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As Finanças Descentralizadas (DeFi) vão destruir o JPMorgan?

02 fev 2021, 13:10 - atualizado em 08 mar 2021, 14:46
Protocolos DeFi podem destronar o JPMorgan? No panorama diário sobre o mercado cripto da Messari, Ryan Watkins debate essa ideia (Imagem: Compound/Docs)

Os preços de criptoativos no setor de finanças descentralizadas (DeFi) estão disparando.

Ativos DeFi triplicaram este mês e, agora, temos seis unicórnios — avaliados em mais de US$ 1 bilhão — nesse setor: Uniswap e SushiSwap (corretoras descentralizadas); Aave, Compound e MakerDAO (empréstimos); e Synthetix (ativos sintéticos).

Uniswap, a líder do setor, equivale hoje a US$ 5,5 bilhões e quase US$ 20 bilhões em uma base de completa diluição, tendo processado US$ 30 bilhões em volume negociado em janeiro de 2020.

Louco.

Existe um valor de verdade fluindo por esses mercados e já discutimos que muitas valorações de ativos DeFi são apoiados por aspectos fundamentais (como a capacidade de rendimento da rede) apesar de seus preços muito elevados.

Isso é bem verdade quando consideramos o potencial de crescimento a longo prazo.

Ainda assim, qual será o limite dos ativos DeFi? Será que um dia poderão competir com as maiores instituições financeiras globais ou seus limites são estruturalmente inferiores?

Isso depende de três variáveis:

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1) Alcance global

Protocolos DeFi podem escalar de forma bem mais eficaz em jurisdições do que instituições financeiras tradicionais.

Assim como protocolos de internet que subestimamos hoje em dia (TCP/IP, HTTP), protocolos DeFi são padrões abertos para a transferência de valor em todo o mundo.

Não são limitados a uma jurisdição específica. Estão disponíveis em todo o lugar (e têm fácil acesso), apesar de não terem um “lar” físico (ou seja, de difícil destruição). Essa é uma combinação mortal de uma tecnologia disruptiva.

2) Estrutura de mercado

Seriam DeFi um mercado em que “o vencedor leva tudo”? Essa é a pergunta que vale US$ 1 trilhão e, talvez, seja a mais difícil de responder.

Ainda não se sabe quantos protocolos vencedores terão por vertical ou se “protocolos que englobam tudo” irão surgir e absorver seus adversários. Já existem alguns sinais iniciais de que a última opção será o possível resultado.

3) Captura de valor

Mesmo se imaginarmos que DeFi escalem a nível global e exibam dinâmicas de vencedoras, não será importante para investidores se protocolos não tiverem mecanismos de captura de valor a longo prazo.

O desenvolvimento de código aberto resulta em baixos custos de migração, então é provável que protocolos só extraiam um valor mínimo dos serviços que fornecem, conforme a disputa ficará acirrada.

É um equilíbrio delicado gerenciar incentivos a stakeholders no setor DeFi e ainda não se sabe quanto valor extraível haverá (ou deverá haver) para detentores de tokens hoje em dia ou no futuro.

Nossa opinião?

Nos próximos 15 a 20 anos, protocolos DeFi serão bem maiores do que nossas instituições financeiras. Sua ignorância de fronteiras e economias democratizadas irão ajudá-los a escalar globalmente de forma bem mais rápida do que seus incumbentes.

Veremos, pelo menos, certo valor capturado de cada nova utilidade financeira à medida que mantenedores dos protocolos obtêm recompensas por suas contribuições.

Não vai importar se verticais se tornarem “protocolos vencedores” ou “protocolos que englobam tudo”: investidores poderão simplesmente investir, de início, em vencedores verticais e seguir em frente conforme destroem suas competições.

As “lojas de tudo” das finanças serão bem maiores do que o JPMorgan.

messari@moneytimes.com.br