permite que serviços impulsionem valor ao longo do tempo para um fornecedor de serviço sem obter mais autorizações (ex: Supersaiyan);

– finanças em tempo real: uma nova economia no setor DeFi que movimenta dinheiro a altíssimas velocidades (ex: Wolta Finance e Streamswap).

Samani conclui seu texto ao focar na “velocidade monetária”:

Pensando em daqui a dez anos, Superfluid terá efeitos profundos nos fluxos de valor, na gestão de capital circulante, pagamentos em máquinas de IoT e, até mesmo, modelos de avaliação para grandes empresas.

Hoje, pessoas e empresas enviam pagamentos em lotes em frequências semanais, bisemanais ou mensais. Às vezes, produtos e serviços são pagos em 30 ou até 90 dias após a entrega.

Essa complexidade nos fluxos de caixa reduz a taxa de rotatividade e aumenta os custos de capital circulante pela economia. O único motivo pelo qual aceitamos essas condições é por conta da falta de uma tecnologia melhor, junto com a inércia do passado.

DeFi estão aumentando a eficiência de capital de ativos ao permitir que ativos sejam “rehipotecados” entre protocolos. Superfluid está aumentando a eficiência monetária de capital ao facilitar e automatizar redes de fluxos de ativos.

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