BusinessTimes

Alguém ainda quer a ação da Lojas Quero-Quero?

27 mar 2021, 10:56 - atualizado em 27 mar 2021, 11:07

Mesmo apresentando um lucro 118% maior no quarto trimestre de 2020, as ações da rede de lojas Quero-Quero (LJQQ3) praticamente andaram de lado. Em março, os papéis chegaram a cair quase 20%, mas se recuperaram do tombo e caminham para fechar o mês em queda de 10%. Desempenho injustificado?

Para a analista da Empiricus, Cristiane Fensterseifer, a varejista guarda preciosidades e tem tudo para continuar crescendo.

“A queda é injustificada. A empresa está em um momento operacional muito bom, com resultados fortes e perspectivas favoráveis”, argumenta.

Segundo ela, a Quero-Quero tem um bom ponto de entrada, com um múltiplo EV/Ebitda, que calcula o valor da companhia, em 10 vezes para este ano, enquanto que a média do setor é em torno de 20 vezes, incluindo varejistas como Petz (PETZ3), Raia Drogasil (RADL3), Lojas Renner (LREN3) e Grupo Mateus (GMAT3).

Herança boa

A especialista lembra que, por anos, a Quero-Quero foi administrada pelo Advent, um dos mais conhecidos fundos de private equity.

A empresa foi importante para estabelecer uma gestão profissional dentro da loja, implementando uma cultura de meritocracia e foco no resultado, um programa de trainee bem estabelecido e uma boa formação de gerentes de loja.

“Agora que a Advent saiu da gerência da Quero-Quero, todos esses pontos ficaram como herança e são um ponto super positivo para a companhia”, destaca.

Pandemia no retrovisor

Os resultados da Quero-Quero indicam que a empresa cresceu de maneira vertiginosa durante 2020.

No acumulado do ano, a varejista lucrou R$ 68 milhões, disparada de 125,3%. A receita líquida somou R$ 2.029 bilhões, enquanto o Ebitda ficou em R$ 163 milhões no período.

De acordo com Cristiane, a pandemia não atrapalhou os números e, em alguns quesitos, a margem foi até beneficiada pela crise.

Ela afirma que por concorrer com pequenos lojistas e atuar em cidades do interior, a empresa teve mais condições de negociar com os fornecedores, diferente dos pequenos comerciários, que se viram prejudicados por atrasos e quebras de fornecimentos.

Lojas Quero-Quero
Por se localizar em cidade do interior, a empresa se beneficia indiretamente do agronegócio brasileiro. (Imagem: Divulgação/Lojas Quero-Quero)

Expansão à vista

Na visão da analista, a empresa tem um plano de expansão robusto e muito bem estabelecido para continuar crescendo no interior dos estados.

“A companhia já conta com 500 lojas nesta região e podemos esperar mais de 30 nos próximos anos, com foco no interior do Mato Grosso do Sul e São Paulo, aumentando ainda mais a presença da empresa”, diz

Outro ponto positivo é o perfil do consumidor da Quero-Quero. Por atuar em cidades do interior, a empresa se beneficia indiretamente do agronegócio brasileiro.

“Nos estados onde ela atua (Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina) ocorreu em 2020 um impacto muito menor em comparação a estados do Norte de políticas de auxílio emergencial e um impacto muito maior de resultados do agronegócio”, argumenta.

Além disso, observa, o setor de casa e construção foi beneficiado pelas taxas de juros em baixa, e mesmo com a Selic subindo, ela ainda está muito menor do que o histórico brasileiro. Somado a isso, há a questão do home-office, que aumentou a necessidade de reformas no lar.

“É um ótimo momento para a empresa”, acrescenta.

Por fim, Cristiane lembra que a Quero-Quero tem novos caminhos para ser explorado, como o plano “figital”, que é a união das lojas físicas com o digital, e o Verde Card, que oferece crédito para os seus clientes.

Editor-assistente
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
Linkedin
Formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, cobre mercados desde 2018. Ficou entre os 50 jornalistas +Admirados da Imprensa de Economia e Finanças das edições de 2022 e 2023. É editor-assistente do Money Times. Antes, atuou na assessoria de imprensa do Ministério Público do Trabalho e como repórter do portal Suno Notícias, da Suno Research.
Linkedin