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BUSD, a stablecoin da Binance, deixou de ser segura? Confira como isso afeta no preço do mercado

14 fev 2023, 14:48 - atualizado em 15 fev 2023, 10:03
stablecoin Binance BUSD
Paulo Camargo, analista de criptoativos da Empiricus, comenta que as incertezas regulatórias a respeito da BUSD devem afetar o preço do mercado no curto prazo (Imagem: unsplash/Executium)

A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) e o Departamento de Serviços Financeiros de Nova York (NYDFS) ordenaram que a Paxos parase de emitir BUSD – a stablecoin da Binance.

Entre as alegações, a SEC afirma ser um valor mobiliário, por isso deverá estar regulado junto ao órgão antes de emitir no mercado.

A emissão deve ser interrompida a partir do dia 21 de fevereiro, sendo que as BUSD já existentes no mercado serão totalmente respaldadas e resgatáveis ​​por meio da Paxos Trust Company até pelo menos fevereiro de 2024.

Chanpeng Zhao, CEO da Binance, comentou em seu perfil do Twitter que não cogita parar de oferecer BUSD no mercado, e discorda do entendimento dos órgãos regulatórios em relação à classificação do ativo.

“A Paxos nos informou que foi instruída pelo Departamento de Serviços Financeiros de Nova York (NYDFS) a interromper a emissão de novos BUSD. A BUSD é uma stablecoin cuja propriedade e gestão são integralmente conduzidas pela Paxos. Consequentemente, a capitalização de mercado da BUSD irá diminuir com o tempo. A Paxos vai continuar a dar suporte ao produto, gerenciando os resgates e oferecendo novas informações, conforme necessário. A Paxos também garantiu que os fundos estão seguros e totalmente cobertos por reservas em seus bancos”, disse CZ no Twitter.

Dada a incerteza regulatória em determinados mercados, a Binance disse que irá “rever outros projetos nessas jurisdições para garantir que nossos usuários estejam protegidos de outros prejuízos injustificados”.

A Paxos também respondeu discordando do órgão regulatório e afirmou que a paridade ao dólar de BUSD é garantido com um lastro 1:1.

Confira o comunicado na íntegra:

“A Paxos discorda categoricamente da equipe da SEC porque o BUSD não é um valor mobiliário sob as leis federais de valores mobiliários. Este aviso da SEC Wells refere-se apenas ao BUSD. Para ser claro, inequivocamente não há outras acusações contra Paxos. A Paxos sempre priorizou a segurança do patrimônio de seus clientes. O BUSD emitido pela Paxos é sempre lastreado 1:1 com reservas denominadas em dólares americanos, totalmente segregadas e mantidas em contas remotas de falência. Entraremos em contato com a equipe da SEC nesta questão e estamos preparados para litigar vigorosamente, se necessário.”

Como a stablecoin da Binance afeta o mercado cripto?

Em entrevista ao Crypto Times, Paulo Camargo, analista de criptoativos da Empiricus, comenta que as incertezas regulatórias a respeito da BUSD devem afetar o preço do mercado no curto prazo.

“Sempre que acontece um evento desse, o mercado acaba sendo contaminado com um certo nível de medo. Mas neste momento o cenário ainda está controlado”, diz. Para ele, o alarde é menor do que realmente parece.

Camargo também comenta que a informação ainda é muito nova. “Não sabemos quais são os rumos que a Binance irá tomar para continuar oferecendo sua stablecoin no mercado”, diz.

“No meio de tudo isso é normal que exista uma turbulência nos preços. Sempre que surge uma notícia do gênero acaba mexendo bastante no mercado. Mas neste momento não acredito ser tão preocupante assim”, diz.

Mesmo assim, a Binance vem passando por uma onda de saques na plataforma, onde somam mais de US$ 1 bilhão.

A Stablecoin da Binance deixou de ser segura? 

Para o analista da Empiricus, não. Mas ele comenta que existem maneiras de se prevenir, caso o investidor tenha receio de se expor as stablecoins neste momento.

Uma delas é utilizar carteiras de custódia fria, onde o ativo não fica resguardado em uma corretora, mas sim com o investidor.

Entretanto, a stablecoin da Binance não deixou de ser uma opção ao investidor, ainda que com a pressão regulatória.

“Existem diversas maneiras de diversificar o caixa em stablecoins, mas vão existir tokens BUSD pelo menos até fevereiro de 2024”, lembra o analista.

Uma das stablecoins comentadas por Camargo é a Circle – emissora da USD Coin (USDC), que conforme ele adianta, é regulada pelo mesmo órgão que a Paxos.

“Não acredito que vão existir problemas com a Circle, até porque foi ela quem levantou a bandeira sobre os problemas de lastro da BUSD [competidora]”, diz.

Outra maneira ainda é manter o caixa em moeda fiduciária, ou seja, em reais mesmo. Mas Camargo alerta que, o investidor que optar por essa opção também estará exposto ao risco cambial, ou seja, à flutuação do câmbio do dólar.

Por fim, stablecoins com pouco volume no mercado podem desviar a atenção dos reguladores por não “apresentar grande ameaça”.

Uma dessas, apontada pelo analista, é TrueUSD (TUSD), que tem um valor de mercado de 943.759.720, segundo dados do CoinMarketCap.

Riscos de confiança; escolha o que te permite dormir tranquilo à noite

Ao ser perguntado sobre a Tether (USDT), o analista diz ser uma “simples” questão de escolher o risco de confiança que mais deixa o investidor tranquilo.

“A Tether em si não é regulamentada nos Estados Unidos, portanto não está dentro da alçada jurídica dos órgãos regulatórios. Neste momento específico o que temos visto é a galera correndo para o Tether”, argumenta.

Por outro lado, ele lembra que a emissora é conhecida por não ter suas contas tão transparentes. “No final do dia, depende muito do risco que você quer correr”, afirma.

Repórter do Crypto Times
Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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Jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Repórter do Crypto Times, e autor do livro "2020: O Ano que Não Aconteceu". Escreve sobre criptoativos, tokenização, Web3 e blockchain, além de matérias na editoria de tecnologia, como inteligência artificial, Real Digital e temas semelhantes. Já cobriu eventos como Consensus, LabitConf, Criptorama e Satsconference.
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