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Brasília em off: Time de Paulo Guedes usa previsões de Mandetta

26 mar 2021, 16:10 - atualizado em 26 mar 2021, 16:10
Jair Bolsonaro Mandetta e Paulo Guedes
O ex-comandante da Saúde, que virou crítico da administração de Jair Bolsonaro, trocou farpas com o ministro da Economia Paulo Guedes na semana passada  (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

A equipe econômica fica de olho em todas as projeções que o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta faz sobre a pandemia no Brasil. Com mais de 12 milhões infectados pela Covid-19 e 300 mil mortes, está cada dia mais difícil prever como a economia se comportará em 2021, afirma um integrante do governo. Mas é inegável, diz ele, que Mandetta sempre fez boas previsões.

O ex-comandante da Saúde, que virou crítico da administração de Jair Bolsonaro, trocou farpas com o ministro da Economia Paulo Guedes na semana passada por causa da demora na compra de vacinas.

Mandetta prevê dias ainda piores pela frente, pois a epidemia se propaga numa velocidade muito maior do que a imunização. Se o ex-ministro estiver certo, qualquer alívio mais significativo só viria em julho, aposta o integrante do governo. Isso, claro, se a vacinação começar a avançar.

De Lira para Bolsonaro

O discurso enfático do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, na quarta-feira, alertando Bolsonaro sobre a necessidade de enfrentar a pandemia foi uma pressão do líder do centrão para que o presidente não volte ao negacionismo. Lira não queria correr o risco de participar de uma reunião com Bolsonaro para tratar de pandemia de manhã e ser surpreendido por um recuo do presidente logo em seguida.

Segundo uma pessoa próxima ao presidente da Câmara, Lira quis mostrar que não foi ao Palácio do Planalto se encontrar com Bolsonaro, governadores, ministros e o STF apenas para tirar uma foto. O recado nas entrelinhas foi que ou Bolsonaro enfrenta o problema de forma adequada ou será abandonado em 2022.

Dinheiro Auxílio emergencial
A Caixa cobrava em torno de R$ 1,39 por transação no ano passado (Imagem: Agência Câmara/Reprodução)

Banco do povo

A negociação entre o Ministério da Cidadania e a Caixa para o pagamento da nova rodada de auxílio emergencial está azeda. O banco está “metendo a faca” para prestar o serviço que dará renda a milhões de pessoas vulneráveis afetadas pela pandemia, afirma uma pessoa com conhecimento do assunto.

O ministro João Roma já sugeriu até buscar uma opção de fintech que possa fazer o pagamento com menor custo para a União. O problema, no entanto, é mapear os beneficiários.

A Caixa cobrava em torno de R$ 1,39 por transação no ano passado. Em 2021, como o universo de beneficiários será mais restrito, a instituição que o presidente Pedro Guimarães gosta de chamar de “banco dos brasileiros” quer cobrar mais caro para compensar a redução no número de operações.

Arthur Lira
Como já disse o próprio Lira, nem adianta tentar avançar em discussões sobre reforma administrativa ou tributária enquanto for preciso lidar com colapso hospitalar (Imagem: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

Reformas

O agravamento da pandemia já condenou o Brasil a mais um ano de adiamento das reformas estruturais, afirma um integrante da equipe econômica. Como já disse o próprio Lira, nem adianta tentar avançar em discussões sobre reforma administrativa ou tributária enquanto for preciso lidar com colapso hospitalar, falta de leitos e números recordes de mortes e casos de Covid.

Mesmo assim, Guedes voltou a falar em criar um novo programa social com desvinculação de despesas. Segundo ele, seria possível juntar “dois ou três” programas já existentes no Bolsa Família e transformá-lo no Renda Brasil. Esse assunto, no entanto, está ficando cada vez mais parecido com a ideia de criar um regime de capitalização na reforma da Previdência. Não foi a lugar nenhum.

Onyx Lorenzoni
A ideia de colocar o PPI no Planalto e nas mãos do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, patrocinada novamente pela turma de Onyx, também não agradou (Imagem: REUTERS/Adriano Machado)

PPI

Guedes nunca foi lá um grande fã do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), comandado por Martha Seillier. A secretaria foi retirada da Casa Civil e transferida para a Economia no início do ano passado como uma forma de desidratar a gestão do então ministro Onyx Lorenzoni. No entanto, a ideia de colocar o PPI no Planalto e nas mãos do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, patrocinada novamente pela turma de Onyx, também não agradou.

A Economia ponderou que esse tipo de troca poderia prejudicar a visão dos investidores sobre o programa, que agora tem em sua carteira as privatizações da Eletrobras (ELET3; ELET5; ELET6) e os Correios. A mudança seria vista como mais uma ingerência política na agenda liberal. Na avaliação da Economia, o argumento foi aceito e o assunto já está encerrado.

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