AgroTimes

Vale à pena prestar atenção ao USDA e não apostar muito contra JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3) nos EUA

04 set 2022, 11:35 - atualizado em 04 set 2022, 13:14
Boi Carnes Gado Agronegócio
A pequena queda do gado nos EUA e custos mais altos podem ser compensadas (Imagem: Reuters/Agustin Marcarian)

Muito se tem comentado sobre a oferta mais justa de boi neste semestre nos Estados Unidos, que comprometeria as margens de JBS (JBSS3) e Marfrig (MRFG3) no país, mas não só o Departamento de Agricultura (USDA) deixa algumas dúvidas sobre esse isso, como também não reporta um cenário desastroso para 2023.

Como o ciclo do setor é longo, uma brusca reversão agora também afetaria bruscamente o volume do ano que vem, deixando a originação bem mais alta em preços. E não é o que parece.

De cara, pode-se registrar as expectativas do respeitado órgão do governo. Em 2021, os números consolidados foram 12,6 milhões de toneladas de carne bovina, enquanto as projeções de 2022 dizem uma queda marginal, para 12,3 milhões/t.

Embora haja possibilidade de alguma revisão desses números, uma vez que a seca nas planícies produtoras ao longo de agosto pode ter castigado um pouco mais a oferta, não se espera nada muito abrupto. A maior parte do gado nos EUA é confinado.

Para 2023, a redução estimada da proteína bovina no país varia de 600 a 700 mil toneladas.

Além de também não ser um número muito expressivo, os últimos relatórios do USDA deixam em reversa, igualmente, uma possibilidade de revisão, mas para cima.

Este segundo semestre está mostrando uma colocação de gado em confinamento acima da sazonalidade. E não somente pela seca e aumento do abate de fêmeas. O consumo se sustenta.

Desse modo, ao menos o peso de carcaça deve crescer, se for confirmada as informações colhidas. Ou seja, mesmo que não haja aumento no número de cabeças, a produção ‘per capita’ de proteína será maior.

Já em julho, relatório NAss Cattle on Feed mostrava 11,3 milhões de animais alimentados em curral, pouco acima do mesmo período de 2021. Desses, 4,4 milhões de novilhas, alta de 3%, o que é um recorte interessante para o perfil do mercado americano.

Neste mesmo mês, o USDA concluiu que os fazendeiros do país detinham cerca de 98,8 milhões de bois, vacas, novilhas e bezerros, plantel total pouca coisa inferior ao visto em janeiro.

Custos X preços

Naturalmente, os custos dos produtores aumentam, mas pelo retrato até aqui não tanto pela queda da oferta de matéria-prima, mas certamente pelas despesas com mais alimentação em confinamento.

As cotações do boi gordo de Chicago, avançaram cerca de US$ 4 o centum weight (cwt, unidade de medida), sobre a média de US$ 140 do primeiro semestre, refletindo preços mais altos pedidos pelos produtores.

Porém, tanto quanto o USDA reconhece que isso encurta um pouco os ganhos da cadeia, os preços da carne no atacado e varejo também se mostram aquecidos para o resto do semestre.

O consumo ainda não foi atacado pela menor geração de empregos em agosto (316 mil, contra mais de 500 mil de julho), nem pelo arrocho das taxas de juros pelo Federal Reserve (Fed).

Para completar, as exportações americanas seguem em ritmo frenético. 2021 já foi recorde e neste 2022 vão crescer mais 220 mil toneladas, para 1,6 milhão/t. E devem chegar a acima de US$ 12 bilhões, empurradas pelo preço da carne do país, mais valorizada internacionalmente – e com entrada privilegiada em marcados que pagam bem, como Japão e Coreia do Sul – e o dólar valorizado.

E só para o primeiro semestre de 2023, o USDA já calcula alta de 5 mil toneladas.

Siga o Money Times no Facebook!

Curta nossa página no Facebook e conecte-se com jornalistas e leitores do Money Times. Nosso time traz as discussões mais importantes do dia e você participa das conversas sobre as notícias e análises de tudo o que acontece no Brasil e no mundo. Siga agora a página do Money Times no Facebook!

Repórter no Agro Times
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Jornalista de muitas redações nacionais e internacionais, sempre em economia, após um improvável debut em ‘cultura e variedades’, no final dos anos de 1970, está estacionado no agronegócio há certo tempo e, no Money Times, desde 2019.
Giro da Semana

Receba as principais notícias e recomendações de investimento diretamente no seu e-mail. Tudo 100% gratuito. Inscreva-se no botão abaixo:

*Ao clicar no botão você autoriza o Money Times a utilizar os dados fornecidos para encaminhar conteúdos informativos e publicitários.