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VALE3, CSNA3, CMIN3, USIM5 e GGBR4: Minério de ferro voltará a pesar sobre as ações no 2º semestre?

04 jul 2023, 19:15 - atualizado em 04 jul 2023, 19:16
Minério de Ferro
Minério de ferro: Goldman Sachs alerta que o mercado está entrando em ponto de inflexão, para uma fase de sobreoferta no segundo semestre (Imagem: REUTERS/Melanie Burton)

O ano de 2023 não está sendo fácil para o setor de mineração e siderurgia, que tem sofrido com a alta volatilidade nos preços do minério de ferro nos mercados asiáticos.

A matéria-prima siderúrgica, que chegou a atingir o pico dos US$ 130/tonelada, passou por uma forte correção desde o início do ano, à medida que o mercado volta a reconsiderar as premissas (consideradas muito otimistas e até insustentáveis por alguns) para o ritmo de recuperação da atividade econômica da China.

Dados mais fracos divulgados pela segunda maior economia do mundo jogaram um balde de água fria em quem contava com um rali mais prolongado do minério de ferro. No pior momento do ano, a commodity chegou a afundar para patamares abaixo de US$ 100, conforme traders pesavam o cenário de demanda fraca e um setor imobiliário chinês que pena em mostrar sinais mais claros de melhora sem estímulos adicionais por parte do governo.

Não à toa, as mineradoras e siderúrgicas brasileiras, altamente expostas ao minério de ferro,  seguiram uma forte correção na Bolsa nos meses passados. A Vale (VALE3), inclusive, figurou entre as cinco maiores quedas do Ibovespa no primeiro semestre.

A pergunta que fica daqui para frente é: estaria o ciclo de baixa chegando ao fim?

Incertezas persistem

Em relatório divulgado no último mês, o Goldman Sachs alerta que o mercado está entrando em ponto de inflexão, para uma fase de sobreoferta no segundo semestre. Na avaliação dos analistas, no segundo semestre, os preços do minério de ferro devem atingir média de US$ 90/tonelada.

Sobre os fatores que devem levar à sobreoferta no mercado, o banco cita um ambiente de oferta mais forte, além de um cenário de demanda global por aço “crescentemente mais opressivo” pela contração do mercado imobiliário na China e ventos contrários na manufatura global.

Segundo o Goldman Sachs, por mais que exista expectativa de novos estímulos para o setor imobiliário, a medida do governo chinês deve aliviar a queda, e não servir de gatilho para uma retomada significativa no curto prazo.

Para a Genial Investimentos, que já vinha chamando atenção para a especulação nos preços do minério de ferro e apontando para o exagero da reação do mercado, a visão em relação à China vai de pessimista a neutro.

De acordo com o analista Igor Guedes, a tese principal da corretora é de uma reabertura pós-Covid na China movimentada por serviços, e não por bens.

Isso pode ser visto em números de atividade industrial recentes do país asiático. Nesta semana, foi divulgado que a atividade industrial da China está desacelerando, com o Índice de Gerentes de Compras (PMI) de indústria do Caixin/S&P Global caindo de 50,9 em maio para 50,5 em junho, indicando expansão marginal. Cabe destacar que 50 separa crescimento de contração.

“Na nossa cabeça, o consumidor está ávido para consumir após a reclusão da pandemia. […] Olhando para a China, o apetite continua sendo atrelado a serviços”, afirma Guedes.

Como ficam VALE3, CSNA3, CMIN3, USIM5 e GGBR4?

Vale, ação
Genial Investimentos reconhece que o pessimismo recente foi “exagerado”, principalmente para Vale (Imagem: Reuters/Washington Alves)

Mesmo avaliando um cenário menos animador para o setor de mineração e siderurgia, a Genial reconhece que o pessimismo recente foi “exagerado”, principalmente para Vale.

A Genial diz que a Vale possui uma tese madura e é conhecida como uma das “vacas leiteiras” da Bolsa – ou seja, uma boa pagadora de dividendos.

“Por mais que fizesse sentido a Vale cair mais que outras [devido à sua exposição ao minério de ferro], o mercado também deu uma exagerada. Vale continua sendo uma empresa muito boa. Continuará pagando dividend yield [rendimento de dividendos] bastante interessante”, defende Guedes.

O analista considera que o pior cenário parece ter ficado para trás. A expectativa é de que a China comece a melhorar por conta de incentivos a taxas de juros, diz.

No caso da CSN (CSNA3), existem dinâmicas atreladas à própria história da companhia (alavancagem, logística de plantas) que impedem uma recomendação melhor além de “neutra” por enquanto.

A perspectiva para o braço de mineração da holding, a CSN Mineração (CMIN3), é melhor. Guedes avalia que a confiança do investidor em relação à tese está voltando em 2023.

Já a Usiminas (USIM5) se encontra em situação de capital de giro pressionado devido às reformas do Alto Forno 3, o que impede uma recomendação de compra para as ações.

A percepção com a Gerdau (GGBR4) é diferente. A Genial enxerga vantagens competitivas para a empresa siderúrgica, citando a diversificação geográfica (exposta à divisão de negócios dentro dos Estados Unidos, que deve começar a colher os frutos do pacote trilionário de infraestrutura sancionado pelo presidente Joe Biden) e de processo produtivo, com mais de 70% da produção movidos a forno elétrico utilizando sucata, o que cria uma dinâmica mais favorável, principalmente no Brasil).

A Genial tem recomendação de compra para Vale e Gerdau. Usiminas, CSN e CSN Mineração estão com classificação “neutra” – a última mais porque a corretora acredita que é cedo para uma mudança de rating. Segundo Guedes, a mineradora precisa entregar dados positivos e restaurar a confiabilidade dos investidores após as últimas revisões de guidance.

Editora-assistente
Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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Formada em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Atua como editora-assistente do Money Times há pouco mais de três anos cobrindo ações, finanças e investimentos. Antes do Money Times, era colaboradora na revista de Arquitetura, Urbanismo, Construção e Design de interiores Casa & Mercado.
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